Com a multidão de olhos postos nos drones que sobrevoam a plateia, Matt Bellamy, Chris Wolstenholme e Dom Howard subiram ao palco do Meo Arena, na terça-feira, ao som de “Psycho”, o primeiro single de “Drones”, lançado há pouco menos de um ano.

No palco 360º com uma plataforma giratória, o vocalista começou a percorrer o longo braço que se estendia no meio da plateia e atirou a guitarra ao ar duas vezes. Nada de novo para Bellamy, incluído no livro do Guiness pelo maior número de guitarras desfeitas numa digressão.

Seguiu-se “Reapers”, com Bellamy a mostrar porque é considerado um dos melhores guitarristas do século XXI. Os fãs acompanharam o trio nos temas de “Absolution” ou “Black Holes and Revelations”, que catapultaram os britânicos para o sucesso mundial.

Em “The Handler”, telas transparentes desceram até ao palco e os membros da banda tornaram-se fantoches controlados por mãos gigantescas, numa combinação de música e vídeo tratada ao pormenor. Mais à frente, foi a vez de o público entoar em uníssono “They will not control us” em “Uprising”, a música da resistência.

Sucederam-se êxitos como “Starlight”, “Bliss” e “Supermassive Black Hole” que levaram a multidão à loucura. “Madness”, pois claro, também se ouviu. Apesar da escassa interação verbal com a plateia – que Matt justifica com o facto da sua pronúncia ser muito forte e pouco percetível para alguns -, o vocalista soltou “obrigados” e “Lisboas”.

“Stockholm Syndrome” e “Citizen Erased” foram as surpresas da noite e o público agradeceu. Chris e Dom tiveram os seus baixos-bateria solos a um ritmo alucinante com “Munich Jam”. Matt desdobrou-se entre a guitarra e o piano em “Apocalypse Please” e usou e abusou dos seus agudos eletrizantes.

Os temas foram intercalados por introduções como “Voodoo Child” de Hendrix, por exemplo, leis de termodinâmica e “interludes”, como um discurso de John F. Kennedy de 1961 à American Newspaper Publishers Association, que denuncia mecanismos de manipulação do público por parte dos governos.

Depois de “Time was running out” e “The Globalist”, estavámos no “encore” com “Mercy”, “confettis” e homens de papel esvoaçantes. O concerto terminou com “Knights of Cydonia”. Um final em grande que pôs a arena a saltar ao ritmo do hino à inconformação.

Num concerto consolidado à volta de drones, só não foram revisitados temas de “Showbiz”, o primeiro álbum da banda. Não se notou o dedo do pé partido do vocalista, mas sim uma mensagem de ativismo político cada vez mais presente nos temas dos Muse.

Artigo editado por Sara Gerivaz