A época dos festivais de música está oficialmente aberta. Julia Holter, Sigur Rós e Animal Collective marcaram o primeiro dia do Primavera Sound. Nem a chuva conseguiu demover a multidão de amantes da música alternativa.

Eram 16h00 em ponto quando se iniciou a quinta edição do NOS Primavera Sound na cidade do Porto. Os portões abriram e os fãs de música entraram pela primeira vez no recinto. De mochila às costas e toalha de mesa debaixo do braço, o relvado em frente ao palco Super Bock foi o destino de muitos. Uma hora depois, a banda portuguesa Sensible Soccers atuaria nesse mesmo palco. Entre músicas como “Villa Soledade” e “AFG”, o público ia-se adaptando ao espaço.

Na primeira vez na história do festival em que os passes gerais esgotaram, a informação de que 50% foram vendidos a estrangeiros era visível no recinto. Na vegetação, nos bancos de madeira, ao longo da zona de restauração, a língua portuguesa fundia-se com o castelhano, o francês, o inglês e muitas outras línguas. Com a voz de Meghan Remy, US Girls, como música de fundo, estrangeiros e portugueses exploravam o Parque da Cidade.

Ao final da tarde, os tímidos Wild Nothing apresentaram uma sonoridade fresca e as faixas “TV Queen” e “Reichpop” abalaram até os que ainda não conheciam a banda americana. Foi assim, então, que a banda de Jack Tatum e os Deerhunter inconscientemente prepararam o público para uma noite de excentricidades e honestidade crua. As bandas fizeram os típicos fãs ecléticos do Primavera vibrar, mas já pairava a inquietação do anoitecer. Assim que o indie rock de Bradford Cox, Moses Archuleta, Josh Fauver, e Lockett Pundt parou de soar no palco NOS, a zona da restauração recebeu mais gente do que conseguia confortar.

Entre longas filas de espera nas barraquinhas de comida e a procura por uma mesa livre, a contagem decrescente para Julia Holter começou. Foram muitos os que devoraram a sua comida para chegar a tempo ao palco Super Bock onde Julia Holter iria surpreender. O concerto começou atribulado devido a problemas técnicos. Na audiência ouviam-se protestos entre amigos de como o som do sintetizador manuseado por Julia não estava com a qualidade esperada. Contudo, pouco tempo depois, o som clareou e as pessoas foram absorvidas pelo desembaraço da cantora e compositora. As letras de dor sincera acompanhadas pelo contrabaixo, violino e bateria tentavam sobrepôr-se à conversa do público. Ironicamente, “Don’t Make Me Over” encerrou o concerto.

Uma pequena pausa e um dos momentos mais aguardados da noite chegara. De regresso a Portugal depois de um concerto no Coliseu do Porto em 2013, os Sigur Rós subiram ao palco, enjaulados. Ao fundo do palco e distantes das pessoas, ouviram-se as primeiras notas de “Óveður”.

Após duas músicas, a jaula subiu e, para grande excitação do público, os músicos islandeses tomaram a frente do palco. A partir daí, a energia do público oscilava de acordo com os ritmos da bateria. Nem a cenografia excêntrica conseguiu atrair por completo a atenção da audiência. Entre a chuva miúda que apareceu para ficar, um “encore” muito pedido e um agradecimento ao público por parte da banda terminaram o concerto de um dos principais nome do cartaz desta edição do NOS Primavera Sound.

A noite continuou com outro dos grandes destaques, os Animal Collective, acompanhados de máscaras espalhadas como adereços ao longo de todo o palco, e acabou com a eletrónica de John Talabot & Friends no palco Pitchfork.

Para o segundo dia do festival, destacam-se Brian Wilson “performing” Pet Sounds, PJ Harvey, Dinosaur Jr. e os tão conhecidos do público português, Beach House. Para os que ainda não adquiriram bilhetes, e à hora de fecho deste artigo, ainda havia bilhetes diários à venda por 55 euros nos locais habituais.

Artigo editado por Filipa Silva