Quinhentos alunos de Medicina arriscam não ter vaga para o internato de especialidade. Ministério da Saúde propõe revisão dos critérios de avaliação das idoneidades formativas.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, fez saber na Comissão Parlamentar de Saúde, esta quarta-feira, que propôs à Ordem dos Médicos uma avaliação dos critérios que estabelecem as vagas para cada especialidade. Em causa estão os cerca de 500 alunos de Medicina que podem não ter vaga para o internato de especialidade.
Miguel Guimarães, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, considera que a solução dos problemas não passa pela reformulação dos critérios e refere que Portugal produz médicos com qualidade e é nos internatos que essa qualidade é provada: “O caminho que a Ordem tem seguido é que os médicos têm que sair especialistas em condições. A realidade é que temos excelentes médicos e enfermeiros. Nós formamos bons profissionais”, declarou ao JPN.
Embora seja difícil aumentar as vagas disponíveis para internato, a Ordem admite estar disponível para avaliar a situação. Para Miguel Guimarães, o problema tem que ser resolvido em discussão e precisa envolver o numerus clausus das universidades, isto é, o número de vagas abertas anualmente pelas Escolas Médicas.
“Quando começamos a saber que os estudantes de Medicina começam a ser cada vez mais, é evidente que percebemos que temos candidatos a mais para fazer a especialidade”, referiu o presidente.
Para Miguel Guimarães, a questão colocada pelo ministro Adalberto Campos Fernandes foi adequada: “A Ordem tem a fundamentação de por que [razão] atribuíram determinado tipo de vagas e não outras”.
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) considera que a avaliação externa proposta pelo ministro é uma mais-valia, uma vez que vai aumentar a transparência dos critérios de idoneidade. “Ao nível de soluções para o problema, o que a ANEM tem vindo a defender ao longo dos últimos tempos é que é necessária uma revisão dos programas formativos e dos critérios de atribuição de idoneidade, por forma a tentar maximizar as necessidades formativas”, afirma André Fernandes, presidente da ANEM, ao JPN.
Tanto a Ordem dos Médicos como a ANEM concordam que o problema está no excesso de estudantes e não no número de vagas existentes. Dizem, então, que a solução para esta questão poderá passar pela redução de vagas de ingresso nos cursos de medicina no Ensino Superior.
No ano passado, pela primeira vez, 114 estudantes não conseguiram vaga de especialidade. O ministro lamentou a situação na Comissão Parlamentar de Saúde e alertou para falhas em algumas especialidades no Serviço Nacional de Saúde, de que são exemplo medicina geral e familiar.
Artigo editado por Filipa Silva
