As polémicas em torno da nova localização do festival Marés Vivas continuam. Depois de na passada sexta-feira ter apresentado uma ação judicial para cancelar as obras do festival, que decorrem junto à Reserva Natural do Estuário do Douro, a Quercus apresentou esta quinta-feira uma queixa por difamação contra o presidente da Câmara de Gaia (CMG), Eduardo Vítor Rodrigues.

Em causa estão declarações feitas pelo autarca que a organização ambiental considera “falsas, graves e profundamente atentatórias da reputação da Quercus”.

Eduardo Vítor Rodrigues acusou a Quercus de nunca se ter oposto à antiga localização do festival, apesar de também ser uma área próxima à Reserva Natural do Estuário do Douro, e de só o fazer agora devido ao fim de um protocolo, com cláusulas confidenciais, que envolvia um financiamento de 15 mil euros dado pela autarquia à associação.

Em comunicado, a Quercus assegura ser “absolutamente falso que alguma vez tenha existido qualquer ‘financiamento secreto’ ou ‘unguento de 15.000 euros’ de que a Quercus tenha sido beneficiária”.

Os ambientalistas admitem que, em 2010, a Quercus e a Câmara de Gaia celebraram o “Procolo Ecosaldo”, destinado a vigorar durante dois anos e cujo objetivo era “estabelecer os termos de cooperação no âmbito da apresentação de uma candidatura ao QREN, visando a implementação do projeto Ecosaldo, a elaborar por técnicos da Quercus, em benefício da Câmara de Gaia, dos seus munícipes e de todos”.

Em “contrapartida a Câmara assegurava apoio logístico pela cedência de instalações” e “entregava também à Quercus um valor único de 15.000 euros”, pode ler-se no comunicado divulgado pela organização, que garante também que o valor foi pago em duas prestações de 7.500 euros, uma em 2011 e outra em 2013, não havendo “mais nenhum, nem qualquer pagamento”.

A organização ambiental salienta que a Câmara de Gaia “não cortou nenhum financiamento à Quercus, quer porque não existiam ‘financiamentos’, quer porque o valor necessário para o protocolo comum já estava pago”.

Em resposta à queixa apresentada pela Quercus, o autarca de Gaia mostra-se satisfeito por a Quercus reconhecer “a existência de um protocolo de 15 mil euros com o Município de Vila Nova de Gaia, datado de Outubro de 2010”.

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a Câmara de Gaia salienta também o facto da Quercus “insistir neste assunto «Marés Vivas», mesmo depois do parecer favorável do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e da Agência Portuguesa do Ambiente, manifestando uma genica que nunca teve quando o festival se realizava a 900 metros da reserva”.

Para a Quercus a diferença do impacto é “óbvia”. “Os ‘apenas’ 900 metros de distância entre o local anterior e o atual fazem a mesma diferença que faria a qualquer um de nós ter um festival durante 3 dias a 900 metros na nossa casa, ou encostado à porta. Enquanto anteriormente a zona de nidificação começava a 930 metros do festival, agora começa a 30 metros”, pode ler-se no comunicado divulgado pelos ambientalistas.

A organização ambiental assegura que não está contra Gaia e contra o festival, “apenas contra a sua localização no limite da Reserva Natural”, e salienta que “alguns envolvidos tentam negar o óbvio, e tentam criar na Quercus um inimigo político que quer ‘tirar’ o festival a Gaia para o levar para outro concelho”.

Artigo editado por Sara Gerivaz