Nem tudo o que reluz é ouro e na capital da ourivesaria o ditado tem feito prova de vida. Que o digam as centenas de operacionais que nos últimos dias têm andado a combater incêndios em Gondomar.

Marco Martins, presidente da autarquia gondomarense e da Comissão Distrital de Proteção Civil do Porto (CDPC), deu os números: “Para terem uma noção, no concelho de Gondomar há uma semana tínhamos 37 hectares de área ardida. Hoje temos 1.431”.

O valor está, ainda assim, abaixo dos registados nos anos 2013, 2006 e 2003. Nesses anos, o concelho tinha “o triplo da área ardida” que tem neste momento. “O objetivo é que não cheguemos lá e consigamos ficar por aqui”, rematou.

O autarca colocou Constança Urbano de Sousa a par da situação numa visita que a ministra efetuou na manhã desta quinta-feira ao centro de operações, instalado no Parque Tecnológico de Gondomar.

Marco Martins adiantou ainda aos jornalistas que a reavaliação da manutenção do Plano Distrital de Emergência, ativado às 0h15 de segunda-feira e prolongado no dia seguinte até às 20h00 desta quinta-feira, vai ser feita às 19h00 pela CDPC.

Constança Urbano de Sousa foi informada de que neste momento “as coisas estão mais controladas” em Gondomar. “A primeira prioridade tem sido a proteção das pessoas, das habitações e só em último lugar da floresta”, declarou aos jornalistas depois do “briefing” com responsáveis da proteção civil.

“Neste momento, a maior preocupação é tentar confinar estas zonas de incêndio, evitar que se alastrem e sobretudo evitar novas ignições. Apelo aos cidadãos para que evitem comportamentos de risco”, declarou ainda a ministra.

Em termos de meios aéreos, a ministra da Administração Interna informou que foram acionados “todos os pedidos de ajuda”. Assim, aos 47 meios aéreos portugueses, juntaram-se dois Canadair espanhóis – a operar neste momento no concelho de Viana do Castelo – e dois marroquinos – que chegaram esta madrugada para operar em Castelo de Paiva. Pelas 13h00 chegará um Canadair italiano ainda sem um destino de operação. O Governo aguarda ainda uma resposta a um pedido à Federação Russa, também relativo a meios aéreos pesados.

Em relação ao uso destes meios na ilha da Madeira, onde a questão não é consensual no domínio da segurança e da eficácia, Constança Urbano de Sousa remete o problema para o Governo Regional – que já anunciou o pedido de um parecer sobre a matéria: “A questão da Proteção Civil da Madeira é uma questão autonómica. O Governo Regional da Madeira tem autonomia para decidir, em termos de Proteção Civil, os meios de que necessita. Não é o Governo da República que se deve imiscuir nessa questão”, frisou.

As previsões meteorológicas continuam a apontar para temperaturas altas, mas é expectável que o vento – “o grande inimigo dos incêndios” – abrande ao fim da tarde.

Tanto a responsável governativa como o autarca de Gondomar deixaram às forças que operam no terreno e às populações um “profundo agradecimento”. “A melhor homenagem a fazer é sermos responsáveis e não lhes darmos razões para este trabalho incansável no terreno”, rematou a ministra antes de sair da sala e fazer-se à estrada. Próxima paragem: Arouca.