O Estádio Municipal de Portimão esteve cheio, este domingo, para um jogo que se mostrou decisivo para o Grupo Desportivo de Chaves (GDC). O empate a uma bola, na 45ª e penúltima jornada do campeonato, garantiu ao Chaves a subida à I Liga, 17 anos depois.

A equipa que esteve presente na primeira divisão pela última vez na época 1998/1999, fez, este ano, um percurso sem derrotas em casa, o que ajudou a garantir um lugar seguro no topo da tabela. No total, após o empate deste domingo, acumulou 80 pontos, menos seis que a equipa B do Futebol Clube do Porto (FCP B) que não pode subir de divisão.

As 21 vitórias e 16 empates do coletivo treinado por Vítor Oliveira conjugaram-se com a ajuda financeira de um empresário local – Francisco Carvalho – fornecida no sentido de promover melhores resultados.

Mas a grande incógnita nos dias de hoje é se o treinador ficará para acompanhar o clube. “Para já, ainda não sabemos se o treinador vai ficar para a próxima época”, informa ao JPN José Luís Gonçalves, diretor desportivo do Grupo Desportivos de Chaves, garantindo que foi feita uma proposta a Vítor Oliveira. Além disso, José Luís garante que a promoção da equipa é justa. “A subida é o concretizar do sonho de todos os sócios e é lá que merecemos estar”, conclui.

Quanto às expetativas para a permanência na primeira divisão, o diretor desportivo é claro: “Vamos lutar para ficar lá durante muitos anos”.

O Desportivo de Chaves foi fundado em setembro de 1949 e surgiu da fusão dos dois clubes rivais da cidade: o Atlético Clube Flaviense e o Flávia Sport Clube. Aquando da sua criação, o objetivo delineado era alcançar um lugar na segunda divisão de futebol. Este objetivo foi alcançado na época de 1952/53 através de uma vitória no Campeonato Regional.

O clube foi marcado durante anos por crises financeiras que afetaram a direção e os jogadores, o que levou à despromoção à terceira divisão. No entanto, a história toma outros contornos nos anos de 1984/85 ao alcançar, pela primeira vez, um lugar na Primeira Liga.

O Desportivo de Chaves é o primeiro clube de Trás-os-Montes na primeira divisão no século XXI.

O Feirense (CDF) e o Portimonense (PSC) também podem subir. O clube promovido à Primeira Liga vai ser conhecido no próximo sábado, após os jogos Varzim-Portimonense e Chaves-Feirense.

A queda dos “estudantes”

Na situação contrária está a Académica de Coimbra. A equipa dos “estudantes” competia há 14 épocas na Primeira Liga, mas os resultados negativos levaram-na a descer para o segundo escalão. A despromoção ficou assegurada com o empate a zero com o Sporting Clube de Braga (SCB), na 33ª jornada do campeonato, este sábado.

Na Primeira Liga desde a época de 2002/2003, a equipa treinada por Filipe Gouveia apenas conseguiu reunir 25 pontos em 33 jogos. Perante os maus resultados e a despromoção para a segunda divisão, alguns adeptos pediram a demissão da direção do clube, presidido por José Eduardo Simões.

A Associação Académica de Coimbra (AAC), casa-mãe do clube, teve o seu primeiro jogo em janeiro de 1912. Atualmente, a Académica de Coimbra é o único clube a representar a cidade entre os “grandes” do futebol português.

Desde a década de 80 que o clube tem autonomia financeira e administrativa face à AAC. No entanto, não deixa de fazer parte da associação académica. Ao JPN, José Dias, presidente da AAC, prefere não comentar a descida do clube, remetendo o assunto para uma Assembleia Geral, a acontecer no próximo dia 19, onde serão discutidos os motivos que levaram à despromoção e as medidas a tomar para que o clube retorne à Primeira Liga.

O apoio dos estudantes tem diminuído ao longo dos anos e, por isso, o clube tem dinamizado algumas propostas para atrair mais adeptos, tal como a “venda de bilhetes por preços muito mais baixos do que o habitual à comunidade estudantil”.

Com possibilidades de despromoção estão mais três clubes: o Tondela (CDT), com 27 pontos, o União da Madeira (CFUM) e o Vitória de Setúbal (VFC), ambos com 29. Estão os três dependentes dos resultados da última jornada.

O “rei das subidas”

O Chaves subiu à Primeira Liga pela mão do treinador Vítor Oliveira, conhecido como o “rei das subidas”. Ao todo, conta com já com nove subidas da segunda divisão para a primeira.

A história das promoções começou na época de 1990/91, quando levou o Paços de Ferreira pela primeira vez à Primeira Liga. No invejável palmarés aparece ainda a promoção de três clubes diferentes em três épocas consecutivas: a Académica de Coimbra, em 1996/97, a União de Leiria, em 1997/98, e o Belenenses, em 1998/99.

A quinta subida veio pelo Leixões (clube que, mais do que uma vez, afirmou ser o do seu coração) na época de 2006/07. Nas três épocas passadas repetiu o “hat-trick”: subiu o Arouca em 2012/13, o Moreirense em 2013/2014 e o União da Madeira nos anos de 2014/2015.

A particularidade do treinador é que, até à data, nunca acompanhou qualquer um dos clubes que ajudou a subir. Vítor Oliveira tem uma carreira de 30 anos como treinador, iniciada no Portimonense na época de 1985/86.

 

Artigo editado por Sara Gerivaz