Portugal estreou-se no Euro com um empate frente à Islândia. Num jogo que dominou quase do início ao fim, faltou eficácia ofensiva e inspiração.

A expectativa era alta para a estreia de Portugal no Euro 2016 e crescia a cada minuto que o apito inicial ficava mais perto.

Depois do apito inicial, Portugal começou a dominar o jogo e poderia facilmente ter vencido por 2-0 ou mais. Acabou por ceder um empate, perder os primeiros dois pontos da fase de grupos e ver a liderança do grupo cair para a Hungria.

A causa: a falta de eficácia ofensiva da seleção nacional, combinada com a facilidade com que a Islândia venceu o jogo aéreo durante os 90 minutos. Como disse Cristiano Ronaldo após o jogo, “faltou o segundo golo”.

A Islândia apresentou-se como uma seleção inexperiente, mas com muita garra e vontade de se afirmar. Fisicamente mais dominante, em particular no jogo aéreo – devido à altura superior de quase todos os seus jogadores – respondia ao domínio português com contra-ataques rápidos, alguns com grande perigo.

Portugal iniciou o jogo com Rui Patrício; Vieirinha, Ricardo Carvalho, Pepe, Raphael Guerreiro; João Mário, Moutinho, Danilo, André Gomes, Nani e Ronaldo. A Islândia trouxe Halldorson; Saevarsson, Ragnar Sigurdsson, Árnason, Skúlason; Gudmundsson, Gunnarson, Gylfi Sigurdsson, Bjarnason; Sightórsson e Bödvarsson.

Primeira Parte

O jogo iniciou rápido. Portugal procurou colocar imediatamente a bola na frente, mas foi rapidamente surpreendido por um contra-ataque da Islândia. Em dois minutos de jogo estavam criadas as condições para uma equilibrada e bem mexida partida de futebol.

Assim foi nos primeiros 15 minutos. Ambas as equipas procuraram ativamente o golo, explorando as brechas na defesa adversária. Aos cinco minutos, Portugal conseguiu o primeiro canto, aos dez a Islândia ganhou o primeiro livre. A primeira oportunidade de “ouro” foi para Portugal, aos 20 minutos: cruzamento de Ronaldo, Nani cabeceia para baixo; Halldórson tem uma defesa incrível, com o pé esquerdo.

Daí para a frente cresceu Portugal e a Islândia começou a encostar-se à defesa. Durou 10 minutos até Portugal quebrar a defesa islandesa. Foi Nani, a responder da melhor forma a um cruzamento de André Gomes e a encostar para o fundo da baliza de Hallborson. Foi o 600º golo em europeus e o mais longo em passes até agora no EURO 2016: onze.

A Islândia só aos 36 minutos consegue o primeiro canto e, no minuto seguinte, valeu Ricardo Carvalho ao ganhar o duelo aéreo com os islandeses. Até aos 45 minutos Portugal procurou o segundo, que poderia ter resolvido o jogo. Mas que nunca chegou.

Segunda parte

A segunda parte foi muito mais equilibrada. Até começou bem para Portugal, mas durou pouco. Aos 51 minutos, balde de água fria para Portugal. Jóhann Guðmundsson cruzou do lado direito, Vierinha viu a bola passar por ele e Birkir Bjarnason rematou de primeira para o golo. A Islândia empatava a partida, da forma como procurou responder durante toda a primeira parte: de contra-ataque.

Daí em diante, Portugal procurou com desespero cada vez mais crescente o golo da vitória. Mas à vontade sobrepunham-se a falta de ideias e a incapacidade de vencer no jogo aéreo contra os gigantes islandeses, em particular Gunnarsson e Sigurdsson. Quando, pontualmente, uma bola encontrava um português na pequena área, estava lá o guarda-redes islandês, uma verdadeira muralha intransponível. Foi o caso do remate de André Gomes aos 59 minutos e do cruzamento em que roubou a bola dos pés de Nani aos 62 minutos.

Do lado contrário, a Islândia crescia em ousadia e em perigo. Aos 64 minutos, um cruzamento perigoso pela ala esquerda quase encontra Bodvarsson. Valeu Rui Patrício, a chegar no tempo certo. Mais perigoso ainda foi o lançamento longo de Gunnarsson aos 73 minutos. Sigurdsson ganhou o duelo aéreo na pequena área mas estava mal posicionado em relação à baliza portuguesa. Valeu depois Raphael Guerreiro, ao atirar para fora.

Antes disso, aos 70 minutos, Fernando Santos trocou Moutinho por Renato Sanches. O médio teve algumas arrancadas interessantes pelo meio-campo, mas nenhuma conduziu a uma jogada de perigo para Portugal. Aos 75 minutos sai João Mário e entra Quaresma. Que até ao fim do jogo tentou, tanto através de um remate como em cruzamentos, dar o golo da vitória a Portugal. Mas, até ao fim da partida, apenas Ronaldo teve – e desperdiçou – uma verdadeira oportunidade de golo: cruzamento de Pepe, Ronaldo cabeceia, mas à figura de Halldorson.

No tempo de compensação houve ainda tempo para Portugal beneficiar de três livres. Desperdiçou os três. A Islândia conseguiu um incrível empate no jogo de estreia em fases finais de europeus, Portugal arranca da pior forma, longe da ideia de que esta é uma equipa candidata a ganhar a prova. Apesar disso, as estatísticas não deixavam dúvida sobre quem dominou o jogo: 26 remates contra 4; 21 ocasiões de golo contra 3, 11 cantos contra 2, 72% de posse de bola contra 28%.

A história do Euro 2016 segue já esta quarta-feira, com a Rússia a enfrentar a Eslováquia, às 14 horas. Portugal enfrenta a Áustria no próximo sábado, às 20 horas.

Artigo editado por Filipa Silva