A fiscalização do estacionamento abusivo na zona da Asprela vai ser reforçada. A garantia foi deixada na reunião pública do executivo da Câmara Municipal do Porto, na manhã desta terça-feira, pela vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel.

A questão foi levantada por Ricardo Almeida, a propósito da votação de um ponto da ordem de trabalhos: “Vem aí um novo problema no Polo da Asprela, com a pressão do início da ano letivo. O que está a acontecer é o aumento do estacionamento selvagem”, frisou o vereador do PSD que se assume favorável à concessão ali operada.

“Já temos zonas vazias porque a fiscalização é forte junto aos parquímetros, mas depois existe fiscalização reduzida desse estacionamento selvagem”, reforçou.

Cristina Pimentel assume que “numa primeira fase, com o aumento das ruas taxadas, vai haver esse problema nas [ruas] adjacentes”, mas garante estar a seguir de perto o problema com a Polícia Municipal. “Temos neste momento algumas garantias de que esta fiscalização irá ser reforçada”, declarou aos presentes.

Rui Moreira acrescentou a propósito o que classificou como “uma boa notícia”: o contingente da Polícia Municipal foi entretanto reforçado com a entrada ao serviço de mais de 40 agentes “que já estão a operar e que estão com atenção a essas zonas”, referiu.

A vereadora da Mobilidade reforçou que quer fazer da Asprela um exemplo nomeadamente na promoção da utilização dos transportes públicos: “Sabemos que a Asprela é uma zona complexa, mas também tem ali alternativas que podem começar a ser usadas para uma transferência modal. O caso da Asprela, pensamos, poderá ser paradigmático da indução de uma transferência modal”, sublinhou.

Rui Moreira admite que a cidade continua a ter um problema com o estacionamento ilegal e diz-se sobretudo preocupado com o estacionamento em cima de passadeiras, a aproveitar o rebaixamento de passeios que a câmara tem feito um pouco por toda a cidade: “Não sei o que hei-de dizer a estas pessoas. É uma questão de civismo”, enfatizou.

A discussão aqueceu quando o vereador da CDU, Pedro Carvalho, voltou a manifestar as reservas do partido face à concessão de lugares de estacionamento nos moldes acordados pela Câmara Municipal do Porto.

O vereador defende que o sistema adotado vai conduzir a uma expansão da mancha de estacionamento pago a toda a cidade. E acredita que mesmo a atribuição de cartões de residentes, vai alimentar essa mancha.

De acordo com as explicações prestadas pela vereadora Cristina Pimentel, a empresa concessionária do estacionamento pago à superfície tinha um limite no número de lugares nesta primeira fase – 6 mil – tendo esse limite já sido atingido. Na reunião desta terça-feira foi votada e aprovada com o voto contra de Pedro Carvalho da CDU e a abstenção de Carla Miranda do PS, a extensão do estacionamento pago em mais 1200 lugares, que resultam numa compensação ao concessionário pela atribuição de cartões de residentes (até 50% por zona). O documento votado prevê ainda uma isenção do pagamento de avenças dos residentes até ao final do ano.

Rui Moreira defende que é um bom modelo para os moradores. “É verdade que para quem vive fora do Porto isto é penalizante. Para os moradores, não tenho dúvidas que é uma vantagem e a compensação [devida pela Câmara à concessionária por cada cartão de morador] é perfeitamente legítima”, afirmou o autarca.

Os dois responsáveis trocaram “galhardetes” a propósito das posições críticas assumidas pelo presidente da CMP em relação à CDU nesta matéria, nomeadamente na comunicação social, com Rui Moreira a apontar para um concelho vizinho – Matosinhos – onde um vereador da CDU com o pelouro da Mobilidade aprovou a implementação de estacionamento pago naquele concelho, mas o calor da discussão aumentou com a intervenção da vereadora Carla Miranda, do PS, que se queixou da ausência de “um documento estruturante” sobre esta matéria e outras relacionadas com o espaço público no Porto.

Rui Moreira rejeitou a acusação de forma veemente: “O que está a falar existe. Chama-se PDM e está neste momento em discussão e está inclusivamente a ser coordenado por uma pessoa do Partido Socialista”, atirou, em referência ao vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes.

A Manuel Pizarro coube encerrar o tema para recordar que a CMP baixou o preço do estacionamento pago para os 25 euros anuais para residentes, dentro e fora do centro histórico.

Sobre a Asprela, mostrou apoio ao estacionamento pago naquela zona, mas assumiu ser da opinião de que o modelo de estacionamento de curta duração “é inútil para a maioria dos utilizadores” daquela área, deixando o repto de que terá de ser encontrada uma solução para o problema.

 

Artigo corrigido às 09h54 de 08 de setembro.