O segundo dia do festival foi marcado por momentos históricos e por alguns problemas técnicos. O antigo Beach Boy, Brian Wilson, destacou-se pela sua genialidade.
O dia era 10 de junho de 2016. Quando os White Haus subiram ao palco, em frente a um mar de pessoas e toalhas axadrezadas, ninguém adivinhava a viagem no tempo que se aproximava a cada minuto. A banda de João Vieira, conhecido como vocalista e guitarrista dos X-Wife, atuou e impressionou. Não faltou a batida contagiante do single “This Is Heaven”, que introduz o segundo álbum da banda, ainda sem data de lançamento marcada.
Com o recomeço de mais um dia de festival, o constante ziguezague de pessoas entre os palcos retoma. Como bolas de pingue-pongue, a multidão vai e vem dos palcos Super Bock e NOS. De White Haus para Cass McCombs, de Cass McCombs para Destroyer. A esta multidão, juntou-se um conhecido nome da música portuguesa, Tiago Bettencourt. O cantor e compositor português aderiu ao comportamento generalizado da audiência e sentou-se no relvado a contemplar as melodias psicadélicas country e folk de Cass McCombs.
A cada nova banda, nova música, as horas passam. As 20h00 aproximavam-se e com elas, o presente estava prestes a ficar 50 anos mais distante. O público que aguardava em face ao maior palco do NOS Primavera Sound aumentava cada vez mais e, com o fim do concerto de Destroyer, a audiência atingiu o pico.
O dia era 10 de junho de 1966. Brian Wilson sobe ao palco acompanhado pela sua banda e o furor sente-se na própria zona de restauração, onde os bancos superam o número de pessoas. Com um “Olá Porto”, o cofundador da histórica banda The Beach Boys deu início à maior viagem ao tempo da história do festival.
Os êxitos “Wouldn’t It Be Nice“, “God Only Knows”, “I Get Around” e “Surfin’ The USA” não faltaram. No rosto dos presentes viam-se lágrimas e sorrisos tão grandes quanto é possível. Num concerto comovente que contou com outros dois membros da famosa banda americana, Al Jardine e Blondie Chaplin. A atual tourné de Brian Wilson comemora o 50º aniversário de lançamento do icónico álbum de “The Beach Boys, Pet Sounds”.
Com o fim do concerto do antigo Beach Boy, tudo volta ao presente. O público dividiu-se entre o concerto de Empress Of no palco Pitchfork, o concerto de Savages, banda britânica de rock, no palco Super Bock e a zona de restauração. Os preparativos para a atuação de PJ Harvey tinham começado.
A noite de PJ Harvey
O primeiro concerto da noite no palco principal teve início com uma espécie de fanfarra. Em fila, a cantora acompanhada pela sua banda, entraram a marchar. O silêncio reinava e as expressões de confusão também. Nem todos sabiam o que lhes esperava. O tom sombrio da música de PJ Harvey agradou a uns e aborreceu outros.
O álbum “The Hope Six Demolition Project” foi tocado na íntegra e “River Anacostia” encerrou o concerto. O negro do cenário e das roupas alastrou-se a todo o palco assim que as luzes foram apagadas.
Duas horas depois, Kiasmos sofreu com problemas técnicos no som, que adiaram o início da atuação por duas vezes. Quando voltaram ao palco, a dupla islandesa de eletrónica experimental agradeceu a permanência do público. O começo abalado não impediu que o concerto fosse um dos melhores da noite e talvez o melhor a passar pelo palco Super Bock, de acordo com a reação da multidão. Foram constantes as erupções de energia.
No palco principal, a noite terminou com Beach House, cujo concerto começou com um ligeiro atraso, consequências dos problemas técnicos de Kiasmos. Como era de esperar, a dupla americana apresentou músicas de vários albuns da sua carreira, sem esquecer a faixa “ppp”.
O segundo dia do Primavera Sound 2016 ficou também marcado pela polémica detenção do artista Freddie Gibbs. O “rapper” americano tinha concerto marcado para as 22h30 no palco Pitchfork. Contudo, a sua atuação foi cancelada, sem substituição, após a prisão do artista em França por suspeita de violação, avançou o jornal “Público”. A organização do NOS Primavera Sound ainda não se manifestou relativamente ao caso.
Artigo editado por Sara Gerivaz
