“Mais importante que o destino é a viagem”. As palavras do pensador Eduardo Lourenço dão o mote ao festival Literatura em Viagem (LeV) deste ano. Duas dezenas de autores portugueses e estrangeiros vão participar na 10ª edição do encontro literário, que inclui oito mesas temáticas, oficinas em escolas, exposições, feira do livro e conferências, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (BMFE).

“Há 10 anos atrás, este festival surgiu com a intenção da autarquia de criar um evento que promovesse a leitura e que não chamasse só as pessoas do concelho. Atualmente insere-se na política de promoção da leitura da Câmara de Matosinhos”, conta ao JPN a assessoria de imprensa da autarquia local.

No ano em que Matosinhos acolhe a Capital da Cultura do Eixo Atlântico, a mais internacional edição do LeV vai debater as narrativas e caminhos da Europa, tendo como convidado o italiano Claudio Magris, para uma conversa que vai refletir a edificação das diferentes nacionalidades do continente sobre sucessivas vagas migratórias.

Para além disso, o autor de “Danúbio”, cabeça de cartaz, vai também elevar o pensamento dos presentes ao tempo atual e o papel que nele a literatura pode desempenhar.

Tendo como fulcro a viagem física ou literária, o LeV deste ano vai refletir, em suma, sobre o presente e o futuro da Europa, as histórias, odisseias, sagas e dramas já narrados ou que estão ainda por escrever. A escrita e a imaginação vão percorrer mundos, mesmo sem sair do lugar. Para isso, o festival conta com temas tão intensos quanto a capacidade dos livros para salvarem o mundo, as cidades da literatura, as novas vozes da literatura europeia ou os segredos do Irão.

No Literatura em Viagem vão constar ainda sessões em escolas do concelho, a cargo de Anabela Dias e Cristina Valadas, e uma oficina dedicada à edição. Durante o festival vai estar ainda patente a exposição fotográfica “Um dia na Terra”, com imagens recolhidas por Gonçalo Cadilhe em vários continentes, culturas, paisagens e lugares.

Unir culturas para discutir problemas da Europa

A autarquia espera este ano uma grande adesão do público ao festival. “Mais do que uma tentativa de fazer com que as pessoas se habituem a ler, nesta última edição pretendemos fazer uma reflexão sobre os problemas europeus à nossa volta. Por isso, e por estarmos a receber a Capital da Cultura, era indiscutível chamar um maior leque de autores internacionais para atrair ainda mais pessoas. A lotação da sala costuma esgotar, por regras gerais, e este ano não esperamos menos do que isso”, adiantou ainda a assessoria da Câmara Municipal de Matosinhos (CMM).

Entre os convidados para esta décima edição contam-se ainda autores como Ella Berthoud e David Toscana, Lídia Jorge, Patrícia Reis, Andrés Barba, Paulo Moura, Clara Ferreira Alves, Filipe Morato Gomes, Ilze Butkute, Pedro Vieira, Alberto S. Santos, João Ricardo Pedro, Francisco José Viegas, Josefine Klougart e Luísa Costa Gomes.

Junta-se ao festival este ano o projeto Literary Europe Live, que reúne 16 organizações e festivais literários de 13 países em defesa da riqueza e a diversidade do panorama literário europeu. Trata-se de uma iniciativa da associação Literature Across Fontiers, com o apoio do Programa Europa Criativa da União Europeia, que visa criar programas de mobilidade de escritores no espaço europeu e programas de tradução destinados a divulgar autores dentro e fora do seu país de origem.

O lançamento da abertura do festival Literatura em Viagem está ao cargo de José Pacheco Pereira, na próxima sexta-feira, dia 13 de maio, pelas 21h30, no salão nobre dos Paços do Concelho de Matosinhos.

Não é novidade que o Literatura em Viagem é já uma tradição em Matosinhos. O festival que transforma a cidade na capital nacional da literatura em viagem é um porto seguro de experiências pelos mundos do mundo e pelos desertos intermináveis da imaginação. É um ancoradouro de personalidades e um encontro feliz em torno da palavra e da viagem.

Artigo editado por Sara Gerivaz