Aumentar o número de dadores de gâmetas masculinos – espermatozóides – e femininos – ovócitos, é o propósito da campanha que a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF) lança esta semana em várias instituições de Ensino Superior.

De acordo com Marta Casal, da direção da APF, vão ser distribuídos “flyers”, cartazes, panfletos e pósteres por 104 faculdades e institutos politécnicos de todo o país. O objetivo é atingir o público jovem, que se encontra, por isso, no “auge da sua idade fértil”, afirma a responsável.

Entre as instituições e associações de estudantes por onde esta campanha vai passar, está a Universidade do Porto (UP). Os estudantes interessados em tornar-se dadores de espermatozóides ou ovócitos têm que se dirigir a uma das 12 clínicas privadas espalhadas pelo país, ou, então, ao Banco Público de Gâmetas, que se situa na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, hoje parte do Centro Hospitalar da cidade.

Desde análises de forma a verificar se a pessoa é saudável, até à estimulação dos ovários e consequente recolha dos gâmetas, o processo pode demorar entre 15 a 30 dias, dependendo do organismo do dador.

Faltam dadores que queiram ajudar casais inférteis

Alguns dos casos de infertilidade, de 10 a 15%, não são resolvidos com a utilização das células sexuais do casal. Nestes casos, os casais podem recorrer à inseminação artificial e à fertilização “in vitro” com a utilização de espermatozóides ou óvulos de dadores.

“Existem perto de 750 dadores registados”, segundo dados de 2013, o que não cobre a procura dos tratamentos com doação de ovócitos, conta Marta Casal.

A razão para o reduzido número de dadores de gâmetas prende-se com dois motivos: o preconceito e a procura de uma recompensa. “Ainda existe o preconceito de que, ao fazer uma doação de ovócitos, se está a doar um filho”, o que não acontece porque se está a “doar uma célula, que, depois, juntamente, com outra irá eventualmente originar um embrião”, explica ao JPN.

Por outro lado, existem também pessoas que se tornam dadoras devido ao valor monetário que recebem para o efeito. O processo envolve faltas ao trabalho, estimulação ovárica e outros riscos (no caso da mulher), por isso, as pessoas são “ressarcidas dos incómodos que têm”, “não numa perspetiva de lhes pagar o facto de fazer a recolha, mas com o intuito de compensar pelas despesas”, algo previsto por lei.

Marta Casal espera que esta campanha “ajude a desmistificar onde é que as pessoas podem recorrer, onde é que podem falar sobre isso, onde podem tirar as suas dúvidas, porque, acima de tudo, as pessoas têm de estar informadas”.

Após esta iniciativa, a Associação Portuguesa de Fertilidade pondera “realizar alguns simpósios para o dia do dador, dando mais destaque às pessoas que, dessa forma, contribuem para ajudar casais que estão a passar por um processo de infertilidade”, informa Marta. Desta vez, já com a presença de médicos para ajudar na “questão clínica”, até porque “é um processo, no caso da mulher, mais evasivo que no homem”, remata.

Artigo editado por Filipa Silva