O último dia da quinta edição do Primavera Sound no Parque da Cidade viu “explosões no céu” e Moderat. Ao longo dos três dias, 80 mil pessoas passaram pelo festival.

Debaixo de um sol abrasador, Manel foram os últimos a serem os primeiros. A banda de pop/folk de Barcelona abriu o último dia do festival que desde quinta-feira tem abalado a cidade do Porto. As semelhanças ilusórias entre o português e o catalão das letras proferidas no palco Super Bock obrigavam a uma certa atenção. Contudo, não foi esse o caso.

No calor de verão que chegou atrasado ao festival, aconteceu a última “caça ao brinde”. As famosas sacolas de pano que contêm a típica toalha axadrezada de piquenique desaparecem entre empurrões, berros de felicidade e manifestações de desilusão.

A apenas alguns metros de distância, ainda não estava em palco e Linda Martini já tinha poder sobre o público. A apresentar o último álbum, “Sirumba”, os artistas lisboetas libertaram a rebeldia da audiência. Aos primeiros acordes de “Unicórnio de Sta. Engrácia”, o “single” do trabalho lançado em março deste ano, a devoção dos fãs mais antigos foi clara. Hélio Morais, bateria e voz, agradeceu o apoio e incentivou os mais tímidos a descer a colina de relva e a aproximarem-se do palco.

Com o fim da atuação dos últimos portugueses a atuar num palco desta quinta edição do NOS Primavera Sound, os que não optaram por ficar a marcar lugar para o concerto de Caroline Polachek e Patrick Wimbley, conhecidos como Chairlift, ou que não partiram à descoberta para palcos mais distantes, foram abençoados pela presença de Algiers. O gospel post-punk e a voz forte do vocalista Franklin James Fisher levaram as pessoas a uma igreja onde se prega o anti-racismo e se apela à paz.

À saída do concerto, Franklin James Fisher falou ao JPN. Apesar de só estar no Porto há um dia, declarou que está a adorar. O vocalista afirma que foi um prazer ter tocado para o público português e que espera voltar brevemente. A banda americana passeou pelo recinto e assistiu a vários concertos.

Com o anoitecer, o vento aumentou, mas a vontade de passar horas a fio a comemorar a música não diminuiu. Naquele que foi o melhor dia do palco Super Bock, Battles, que sucederam a Algiers e precederam Explosions In The Sky, não desiludiram. A banda de rock experimental levou à loucura uma multidão de todas as idades. Os saltos incessantes, comuns a todas as faixas etárias, só se intensificaram quando os americanos tocaram “Atlas”, o maior sucesso dos músicos.

Os instrumentos são retirados e substituídos por outros, numa disposição diferente, de acordo com a personalidade de cada artista. Explosions In The Sky são a perfeita banda sonora de filmes independentes. Os longos instrumentais de nuances variadas têm o poder de reproduzir cada uma das emoções sentidas entre os membros do público. O muito pedido encore foi uma impossibilidade dada a hora de início marcada para o concerto do duo francês Air, que celebra 20 anos de canções. Ainda assim, no meio de fortes aplausos, Munaf Rayani desceu do palco para cumprimentar os fãs que se recusavam a abandonar a área.

A noite terminou com Moderat, os últimos a passarem pelo palco NOS nesta edição do festival. O trio berlinense foi pacientemente aguardado durante os três dias pelos melómanos portugueses e estrangeiros que perfizeram a multidão de sábado à noite. Foram tocadas músicas do novo álbum, III, lançado em abril deste ano, e outras mais antigas. Independentemente da idade dos temas, o fervor das pessoas foi constante e já pairava no ar a saudade de um festival que ainda estava para terminar.

O NOS Primavera Sound volta como o conhecemos, em 2017, nos dias 8, 9 e 10 de junho. Os primeiros passes gerais vão ser postos à venda já no dia 4 de julho. Ao longo dos três dias, 80 mil pessoas passaram pelo festival.