A Fase Bravo, de combate aos incêndios florestais, arrancou no passado domingo em todo o território nacional. O JPN entrou em contacto com o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Protecção Civil do Porto, para perceber a situação atual no distrito. Carlos Alves, comandante operacional distrital, considera que “o distrito está equipado para fazer face” aos incêndios mas que “pode haver momentos em que os recursos não são suficientes”.

O representante do CDOS da Protecção Civil do Porto explica que a estratégia em relação aos incêndios se baseia “em três pilares fundamentais: prevenção, vigilância e combate”. A prevenção, conta-nos, cabe ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF); a vigilância, no distrito do Porto, é levada a cabo pela Guarda Nacional Republicana (GNR) e pela Polícia de Segurança Pública (PSP); por fim, o combate é coordenado pela Protecção Civil e efetuado pelas corporações de bombeiros.

O comandante informa-nos relativamente ao “sistema evolutivo” implementado pela Autoridade Nacional da Protecção Civil. A primeira Fase Bravo, que decorre entre 15 e 31 de maio, conta, no distrito do Porto, com 58 recursos humanos distribuídos por dez grupos de combate a incêndios e quatro equipas logísticas, auxiliadas por 14 veículos. A segunda Fase Bravo acontece durante todo o mês de junho. Neste período, 150 homens, repartidos por 26 equipas de combate e quatro de logística, enfrentam os incêndios com a ajuda de 36 viaturas.

A Fase Charlie é aquela que, segundo Carlos Alves, traz “mais dores de cabeça”. Entre 1 de julho e 30 de setembro, no período crítico dos incêndios, a região do Porto conta com 331 recursos humanos e 77 veículos, distribuídos por 59 equipas de combate e 18 formações logísticas. Por fim, na Fase Delta, agendada para os primeiros 15 dias de outubro, os recursos são exatamente os mesmos da Fase Bravo inicial. Além disto, o Comandante Operacional Distrital frisa que ainda “acresce toda a capacidade dos bombeiros”.

Em 2015 ardeu quase o dobro de 2014 no distrito do Porto

De acordo com os relatórios do ICNF, entre 1 de janeiro e 15 de outubro de 2015, num total de 372 incêndios florestais e 3.384 fogachos – ocorrências inferiores a 1 hectare -, arderam 2.525 hectares no distrito do Porto. Este número é quase o dobro da área ardida no ano anterior: de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2014, acabaram por ser queimados 1.352 hectares. Já em 2013, dos 2.400 quilómetros quadrados do distrito portuense, 5,9% (14.087 hectares) foram consumidos pelas chamas.

Em Portugal, nos últimos 15 anos, 2003 (423.949 ha), 2005 (325.226 ha) e 2013 (152.758) foram os períodos em que o território nacional mais se viu afetado pela devastação dos incêndios. O distrito do Porto representou, em média, desde 2001, 5,3% da área ardida do país. Os anos mais alarmantes foram 2009 (10,5%), 2006 (9,3%) e 2013 (9,2%).

 

Artigo editado por Filipa Silva