“Julieta” de Pedro Almodóvar e “La Fille Unconnue” de Luc e Jean-Pierre Dardenne são os fortes candidatos a ganhar a Palma de Ouro este ano. O Festival de Cannes começa esta quarta-feira e vai premiar longas e curtas-metragens, atores e realizadores. Ao todo são quase 50 filmes que concorrem aos vários prémios.

“Julieta”, do cineasta espanhol, conta a história do afastamento entre uma mãe e uma filha, devido à morte do marido/pai. Pode valer a Pedro Almodóvar a primeira Palma de Ouro da carreira. “La Fille Unconnue” relata a história de uma médica que procura descobrir a identidade de uma mulher que morreu perto da sua casa. Pode dar aos irmãos Dardenne a terceira Palma de Ouro, fazendo assim história em Cannes.

Mas há outros nomes fortes em competição: o romeno Cristian Moungiu com “Bacalauret” e o inglês Ken Loach com “I, Daniel Blake”, ambos já galardoados, podem voltar a arrecadar o prémio. Assinala-se também o regresso do Brasil à competição (com “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho), após oito anos de ausência. Cannes 2016 apresenta-se assim com um cartaz pouco inovador em nomes, mas com qualidade e diversidade asseguradas.

O festival conta também com a presença de filmes em exibição, mas fora da competição, sendo que o destaque vai para Woody Allen (“Café Society”). Com um elenco de estrelas (Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Blake Lively ou Steve Carrel), o filme revista os bastidores da indústria de Hollywood nos anos 30. Destaque ainda para a exibição de “Hands of Stone”, de Jonathan Jakubowicz, que surge como uma forma de homenagem a Robert De Niro e para The Money Monster, de Jodie Foster e que conta com George Clooney e Julia Roberts.

Longe da competição e dos grandes holofotes, há ainda a distinguir as curtas, que desde 2011 fazem parte da seleção oficial do festival, ganhando relevância a cada ano. Para além da seleção oficial, a parceria com o “Short Film Corner” traz a Cannes jovens talentos, interessados em realização e novos realizadores, que têm aqui uma “oportunidade de ouro” para estabelecer contactos e trocar experiências a um nível mundial.

Há ainda uma valorização e reconhecimento da importância do restauro de filmes antigos. Recuperados por várias empresas e originais de várias partes do mundo, o festival apresenta nesta edição mais de 20 filmes restaurados, sendo que vários vão estar em exibição nos cinemas.

Portugal em Cannes

Os filmes nacionais estão ausentes da competição. A única presença portuguesa em Cannes é, aliás, “A Morte de Luís XIV”, do cineasta catalão Albert Serra e que conta na produção com a empresa Rosa Filmes. O filme é baseado nos escritos de Saint Simon e conta a história dos últimas dias de vida do rei.

Embora sem presença assídua no festival, foram vários os filmes que, especialmente na última década, fizeram parte dos cartazes do Festival de Cannes, tanto na parte de competição como em exibição.