Sofia Branco era estudante de Jornalismo quando assistiu ao congresso de jornalistas de 1998, o último que se realizou no país. Passados 18 anos, a jornalista da Agência Lusa é presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e anunciou a realização do quarto congresso em Portugal, para janeiro de 2017, no cinema de São Jorge, em Lisboa.

“Lembro-me que como estudante, foi um momento crucial na minha formação”, apesar de não poder participar ativamente e pronunciar-se nos trabalhos, revela Sofia ao JPN, no Dia Mundial da Imprensa. “Como estudante, o que me interessava mais era ouvir e perceber as questões, e também conhecer de perto pessoas que só conhecia de nome”, conta.

Sofia Branco afirma que a realização de um congresso é “fundamental”, numa altura em que “a precariedade e o medo são cada vez mais frequentes no jornalismo”.

O facto de não haver um congresso de jornalistas em Portugal há 19 anos é “bastante gritante”, na opinião da jornalista. “Estes momentos deviam ser mais regulares do que têm sido”, reflete.

Um fosso de quase 20 anos separa o próximo congresso de jornalistas do último, realizado em 1998. Até agora, Portugal só teve três congressos e o primeiro aconteceu em 1983. “A classe reclama, mais do que nunca, um fórum de balanço, auto-crítica e discussão do futuro”, escreveu o Sindicato dos Jornalistas, ainda em dezembro de 2015.

A organização de um novo congresso foi uma promessa feita na tomada de posse da nova direção do Sindicato dos Jornalistas, a 14 de janeiro do último ano.

A comissão organizadora do congresso é presidida pela jornalista da Antena 1, Maria Flor Pedroso, não sendo ainda possível fazer um ponto de situação dos trabalhos para a organização. O tema ainda não foi definido.

Um congresso é “um momento para refletir e debater questões pertinentes no jornalismo”, na visão da presidente do sindicato. “Os jornalistas têm a oportunidade de se manifestar face ao exercício da profissão”. Além disso, Sofia Branco admite que todos os que marcam presença têm a vantagem de conhecer as condições em que a profissão está a ser praticada, “que são muito difíceis”, segundo a própria.

Na próxima reunião nacional, os estudantes de jornalismo vão ter estatuto de observadores, sem uma voz ativa ou direito de voto, sendo, mesmo assim, “fundamental assistirem ao que for debatido”.

“Vamos tentar fazer um preço, obviamente, muito aceitável”, promete a jornalista, revelando que os valores de entrada vão variar de acordo com as condições das pessoas interessadas. Sofia antecipa que se vão tentar preços acessíveis nomeadamente para desempregados, mas só vão ser definidos mais tarde, quando estiver fechado o capítulo dos patrocínios e parcerias conseguidos.

“O congresso é independente do sindicato. O sindicato apenas lançou o primeiro passo para que o congresso se realize, porque alguém tinha que o fazer, mas vai ter o apoio do Clube dos Jornalistas e da Casa da Imprensa”, reitera Sofia Branco.

Até ao congresso, em janeiro de 2017, o Sindicato dos Jornalistas propõe-se a realizar um inquérito nacional sobre as condições laborais dos jornalistas. Para isso, o sindicato associa-se ao ISCTE-IUL, que realizará o trabalho em parceria com a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) para chegar ao maior número de jornalistas em Portugal, já que os jornalistas sindicalizados representam apenas um quarto do total.

 

Artigo editado por Filipa Silva