O Porto vai ser candidato a Sítio de Referência Europeu na Área do Envelhecimento Ativo e Saudável, classificação atribuída pela Comissão Europeia (CE). A candidatura vai ser submetida no dia 15 de abril pelo consórcio Porto4Ageing e foi apresentada esta segunda-feira, na Câmara Municipal do Porto (CMP).

O Porto4Ageing ambiciona formar um Centro de Excelência em Envelhecimento Ativo e Saudável e pretende dar resposta a um dos grandes desafios da sociedade atual – o envelhecimento da população.

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, defendeu que o Porto4Ageing é um “espaço de discussão na região metropolitana”, que responde ao “desafio de viver com qualidade e com envolvimento”. Numa série de iniciativas de discussão multilateral sobre o envelhecimento, a população em geral e principalmente os idosos vão poder ter uma “participação contínua e ativa” para decidirem “soluções para os próprios problemas”.

“[O envelhecimento] é um processo que começa desde o dia em que nascemos”, frisou Rui Moreira, daí que não se justifiquem quaisquer “estereótipos negativos associados aos mais velhos”.

Sebastião Feyo de Azevedo, reitor da Universidade do Porto (UP) destacou a “abrangência da cooperação interna” do consórcio Porto4Ageing, o que vai ser um ponto a favor da candidatura à iniciativa europeia “European Innovation Partnership on Active and Healthy Ageing”.

“Cabe-nos agora aproveitar os recursos disponibilizados no programa europeu Horizonte 2020, tornando o Porto4Ageing um centro arrecador de competências e produção de conhecimento com valor socioeconómico. Estou certo de que o vamos fazer”, declarou o reitor na sessão de abertura da apresentação da candidatura.

Já Emídio Gomes, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), admitiu que “a ambição [da candidatura a Sítio de Referência Europeu na Área do Envelhecimento Ativo e Saudável] é muito grande” e vai ser levada a cabo “com ética, com honra, mas com convicção”.

Segundo Raquel Castello-Branco, diretora do Departamento Municipal de Desenvolvimento Social da CMP, os eixos de intervenção do Porto4Ageing baseiam-se na promoção de uma vida ativa e independente, na prevenção das fragilidades em idades avançadas e no tratamento e cura de problemas médicos ou doenças.

Algumas medidas de ação definidas pelo consórcio vão no sentido de oferecer consultas dentárias a pessoas mais velhas e distribuir medicamentos no domicílio. Do mesmo modo, o consórcio quer fazer a promoção do exercício físico e do desporto entre as pessoas idosas nos espaços portuenses, com acompanhamento técnico. A criação de uma aplicação, um Sistema de Itinerários Acessíveis (SIA) é outra das iniciativas que vão ser praticadas e disponibilizadas por consorciados.

Manuel Pizarro, responsável pelo pelouro da Habitação e Ação Social da Câmara do Porto, indicou que o consórcio vai incluir “políticas dirigidas a todas as pessoas”, mas com “especial aproximação” às pessoas com mais de 65 anos. Num panorama de “[grande] velocidade de mudança” a nível social e populacional, o consórcio vai procurar combater a “dificuldade da resposta”, na criação de melhores condições para o envelhecimento ativo e independente.

A Câmara Municipal, a UP e a CCDR-N juntaram-se a mais de 70 parceiros, com o objetivo de criar oportunidades ao nível da qualidade de vida em idades avançadas. A parceria vai permitir à população um contacto mais próximo com entidades académicas e de investigação, com a indústria, prestadores de cuidados e decisores políticos.

Maria João Ramos, Vice-Reitora da UP para a Investigação e Desenvolvimento, falou a propósito do futuro do Porto4Ageing. Se a candidatura à classificação europeia for recusada, “um cenário possível”, o consórcio vai corrigir a candidatura e tentar de novo a submissão. Por outro lado, Maria João Ramos levou a público o plano da criação do Centro Europeu para a Longevidade no Porto, uma ideia que pretende trazer mais importância aos inúmeros recursos existentes no Porto ao nível de cuidados de saúde para a população envelhecida, mas que precisa de muito investimento.

Entre muitos fatores, a qualidade de vida em idades avançadas depende da atividade física e inteletual, da satisfação de necessidades de afeto e combate à solidão e dos diagnósticos, cura e tratamento de doenças ou complicações médicas.

76 consorciados no Porto4Ageing

Aderiram ao consórcio 16 decisores a nível da prestação dos cuidados, entre as quais quatro instituições hospitalares prestadoras de cuidados: Centro Hospitalar do Porto, o Hospital São João, Instituto Português de Oncologia e a Ordem da Trindade. Outros decisores políticos ou da prestação de cuidados são a Câmara Municipal do Porto, a Área Metropolitana do Porto, a Santa Casa da Misericórdia, CCDR-N, e ARS Norte.

Entre 17 centros de investigação e de competências, enumeram-se quatro instituições de Ensino Superior, sendo que o consórcio teve um “empurrão muito grande” da reitoria da Universidade do Porto. Oito faculdades da UP preenchem o quadrante académico e de investigação. Outras três instituições de Ensino Superior no Porto e duas instituições de ensino não superior também fazem parte do Porto4Ageing.

A DECO, CA50+, a associação Mundo a Sorrir, entre outras entidades contam-se entre os 13 representantes da sociedade civil que aderiram.

A nível de indústria, vão cooperar 12 empresas, incluindo “startups” e empresas bem estabelecidas no mercado. A Mais Família, Cidade dos Cuidados, The travel health experience, a empresa farmacêutica Sanofi Pasteur e outras estão consorciadas. O agrupamento conta também com o apoio da Health Cluster Portugal, que, por sua vez, agrega 160 entidades da saúde.

 

Artigo editado por Filipa Silva