Duas medalhas de ouro, cinco de prata e uma de bronze. A primeira vez de Portugal num Campeonato do Mundo Universitário de Canoagem foi auspiciosa.

Francisca Laia, estudante da Universidade de Coimbra já apurada para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, saiu do campeonato com duas medalhas de ouro, uma em K1 200 metros e outra na companhia de Maria Cabrita em K2 500 metros. Francisca Laia e Maria Cabrita chegaram também à prata em K2 200 metros.

Em grande plano esteve também a dupla Bruno Afonso e Nuno Silva, também da Universidade de Coimbra, com três medalhas de prata conquistadas em C2 nas distâncias de 200, 500 e 1000 metros.

A última prata portuguesa ficou nas mãos de David Varela em K1 1000 metros.

O terceiro lugar de Hugo Figueiras e David Varela, em K2 500 metros, valeu ainda a medalha de bronze a Portugal.

Uma boa estreia

Esta não é a primeira vez que a canoagem obtém bons resultados no contexto universitário. Em 2013, nas Universíadas de Kazan, Fernando Pimenta, prata em Londres, saiu da Rússia com duas medalhas de ouro em K1 1000 e 5000 metros.

Já no que diz respeito a mundiais universitários, a edição que decorreu em Montemor, entre 7 e 10 de junho, foi a primeira a contar com a participação de uma equipa portuguesa.

“Participamos com 24 atletas. Termos conquistado oito medalhas é sinal que demonstra a capacidade e o nível dos atletas que temos em Portugal. Isto é o fruto também do nível internacional que a modalidade em Portugal tem”, comentou Ricardo Machado, diretor técnico da equipa portuguesa, ao JPN.

Os bons resultados que a canoagem nacional tem alcançado não são de geração espontânea. O diretor técnico nacional universitário responsabiliza a aposta na formação e o projeto desportivo da federação, em colaboração com os clubes, pelos frutos colhidos em grandes provas internacionais.

“O nosso projeto desportivo assenta na ligação do alto rendimento à parte escolar. Em Montemor-o-Velho [onde está instalado o Centro de Alto Rendimento de Canoagem], temos uma residência universitária e o que fazemos – grande parte do sucesso vem também daí – é convidar os melhores atletas a irem para Montemor e temo-los todo o ano concentrados, a viver na residência”, explica Ricardo Machado.

“Todos os atletas medalhados são atletas que estão lá. Não é por acaso. As oito medalhas são de atletas que estão em permanência na residência universitária de Montemor. Vivem lá o ano todo, estudam na Universidade de Coimbra e o resultado vem daí também”, sublinha o técnico.

“Não ficou a dever nada a uma Taça do Mundo”

Satisfeita ficou também a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), responsável pela organização com o apoio da Universidade de Coimbra, Associação Académica de Coimbra, Federação de Canoagem e os Municípios de Montemor-o-Velho e Coimbra. “O balanço é extremamente positivo”, declarou Daniel Monteiro, presidente da FADU ao JPN.

Portugal acolheu o Mundial Universitário de Canoagem depois do México ter desistido de organizar a prova. Uma organização em contra-relógio que “ultrapassou todas as dificuldades”, e que tirou partido da logística montada para a Taça do Mundo, que Montemor acolheu no fim de semana que antecedeu o Mundial Universitário.

“Usamos essa logística, o que deu maior espetacularidade ao evento. Foi do melhor que podia haver para todos os intervenientes. Não ficou a dever nada a uma Taça do Mundo ou até a um campeonato da Europa ou do Mundo”, defendeu Daniel Monteiro.

Pelo “quartel-general” da canoagem portuguesa passaram mais de 200 estudantes universitários. A Polónia, com 25 atletas em prova, foi o país que mais medalhas recolheu. Só de ouro foram 14.

O que falta a Portugal para chegar a resultados desta dimensão no universitário? “Algum tempo, só”, garante Ricardo Machado. “Se continuarmos o trabalho que temos a fazer julgo que daqui a uns anos… em termos federados, nós não ficamos já muito atrás da Polónia”, enfatiza.

“O que têm é um país com uma dimensão muito maior que o nosso, a base de recrutamento é muito menor [em Portugal], o que faz com que o trabalho tenha que ter muito mais rigor. Polónia, Hungria, Alemanha ou Rússia são as grandes potências na modalidade, mas penso que com o número de atletas que temos e a população que temos, já fazemos muito mesmo. Somos vistos como um exemplo em termos internacionais”, remata o responsável.

O próximo Campeonato Mundial Universitário realiza-se na Hungria, dentro de dois anos.