As curtas-metragens “Balada de um Batráquio”, premiada com um Urso de Ouro em Berlim este ano, e “Rhoma Acans”, vencedora do prémio Take One! no Curtas de Vila do Conde, vão passar na terceira edição do MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, que vai estar no Rivoli de 14 a 16 de outubro.

As curtas de Leonor Teles são para já as únicas confirmações da programação, avançadas ao JPN por Nuno Silva, da SOS Racismo, que organiza a iniciativa. O programa completo deve ficar fechado na próxima semana.

O formato vai respeitar aquele seguido nos anos anteriores, com o festival a abrir com duas sessões dedicadas aos mais novos. No total, há 10 sessões e um total de 14 filmes. Cada sessão principal, nas noites de sexta, sábado e domingo, deve ser seguida de um debate em torno do(s) filme(s) exibido(s).

As curtas de Leonor Teles, que versam sobre comunidades ciganas, nomeadamente sobre atos discriminatórios de que são alvo, vão ser integradas na inauguração de uma exposição fotográfica, que vai ficar montada no “foyer” do auditório Isabel Alves Costa.

Esse trabalho, da responsabilidade da SOS Racismo debruça-se também sobre os lojistas que utilizam sapos de loiça para afastar a comunidade cigana dos seus estabelecimentos.

A SOS Racismo desenvolveu “esse projeto para que essa prática deixasse de ocorrer”, explica Nuno Silva ao JPN. “A exposição fotográfica vai documentar o projeto. A relação com os comerciantes, os objetivos, os resultados. Em princípio, a inauguração vai ocorrer no primeiro dia, sexta-feira”, diz.

O festival mantém-se de entrada gratuita e por isso vai recorrer novamente à angariação de fundos. Tal como na primeira edição, a MICAR recorre ao “crowdfunding” para angariar 2 mil euros que quer destinar a pagar licenças e autorizações de exibição de filmes, materiais didáticos e materiais de divulgação do festival.

“Havia a opção de o evento deixar de ser gratuito, passar a ter bilhetes, mas isso duplica os custos” porque oo valores exigidos pelas distribuidoras seriam outros. Por outro lado, explica Nuno Silva, há a questão do alcance: “queremos chegar ao maior número possível de pessoas e por isso não queríamos que a cobrança de uma entrada fosse um entrave para as pessoas participarem na MICAR”.

A MICAR é um festival único dentro do panorama nacional por ser exclusivamente dedicado a questões de racismo e discriminação. Este ano, o foco principal do festival é a questão dos refugiados e da migração. O evento é apoiado pela Câmara Municipal do Porto que cede a utilização do espaço no Teatro Municipal Rivoli.