Pela primeira vez o Euro vai ser disputado por 24 seleções. O novo formato foi a “bandeira” da presidência de Michel Platini na UEFA. O JPN analisou a fase de qualificação e perspetiva o impacto que o novo formato pode ter na competitividade da competição.

De quatro em quatro anos, com os Mundiais pelo meio, o Campeonato da Europa é o palco para os maiores talentos do futebol do continente. A edição deste ano conta, pela primeira vez, com 24 equipas e uma eliminatória extra: os oitavos de final. O JPN analisou a influência do alargamento na fase de qualificação e antecipou os cenários potenciados pelo novo formato – que já foi utilizado em três Campeonatos Mundiais, entre 1986 e 1994. 

Qualificação: 53 equipas em busca de 23 lugares

A fase de qualificação contou com um recorde de 53 participantes divididos em nove grupos de cinco ou seis equipas. Os dois primeiros classificados de cada grupo, bem como o melhor terceiro, garantiram os 19 primeiros lugares (aos quais se acrescenta a anfitriã França). As últimas quatro seleções “repescadas” ficaram definidas após um “playoff”, entre os oito terceiros classificados restantes.

O alargamento permitiu, em teoria, um apuramento mais fácil para os principais favoritos, que tinham margem para errar e mesmo assim garantir a qualificação direta no segundo lugar. Mesmo assim, a Holanda, que havia vindo a habituar os adeptos a fases de qualificação quase-perfeitas, foi a grande desilusão e terminou num desprestigiante quarto lugar. Também a Grécia revelou dificuldades no pós-Fernando Santos e não conseguiu a qualificação. De resto, os principais candidatos conseguiram a qualificação sem grandes sobressaltos.

De referir também que, as cinco estreias em fases finais nesta edição não são alheias ao alargamento. Desde 1996 – ano do último alargamento – que o Euro não tinha tantos estreantes. Albânia, Islândia, Irlanda do Norte, Eslováquia e País de Gales dificilmente seriam candidatos à qualificação no modelo de 16 equipas, no entanto, a hipótese aberta nesta edição galvanizou os grupos de jogadores, que agora acreditam em mais qualificações no futuro.

Fase final: 60% do torneio a eliminar oito equipas

O primeiro Euro, realizado também em França em 1960, contou com apenas quatro equipas, antes da prova ser alargada a oito países em 1980 e voltar a duplicar o número de participantes em 1996, para 16. Este ano volta a aumentar para 24 equipas. No próximo, não alargará ao nível dos participantes, mas sim quanto aos anfitriões. O Euro 2020 vai ser realizado em 13 cidades por toda a Europa.

Este formato a 24 tem menos oito equipas do que as fases de grupo dos Mundiais ou da Liga dos Campeões, por exemplo. É um modelo complexo de entender até para o adepto mais fiel ao jogo. Resumindo: os primeiros e segundos classificados de cada grupo – 12 equipas – passam sem “fazer contas”.

A estas, faltam quatro para perfazer as 16 equipas dos oitavos de final. Os quatro melhores terceiros classificados completam o ramalhete. Nenhum selecionador irá dizer a esta altura que ficaria feliz por terminar em terceiro lugar, mas a rede de segurança poderá alterar dramaticamente o Euro, ou pelo menos a fase de grupos.

O JPN foi espreitar as três edições do Campeonato do Mundo que tiveram o modelo de 24 equipas. Em 1986, a Bélgica chegou às meias-finais após o terceiro lugar do grupo, enquanto a Itália foi finalista vencida em 1994. Sem este formato, estes resultados históricos não poderiam ter sido conseguidos. Que surpresas se podem esperar dos terceiros classificados “repescados” em França 2016?

Uma segunda mudança virá das expetativas, já que passar a fase de grupos não pode ser considerado um “feito” para a “segunda linha” de favoritos do Euro. Aliás, é estatisticamente mais provável passar a fase de grupos do que ser eliminado: 16 em 24 irão passar.

Ou visto por outro prisma: o torneio irá “gastar” 24 jogos do seu total de 39 a eliminar apenas oito equipas: 60% da competição elimina apenas 33% dos participantes. Uma vitória solitária poderá bastar, uma vitória e um empate quase garantidamente serão suficientes para alcançar “os oitavos”.

De que forma é que esta perspetiva poderá alterar a experiência dos grupos? Se os favoritos se podem qualificar, como habitual, à segunda jornada, o mais provável é que a terceira ronda dos grupos traga ainda muita incerteza na definição dos “terceiros”. E com a hipótese de uma vitória bastar, os jogos entre os pequenos têm um cariz ainda mais decisivo.

Por fim, a indefinição das fases a eliminar. Normalmente, é possível compor a “árvore do torneio” de antemão. Os selecionadores sabiam com quem jogariam se ficassem em primeiro ou em segundo. Ora, agora com a qualificação dos terceiros lugares, tal só será conhecido após a última jornada da fase de grupos, o que já não permite estratégias de “fuga” a candidatos.

Quer seja a favor, ou contra, a verdade é que o novo formato vai trazer novas “nuances” ao mês do futebol europeu.