O esqueleto de uma baleia ocupa o centro de uma das salas do Jardim Botânico do Porto como se engolisse quem por lá passa. Trata-se da zona principal da Galeria da Biodiversidade que recebeu, nesta quinta-feira, o espetáculo “Lúcia Afogada”, interpretado por Dalila Carmo e Duarte Grilo, na antecipação da inauguração do espaço.

Sophia de Mello Breyner Andresen sonhou ver o esqueleto da baleia que estava nas caves da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto fora das caixas que o aprisionavam. O sonho foi cumprido e hoje é celebrado num casamento entre o mundo científico e o mundo artístico. Como explica o diretor do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), Nuno Ferrand, o objetivo é “cruzar todo o tipo de saberes e sobretudo cruzar arte e ciência”.

Comunicar ciência para todos os públicos

Longe vai o tempo em que a ciência era exclusiva dos especialistas da área. Nuno Ferrand acredita que há cada vez mais a preocupação de aproximar as pessoas da inovação científica e de recorrer à comunicação para alcançar o objetivo. Daí vem a preocupação de utilizar as ferramentas certas para comunicar para vários públicos: “[A Galeria da Biodiversidade] vai ter uma ligação com a agência Ciência Viva, que é a agência nacional de cultura científica e tecnológica e, pela primeira vez, vamos fazer uma associação deste género”, adianta o diretor do museu.

Na génese da Galeria da Biodiversidade está a recuperação do Museu Nacional da História Natural e da Ciência da UP. Uma instituição “fundamental de divulgação de ciência e de manutenção e conservação das nossas coleções, da nossa história e do património”, nas palavras do diretor. Para além de proteger o passado, o objetivo é olhar para o futuro alicerçado na investigação que é “a alma da Universidade do Porto”, remata Nuno Ferrand.

A Galeria da Biodiversidade será o primeiro Centro de Ciência Viva dedicado às Ciências Biológicas, à evolução e à biodiversidade. O espaço vai ter exposições permanentes e, obedecendo à filosofia dos centros de Ciência Viva, terá espaços interativos para todas as idades. Vai também acolher diversas atividades para todos os públicos sobre o tema da biodiversidade sempre em cruzamento com outras áreas de conhecimento, especialmente no âmbito das artes e da literatura.

Levantar a ponta do véu até à chegada do verão

A data de inauguração da Galeria da Biodiversidade ainda não é certa, mas está prevista para o verão, segundo fonte da comunicação da Reitoria da Universidade do Porto.

Até lá, os interessados têm dois dias para visitar o espaço e assistir a espetáculos de “video mapping” e performance. Nos dias 6 e 7 de maio, a galeria abre ao público e os atores Dalila Carmo e Duarte Grilo interpretam “Lúcia Afogada”, uma peça de teatro que tem como inspiração a “História da Gata Borralheira” do livro “Histórias da Terra e do Mar” e poesia retirada do livro “Dia do Mar” de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Os dois espetáculos estão agendados para as 18h30 e são abertos ao público. A entrada é gratuita mas está sujeita a inscrição prévia através do e-mail [email protected].

 

Artigo editado por Filipa Silva