Os olhos do mundo se voltam novamente ao Brasil nesta sexta-feira (5) quando a pira olímpica será acesa no Rio de Janeiro, marcando a abertura oficial dos Jogos Olímpicos 2016. Por outro lado, a visão dos brasileiros sobre o evento ainda está marcada por dúvidas e incertezas quanto aos benefícios que o evento pode trazer ao país.

Em pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha nos dias 14 e 15 de julho, cinco em cada dez brasileiros responderam que não têm interesse e reprovam a realização das Olimpíadas no país. O número é maior que o registrado pelo mesmo instituto em balanço feito em 2013, quando apenas 25% dos entrevistados eram contrários aos Jogos e somente 28% estavam desinteressados pelo evento.

“O evento em si é muito bonito e anima bastante a população enquanto está acontecendo, mas os Jogos não chegaram em uma boa hora”, conta o servidor público Felipe Ribeiro, 32 anos, residente de Belo Horizonte. “Tivemos a Copa do Mundo há pouco tempo e vimos que muitas obras, como estádios, viraram elefantes brancos. O evento é muito bonito, mas não podemos esquecer que alguém vai ter que pagar pelas Olimpíadas e eu espero que essa conta não caia para os brasileiros”, rematou.

Apesar dos receios, Felipe Ribeiro conta que o período olímpico está trazendo alguns benefícios. “Minha esposa é comerciante aqui na cidade e está sendo muito comum um turista estrangeiro aparecer na loja dela procurando algo”.

A presença dos “gringos” é justificada. Belo Horizonte, capital de Minas Gerais na região Sudeste do Brasil, é uma das cidades que recebem partidas de futebol dos Jogos Olímpicos. Segundo dados da Secretaria de Estado de Esportes e do Núcleo de Articulação Minas 2016, o Estado vai receber aproximadamente dois mil atletas estrangeiros de 25 países, sendo que 18 delegações escolheram Minas para a realização de treino e aclimatação.

Na capital mineira, dados da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) indicam que cerca de cem mil pessoas devem visitar o município e sua região metropolitana durante o mês de agosto. Apesar de inferiores aos da Copa do Mundo de 2014, o órgão municipal acredita que a recente nomeação do Conjunto Moderno da Pampulha como Patrimônio Mundial da Humanidade pode impulsionar o turismo na capital durante o período olímpico.

Mesmo com os números atrativos para o turismo, o universitário Leonam Barbosa, 23 anos, acredita que o investimento deveria ter sido redirecionado para outras áreas. “Por mais que Belo Horizonte tenha uma infraestrutura para receber essas partidas, acho que neste momento de crise econômica, deveria se pensar em investimentos na pesquisa e educação ao invés deste tipo de evento”, comenta o estudante. “Olimpíadas é algo passageiro. É um turismo que vai beneficiar a cidade apenas por um mês”, defendeu.

Belo Horizonte vai receber dez partidas no Estádio Governador Magalhães Pinto, o “Mineirão”, incluindo a disputa entre Portugal e Argélia pelo grupo D do futebol masculino. A seleção de Rui Jorge joga no dia 10 de agosto, às 13h00 no horário de Brasília (16h00 no horário de Lisboa).

A cerimônia de abertura oficial dos Jogos Rio 2016 começa nesta sexta-feira (5) às 19h15, no horário de Brasília, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

 

Paulo Roberto Netto foi estudante de mobilidade internacional da Universidade do Porto nos cursos de Ciências da Comunicação e Línguas e Relações Internacionais. Atualmente é aluno de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte (Brasil).

Artigo editado por Filipa Silva