Com a chuva, a terra passou a lama, mas isso não foi impedimento. De uma ponta à outra, o terreno tinha sido invadido por várias crianças de diferentes escolas que participaram na inauguração do primeiro percurso de orientação permanente, no Parque de São Roque.
Não havia espaços livres ou os habituais silêncios de um parque natural. Tudo era correria e agitação no primeiro dia do que se prevê ser o início de uma nova era para o esquecido Parque de São Roque. “Neste caso, o Parque de São Roque é um parque excelente, com boas condições ambientais e muito aprazível. Mas acho que a cidade ainda não o conhece e este é um dos nossos contributos para aproximar as pessoas de espaços como este”, conta ao JPN Luís Alves, um dos administradores da Porto Lazer.
Instalar um percurso de orientação permanente não tem apenas como objetivo único dar a conhecer zonas da cidade que têm caído no esquecimento: o administrador da Porto Lazer, presente na inauguração do percurso, explicou ao JPN que a Câmara Municipal do Porto (CMP) pretende também cultivar a atividade desportiva, como sendo um hábito nos portuenses e desmistificar o que esta acarreta: “A nossa estratégia baseia-se em duas ideias. Uma é a de que toda a cidade é um equipamento desportivo – não nos podemos aprisionar na ideia de que o desporto só se faz nos equipamentos e infraestruturas tradicionais; a segunda ideia é a de que temos que diversificar a nossa oferta desportiva de maneira a corresponder às necessidades, às expectativas das pessoas em diferentes circunstâncias de vida e condições físicas”.
E para que ninguém fique de fora, o percurso está adaptado para crianças em idade pré-escolar ou para pessoas com deficiência do foro mental: um mapa reduzido a cores e com balizas mais visíveis é próprio para quem tenha algum tipo de incapacidade. No entanto, o percurso adaptado a pessoas com deficiências físicas ainda está por traçar.
O Grupo Desportivo 4 Caminhos (GD4Caminhos) associou-se à Câmara Municipal do Porto há já mais de dez anos e é o organizador dos percursos espalhados pela cidade e não só. Fernando Costa, dos 4 Caminhos, contou ao JPN que a parceria com a câmara é fundamental, no sentido em que é o grupo desportivo que trata da orientação e a autarquia disponibiliza os meios para dar seguimento ao projeto: “Nós damos o apoio técnico, desenhamos os percursos e colocamos a orientação propriamente dita. Mas a obra, a colocação das balizas, é da responsabilidade da câmara”.
A parceria com a edilidade portuense iniciou-se com o troféu de orientação que, entretanto, passou a “Porto City Race”. A corrida consiste numa competição de orientação marcada para 23 a 25 de setembro, este ano, no Porto. A prova passa por outras cidades do país. Outro dos objetivos é, como explica Fernando Costa, promover este como um “desporto levado a sério”.
No final do percurso percorrido pelas quatro escolas concorrentes – Escola Secundária de Ermesinde, Escola E.B. 2,3 Eugénio de Andrade, Escola Básica de Apúlia e a Escola Aurélia de Sousa – todos foram vencedores: diplomas e “pin’s” foram distribuídos pelos participantes que, com esforço e debaixo da chuva que teimava em não parar, terminaram o percurso.
Sobre possíveis novos investimentos em outros parques da cidade, Luís Alves aponta o próximo alvo: “O próximo passo eventualmente será o Parque Oriental da Cidade, um parque que, tal como este, ainda é pouco conhecido da cidade e tem que ser descoberto cada vez mais pelos portuenses e mais vivenciado, sobretudo.”
Para os aventureiros que queiram experimentar este novo percurso, os mapas de orientação estão já disponíveis no site da Porto Lazer e, presencialmente, na cabine de segurança do Parque de São Roque.