Um banho refrescante num dia de muito calor. Esta é a sensação de quem assistiu aos concertos do último dia do festival Marés Vivas.  As caras mais jovens na linha da frente estavam lá com um propósito: ouvir Tom Odell, mas não se recusaram a ceder à intensidade de Rui Veloso. James deram o concerto mais elétrico do festival e durante quase duas horas mergulharam o público numa espiral de energia que fez a multidão não querer arredar pé.  A 13ª edição do evento levou 90 mil pessoas à Praia do Cabedelo.

Foi com o tema “Still getting used to being on my own” que Tom Odell abriu o concerto, mas estar sozinho não foi um problema para o cantor. O público que aguardava com ansiedade a chegada do artista britânico cantou as letras de cor. As músicas do novo álbum “Wrong Crowd” como “Concrete” e “Sparrow” estiveram presentes, mas também não faltaram as mais conhecidas como “Another Love” e “Can’t Pretend”. Foi ao som de “Magnetised” que Tom Odell subiu para cima do piano enquanto abanava a bandeira portuguesa para celebrar as conquistas mais recentes de Portugal no desporto e a capacidade de bem receber quem vem de fora.

O piano de Tom Odell deu lugar à guitarra de Rui Veloso que, apesar de estar à beira mar, decidiu começar o espetáculo “rio abaixo, rio acima” com uma homenagem ao Douro. Depois da viagem de barco houve tempo ainda para “voar como o Jardel” e passar por êxitos como “Porto Côvo”, “Primeiro Beijo” e “Chico Fininho”. O artista lembrou que a música tinha que chegar a Nice, referindo-se à tragédia do dia 14 de julho e sublinhou: “Portugal é um país de paz, da paz. Portugal é um país em que toda a gente cabe”.

James: Duas horas a levar a multidão à loucura

Nos três dias do festival houve vários concertos que marcaram o público pela energia dos artistas, mas nenhum como James. Durante quase duas horas houve espaço para tudo. Desde surfar pelas mãos do público, a cantar com um megafone, passando pela dança frenética e (quase) descontrolada do vocalista. Tim Booth parecia ter pilhas que não se esgotavam.

Se há dois anos a banda foi recebida com chuva torrencial, esta visita foi bem mais quente. Antes do concerto começar, o palco iluminou-se para projetar a bandeira de Portugal e pôr a Praia do Cabedelo a cantar o hino nacional. Depois de festejar a vitória de Portugal no Campeonato Europeu de Hóquei em Patins e de cantar “A Portuguesa”, o palco recebeu a banda de Manchester que percorreu uma “set list” longa que não deixou de parte êxitos como “She’s a star” e “Just like Fred Astaire”, mas que apresentou temas do novo álbum “Girl at the end of the world” como “Attention” e “Dear John”.

Quando a banda acaba de tocar “Sometimes” o público prolongou o momento ao continuar a cantar durante alguns minutos, tornando a canção no tema mais emotivo da noite.

Marés volta para o ano de 13 a 15 de julho

Depois de uma edição com os dois primeiros dias esgotados e o último “praticamente esgotado”, a organização do Marés Vivas adiantou que o festival volta em 2017 de 13 a 15 de julho.

O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, agradeceu à organização e a todos os parceiros e garante que o festival vai continuar, sublinhando o caráter híbrido do Marés que é “um festival com muitas famílias e aos mesmo tempo um festival com um público que se internacionalizou também”.

No próximo ano, o festival deve manter-se na mesma zona, mas pode não ser “necessariamente no mesmo local”. Quanto aos impactos ambientais do evento, Eduardo Vitor Rodrigues assegurou: “O único impacto que aqui se sentiu foi a vibração das pessoas.”.