As contas não são fáceis de fazer, mas numa estimativa conservadora, podem chegar às mil as beatas que diariamente são atiradas para o chão na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Daniel Freitas identificou o problema – “que é transversal” a outras faculdades e espaços públicos do país – e pensou numa forma de combater o problema. O projeto que apresentou, o “FEUP sem beatas”, venceu o concurso Mais Ideias Sustentáveis, promovido no seio da comunidade da FEUP.

“Tentei inspirar-me em coisas bem feitas e que pudessem ser replicadas no ‘campus’ da FEUP”, conta ao JPN o também presidente da Federação Académica do Porto, que neste concurso participou na qualidade de aluno do Mestrado em Engenharia de Serviços e Gestão.

“Há uma ideia que foi implementada em Londres por uma ONG e que consiste na construção de uns cinzeiros especiais, transparentes, que aliciam as pessoas a colocarem as beatas nesse recipiente, com uma pergunta apelativa”. O depósito da beata no recipiente A ou B acaba por funcionar como uma espécie de resposta. “A pergunta de exemplo que usei foi: Qual é o melhor jogador do mundo? E tinha um recipiente para o Ronaldo e outro para o Messi e isso alicia as pessoas a participarem”, considera o estudante.

As hipóteses são inúmeras. “A ideia é que essas perguntas possam ser mudadas ao longo do tempo aproximando-se da comunidade académica. Qual é a unidade curricular mais difícil? Análise Matemática I ou Análise Matemática II?”, exemplifica.

A FEUP conta com uma comunidade que ronda as 9 mil pessoas. Se 25% fumarem, contando que reflitam a média do país, são 2.250 pessoas fumadoras. Como nem todas vão à faculdade todos os dias, Daniel Freitas fez as contas a 60% de frequentadores diários e estimou que cada um fume três cigarros. Destes, estimou que cerca de 30% atire cigarros para o chão para chegar ao número próximo de mil.

Ao Comissariado da Sustentaibilidade da FEUP chegaram mais de 50 propostas. A ideia é desafiar a comunidade a apresentar soluções que contribuam para um ambiente mais sustentável na FEUP, seja no campo do tratamento de resíduos, da limpeza ou dos gastos energéticos. O concurso está dividido em duas fases. A segunda fase, que chama novamente os estudantes, docentes, investigadores e colaboradores da FEUP a participarem, arranca a 1 de outubro e prolonga-se até ao final de novembro.

Entretanto, o “FEUP sem beatas” vai ser implementado e Daniel acredita que vai estar a funcionar já no início do próximo ano letivo. “É um projeto-piloto que correndo bem depois pode ser replicado noutras faculdades da universidade ou eventualmente mais generalizada no contexto nacional”, conclui.

O responsável pela ideia vencedora destaca ainda a importância de iniciativas do género: “Este tipo de concursos, de auscultação da comunidade, são muito importantes. Há muito boas ideias. Eu acredito sempre que várias cabeças pensam melhor que uma. Foi uma forma interessante de chamar a comunidade académica a dar ideias para um espaço que também é seu, particularmente o ‘campus’.”