Portugal recebe, a partir desta terça-feira, o Campeonato Mundial Universitário (CMU) de Canoagem. A sétima edição do evento decorre em Montemor-o-Velho e estende-se até sexta-feira, dia 10.
Mais de 200 atletas, de 24 nacionalidades, vão competir nas margens do vale entre Formoselha e Montemor, mais precisamente nas pistas do Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho. São 24 os estudantes portugueses que vão vestir as cores nacionais em busca das medalhas: dez de Coimbra, seis do Porto, três de Lisboa, dois do Minho, e os restantes de Viana do Castelo, Setúbal e da Beira Interior.
No que diz respeito aos objetivos da organização para o CMU, o presidente da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) afirma que “são claros: obter o maior número de medalhas”. Portugal tem “algumas embarcações que são, claramente, candidatas a medalhas”, acrescenta. Francisca Laia, estudante de Medicina da UC tem presença garantida nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e, de acordo com Daniel Monteiro, é a “porta-estandarte do ponto de vista mediático”, por ser “a atleta da seleção nacional universitária que mais cartel tem”. Para os outros representantes, o responsável declara que “o apuramento para as finais é já um resultado de destaque”.
A competição esteve inicialmente marcada para setembro, no México, mas, no início do ano, dificuldades na organização levaram ao cancelamento da prova e ao reagendamento para o município do Baixo Mondego neste mês de junho.
Daniel Monteiro explica que “foi uma circunstância interna organizativa, entre a tutela responsável pelo desporto universitário e o executivo responsável pela pasta do Desporto no México” que motivou a decisão, em “finais de janeiro, início de fevereiro” de cancelar a prova naquele país, conta ao JPN. Depois de contactar três parceiros – Universidade de Coimbra (UC), Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) e a Associação Académica de Coimbra (AAC) – “estavam reunidas todas as condições para pôr em prática este evento” em Portugal, revela o dirigente.
A montagem de um Mundial Universitário em quatro meses foi um grande desafio para os responsáveis. O presidente da FADU sublinha que o facto de, em 2018, Coimbra receber os Jogos Europeus Universitários, da EUSA, leva a que exista a preocupação de “dotar a organização (dos EUSA Games 2018) com torneios que antecedem esse super-evento (…) para olear a máquina organizativa e para que, até lá, todas as pessoas adquiram uma vasta experiência” em provas internacionais.
O membro da organização declara que há ainda uma segunda vertente: “A ótica de Montemor-o-Velho ter, provavelmente, um dos melhores centros náuticos do mundo para a prática de canoagem”. Para o presidente da FADU, “Portugal reúne todas as condições para receber provas internacionais deste género”. A cidade já acolheu campeonatos do mundo de escalões jovens, campeonatos da Europa e, até ontem, uma etapa da Taça do Mundo. Dentro de dois anos, haverá, também, Campeonato Mundial de Canoagem em Montemor pois, segundo Daniel Monteiro, “se havia país que tinha condições para realizar um evento desta dimensão, seria exactamente o nosso”.
O responsável encara o torneio “com grande expectativa”. A “sinergia positiva” entre todas as entidades organizativas permitiu colocar “este evento no terreno em muito pouco tempo”. “Neste momento, a preparação está a correr super bem, todas as questões estão tratadas, resolvidas a tempo e horas, os atletas e delegações já começaram a chegar”, acrescenta Daniel Monteiro.
O Centro Náutico irá receber canoístas dos cinco continentes, sendo a Polónia o país mais representado, com 30 estudantes, e a Universidade de Coimbra a liderar as instituições de ensino, com oito alunos convocados.
“Jogar em casa” equivale a “105% de motivação”
Jorge Castro, canoísta do Clube Náutico de Ponte de Lima, e estudante da Universidade do Porto (UP), promete “dar o máximo em todas as provas que participar”, no seu caso o K1 500 metros e o K4 200 metros. Apesar de ainda não conhecer os adversários, define a final como objetivo. Depois, nas últimas nove pistas, “tudo é possível”, considera em declarações ao JPN.
Por nunca ter decorrido em Portugal, este CMU não estava nos planos de alguns atletas nacionais. Jorge Castro faz parte desse lote. A articulação entre a Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) e as instituições de Ensino Superior “é um bocado complicada em termos financeiros e de deslocações”, pelo que o seu destino seria não participar. Com a competição a decorrer em Montemor-o-Velho, além de poder participar há lugar para um estímulo extra: na opinião do canoísta, o apoio dos familiares e amigos “dá sempre aqueles 105% de motivação necessária”.
Para Jorge Castro, o nível da competição esta semana será “elevado”. “Claro que nunca será o nível de um Europeu ou Mundial, ou mesmo de algumas Taças do Mundo, mas o exemplo que temos, de quando o Fernando Pimenta foi campeão em Kazan [nas Universíadas de 2013] – aí o nível era fortíssimo”, garante o representante da UP.
Em 2016, Portugal recebe três Campeonatos Mundiais Universitários. Além da canoagem, o nosso país é anfitrião do mundial de floorbal e da competição de karaté. Entre os próximos dias 19 e 24 de julho, a Universidade do Porto acolhe o mundial universitário de Floorball. No mês seguinte, de 10 e 13 de agosto, em Braga, a Universidade do Minho organiza o Campeonato Mundial Universitário de Karaté.
Artigo editado por Filipa Silva