O JPN falou com a vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel, sobre os parquímetros na zona da Asprela. Autarquia não vê razão para deixar de taxar, mas admite rever valores.

A Câmara Municipal do Porto quer promover uma transferência modal, do transporte privado para o público, na zona da Asprela e não pretende, por isso, deixar de taxar o estacionamento naquela zona.

Confrontada pelo JPN com a posição de quatro associações de estudantes da área que discordam do alargamento do estacionamento pago na zona, nomeadamente na Rua Dom Frei Vicente da Soledade e Castro, junto à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Cristina Pimentel não fecha a porta ao diálogo, mas não abandona os objetivos que a autarquia persegue com a medida: “Temos plena consciência que podemos ter ali algum trabalho para fazer em termos de revisão do zonamento, de revisão das taxas. Mas em termos de não taxarmos aquela zona… acho que isso não vai contribuir para mudar o paradigma que queremos mudar na Asprela”, considerou à margem do evento de apresentação do plano de regeneração de ruas do Porto.

A vereadora indicou que se registam naquela zona cerca de 45 mil viagens por dia. “Não estamos contra o carro, mas não se pode ter 45 mil viagens por dia, num território daquela dimensão”, argumenta.

“A Asprela é a zona da cidade mais bem servida de transporte público. Quer metro, quer STCP, quer operadores privados. Os parques de estacionamento das próprias faculdades são grandes e são gratuitos. Numa perspetiva de cidade, porque é que havemos de estar a promover a vinda de mais automóveis?”, questionou.

Há contudo estudantes e funcionários daqueles estabelecimentos que apontam para diferenças significativas no tempo de deslocação para a Asprela, consoante se utilize o transporte público ou o automóvel. Cristina Pimentel não acha que o argumento seja forte apontando para alternativas como a utilização dos estacionamentos “Park&Ride” disponíveis em algumas estações de metro.

Em relação à adequação dos limites temporais de estacionamento para pessoas que têm aulas e trabalhos, Cristina Pimentel sublinha que, por causa do perfil daquela área, na Asprela, o tempo limite de permanência é o máximo permitido pelo regumento: seis horas. “Cobrem um período de tempo que nós consideramos que é justo para a zona da Asprela e que vai ao encontro da dinâmica da Asprela”, acrescentou.

Além das associações de estudantes das faculdades de Engenharia, Economia, Desporto e Ciências da Nutrição e da Federação Académica do Porto, que rejeitam por completo o pagamento do estacionamento em alguns arruamentos, e enviaram a esse propósito uma carta aberta a Rui Moreira, também a Faculdade de Engenharia, a maior do polo, tomou posição sobre a matéria.

Num comunicado emitido esta terça-feira, a FEUP reconhece que os seus parques de estacionamento têm uma capacidade limitada de estacionamento – para uma comunidade de mais de 10 mil pessoas – e que a introdução de parquímetros “penaliza diretamente sobretudo os estudantes sem boas alternativas de transporte público”.

A instituição é, contudo, também favorável ao estímulo “da transferência modal do transporte individual para o transporte público”, com a ressalva que há uma distinta ocupação do solo na Asprela ou no centro da cidade.

Por isso, consideram que “deveria haver uma diferenciação de taxas entre a periferia mais afetada (parte da Asprela) e o centro da cidade”. É a este nível que a Câmara se mostra disposta a conversar: “A FEUP também emitiu a sua posição e acredita que taxar é uma medida que contribui para a alteração modal. Não concordam muito com o preço e com o zonamento proposto. Sim, aí podemos ter alguma margem de manobra para acomodar uma revisão”, concluiu Cristina Pimentel.

As associações de estudantes da área estimam que a zona de estacionamento não taxada até 22 de junho abrangia cerca de 300 lugares de estacionamento.