A Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG), localizada nos jardins do Palácio de Cristal, que por esta altura recebem uma das mais importantes celebrações culturais da cidade do Porto, a Feira do Livro, foi palco da apresentação do programa de comemoração dos 20 anos de livros de Valter Hugo Mãe, esta quarta-feira à tarde.

As comemorações vão acontecer primeiro no Porto, a 2 de outubro, na Casa da Música, e depois em Lisboa, a 8 de outubro, no Teatro S. Luiz. Mas é possível que Valter Hugo Mãe vá estar noutras partes do país”, como adiantou Rui Couceiro, assessor de comunicação da Porto Editora, durante o evento.

Para evitar que aconteça aquilo que aconteceu quando lançou a “Desumanização”, em 2013 – “altura em que a Casa da Música esgotou completamente e houve muita gente que ficou de fora por não conseguir arranjar bilhete” – o espaço vai acolher um programa diversificado durante todo o dia, com várias sessões.

O livro “Homens imprudentemente poéticos” só chegará às livrarias de todo o país no dia 3 de outubro, mas vai poder ser possível adquiri-lo, pela primeira vez, no dia anterior, na Casa da Música.

Valter Hugo Mãe, Rui Moreira e Rui Couceiro.

Valter Hugo Mãe, Rui Moreira e Rui Couceiro. Foto: César Castro

A Câmara Municipal do Porto quis associar-se às comemorações dos 20 anos do percurso literário de Valter Hugo Mãe. “É, sem dúvida, uma das grandes referências da literatura portuguesa contemporânea, com um percurso que foi marcado por inúmeros prémios, por muitas críticas elogiosas, que o consagram como uma das vozes da língua portuguesa mais reconhecidas e também mais requisitadas internacionalmente”, sublinhou Rui Moreira, presidente da autarquia, que também marcou presença na BMAG.

Rui Moreira e o “renascimento” da cultura no Porto

Valter Hugo Mãe devolveu os elogios. O autor considerou que a cultura no Porto foi muito “maltratada” em mandatos anteriores e teceu algumas considerações laudatórias ao atual executivo, encabeçado por Rui Moreira, que é também quem detém a pasta da Cultura desde o desaparecimento de Paulo Cunha e Silva: “O aparecimento deste executivo foi, de facto, o renascimento. Eu diria, até, de uma qualquer esperança.”

O escritor confessou mesmo que estar presente na Feira do Livro do Porto, “que é a melhor feira do livro do país”, acompanhado por Rui Moreira, significa muito para si. “Ele [Rui Moreira] e o seu executivo devolveram a cultura ao Porto com orgulho e com exuberância.”

De Paulo Cunha e Silva a José Rodrigues

Valter Hugo Mãe relembrou, no decorrer do seu discurso, Paulo Cunha e Silva, vereador da câmara portuense, que faleceu em novembro, vítima de um enfarte do miocárdio agudo. “O primeiro sentimento com que venho aqui tem muito que ver com isto: com o faltar-nos o Paulo Cunha e Silva, mas, de alguma forma, sentir que a sua herança e que aquilo que foi deixado continua.”

Auditório da BMAG encheu.

Auditório da BMAG encheu. Foto: César Castro

Também o artista plástico José Rodrigues, falecido no passado sábado, 10 de setembro, foi recordado pelo escritor. “O José Rodrigues era uma grande figura, aqui, do Porto, que eu adorava. Tenho muita pena que a gente fique sem o seu abraço, mas sei que nunca ficaremos exatamente sem ele.”

“Estamos, hoje, na melhor feira do país”

Na opinião de Valter Hugo Mãe, “as feiras do livro estão transformadas em escaparates de cosméticos das novidades.”

Apesar de não ter nada contra novidades – não fosse estar a lançar um livro, muito em breve – o escritor refere que “enquanto leitor, enquanto pessoa que gosta de comprar livros” o que espera “de uma feira do livro é que tenha a memória, é que traga um fundo de catálogo, é que traga promoções”, até porque, frisou, não é “tão rico quanto isso.”

Para o autor vilacondense, “a Feira do Livro do Porto está pensada a partir da importância dos livros, do conforto, do prazer de ser leitor”, e por isso reforçou que a considera “a melhor feira do país”, finaliza.

Programação do evento na Casa da Música
2 de outubro

11h e 12h – Cibermúsica – Hora do Conto
“O homem que mentia aos pássaros”Adélia Carvalho e Valter Hugo Mãe

O homem que mentia aos pássaros é um livro que será oferecido às crianças, nas duas sessões do conto. “É uma pequena história que eu inventei a partir do romance, ou seja, no romance existe um artesão e eu roubo esse artesão para este pequeno conto infantil. O que ele faz no conto infantil é diferente daquilo que ele faz no romance. No romance, ele é um estafermo. No conto para crianças, ele é amoroso”, adianta o escritor.

Lotação limitada a 40 crianças. Cada criança pode ser acompanhada por um encarregado de educação. Cada pessoa pode levantar até um máximo de 4 bilhetes (correspondente a 4 crianças).

14h30 – Cibermúsica – A Academia sobre a obra de Valter Hugo Mãe
“Nenhuma palavra é exata”, por estudiosos do trabalho do escritor

“Nenhuma palavra é exata” reúne textos que académicos, de várias partes do mundo, escreveram a propósito da obra do Valter Hugo Mãe, estando compilados escritos de todas as áreas literárias de Valter Hugo. O debate sobre o livro conta com a moderação do jornalista Sérgio Almeida, do “Jornal de Notícias”, e com ilustração de Carlos Nogueira.

“Há textos dedicados à sua obra poética, à sua obra para crianças, aos seus romances. É um livro absolutamente fundamental para compreender a obra do escritor. Um livro que tem características muito diferentes daquilo que normalmente se faz sobre os escritores em Portugal. Poucos autores possuem uma obra deste tipo”, adiantu Rui Couceiro.

16h30 – Átrio Principal e Foyer Nascente – Leituras Imprudentes

Adolfo Luxúria Canibal, Ana Deus, João Gesta e Rui Spranger leem excertos do novo romance de Valter Hugo Mãe.

17h30 – Sala Suggia – Lançamento do novo romance “Homens imprudentemente poéticos”

Valter Hugo Mãe conversa com Teresa Sampaio
Estreia do trailer cinematográfico de Miguel Gonçalves Mendes
Música por Teresa Salgueiro.

Valter Hugo Mãe apresenta, na sala principal da Casa da Música, o seu novo romance, em conversa com a jornalista Teresa Sampaio.

Miguel Gonçalves Mendes, realizador do filme “José e Pilar” dedicado a José Saramago, mostra um trailer de um filme que se relaciona com o livro apresentado. Por fim, convoca-se a voz de Teresa Salgueiro. “A Teresa Salgueiro é uma das intérpretes favoritas do Valter. Ela tem também um grande apreço pela obra do nosso autor e aceitou prontamente participar nesta sessão”, explicou Rui Couceiro.

19h00 – Café Casa da Música – Sessão de autógrafos

O levantamento para todas as sessões da Casa da Música pode ser feito a partir deste sábado, dia 17 de setembro.

 

Artigo revisto por Filipa Silva