Após ter intentado uma ação judicial contra a Câmara Municipal de Gaia, a propósito da localização do Marés Vivas 2016, a Quercus deu entrada de uma providência cautelar, desta vez contra a empresa organizadora do evento, avançou esta quarta-feira a organização. A associação ambientalista pretende a suspensão da realização do festival junto à Reserva Nacional Local do Estuário do Douro (RNLED).

De acordo com a Quercus, a realização do Marés Vivas naquele local poderá provocar danos graves e irreparáveis a algumas das 225 espécies de aves e muitas outras de fauna e flora que existem na Reserva do Estuário do Douro. Algumas são espécies ameaçadas de extinção e protegidas pela legislação portuguesa e comunitária.

João Branco, presidente da Direção Nacional da Quercus, acredita que a realização do Festival Marés Vivas naquele local tem vários impactos negativos, tendo em conta que a quantidade de pessoas a circular, os resíduos resultantes do festival e o ruído e iluminação artificial são prejudiciais para a vegetação e animais, nomeadamente para as aves: “Toda a gente compreende que o Festival ali tem impactos porque é mesmo ao lado da Reserva e é exatamente no local onde há mais densidade de aves e, portanto, é óbvio que todo aquele barulho vai afetar as aves.”

O ambientalista afirma ainda que a biodiversidade já está a ser afeada pelas obras de preparação do recinto: “Como provam diversas fotografias no Facebook, já foi destruída a vegetação natural daquele local e já foram afetadas algumas espécies, nomeadamente o lagarto de água e há já fotografias dos lagartos mortos pelas máquinas.”

O responsável declara ainda que os pareceres a favor da realização do festival que o Presidente da Câmara Municipal de Gaia (CM Gaia) diz possuir, “têm alguns erros graves e realmente não houve nenhum estudo de impacte ambiental”, para além de outros erros relacionados com a biodiversidade do local. No entanto, constata que um dos principais erros é o facto de não se avaliar os impactos a priori: “Principalmente, há um erro formal porque foi formada uma Comissão por Despacho Ministerial e todo esse processo está errado porque o próprio despacho prevê que os impactos só sejam medidos durante e depois do festival e isso não garante o principio da precaução.”

O JPN tentou contactar a PEV – Entertainment mas não foi possível obter uma resposta em tempo útil.

 

Artigo editado por Filipa Silva