A paralisação dos portos vai abranger o continente, de norte a sul, e ilhas dos Açores e Madeira. Os trabalhadores das administrações portuárias querem “manter a estabilidade” e exigem o descongelamento das carreiras, a definição do estatuto e também a resolução do conflito laboral dos estivadores que estão em greve há mais de um mês, em Lisboa.

Da última vez que os trabalhadores administrativos e estivadores estiveram em greve ao mesmo tempo, em 2012, os portos paralisaram por completo. Depois de terem negociado um acordo laboral em 2014, os estivadores de Lisboa regressaram à greve no dia 20 de abril, que se acabou por estender aos portos de Setúbal e da Figueira da Foz.

“Esta não é uma greve solidária com os estivadores. A greve deles têm de ser responsabilidade deles, e é um problema deles, não é nosso. Nós fomos solidários com eles em 2012/2013, e juntamo-nos, mas esta greve não é por causa deles”, confirmou ao JPN Fernando Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Administrações Portuárias.

Os trabalhadores portuários exigem, principalmente, o descongelamento de carreira e a definição de estatuto. Fernando Oliveira adiantou que o que se passa com os trabalhadores é um “problema que vem de trás”. Desde o dia 1 de janeiro de 2011, que as carreiras se encontram congeladas. “A lei do orçamento feita já em 2013 veio permitir o fim dos cortes salariais e, no nosso caso, veio permitir tudo aquilo que agora estamos a pedir, nomeadamente os descongelamentos”, acrescentou.

As exportações, que caíram 1,6% nos primeiros três meses deste ano – o que representa a perda de cerca de 282 milhões de euros -, vão complicar-se ainda mais. Fernando Oliveira está certo de que o problema não é o “prejuízo imediato” que a greve traz. “O que está realmente está em causa é o prejuízo a médio e longo prazo porque a carga geral e os contentores precisam de voltar ao funcionamento regular do porto”, explicou.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias sente-se injustiçado e acredita que o Governo está a ser insensível a toda a situação. Ainda assim, mostra-se disposto a oferecer “mais alguns dias” para o problema ser resolvido. O presidente do sindicato afirmou que ainda há a possibilidade da greve não acontecer. “Ou fazemos greve a partir de dia 2, ou então não fazemos. Se até lá o problema estiver resolvido, não teremos de a fazer. Mas para isso, são precisas garantias”.

Fernando Oliveira indicou ainda que a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, “tem-se mostrado interessada em ajudar a resolver o problema, com a admissão das Finanças” e que o sindicato está disposto a “dar ao Governo mais quinze dias” para apresentar garantias de resolução.

O Governo espera que ainda seja possível evitar a paralisação, depois da ministra Ana Paula Vitorino já ter reunido com o sindicato e ter feito o compromisso de tentar chegar a um acordo.

Ao fim de 32 dias de greve dos estivadores no porto de Lisboa – que já terá custado cerca de 9,6 milhões de euros em perda de receitas -, todos os portos do país vão enfrentar uma greve, de 2 a 6 de junho, caso não haja garantias de resolução até à data.

Artigo editado por Sara Gerivaz