Um “elenco” de luxo juntou-se ao final da tarde de sexta-feira, na Casa de Serralves, para a inauguração da exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”. O ambiente era de celebração. Afinal, a coleção não fugiu do país e, como se viria a saber mais tarde, já não fugiria de Serralves.

“Nesta época onde tantas vezes temos dúvidas sobre a hierarquia dos valores, a história recente desta coleção ajuda-nos a pôr os valores na sua devida hierarquia”, notou no seu discurso António Costa. “Com esta coleção nós ficamos a saber que os bancos por muito valiosos que sejam podem-se ir, mas há algo que fica e que é permanente e de um valor intangivel, que é o valor da criação cultural”, rematou.

António Costa frisou que “a coleção tinha que passar a estar aberta e acessível, conhecível pelos cidadãos de forma a ser património de todos”. “Que todos possam sentir que esta coleção é verdadeiramente também a sua coleção”, desafiou.

“A partir de hoje o Porto não partilha com Espanha só as águas do Douro, passa também a partilhar a presença, a oportunidade de conhecer e de divulgar uma obra que é hoje felizmente património comum de toda a humanidade”, afirmou ainda António Costa a fechar o seu discurso.

Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, alinhou pelo diapasão do homólogo: “Vivemos um dia de celebração da nossa cultura partilhada”. Rajoy mostrou-se feliz pela permanência desta coleção na cidade do Porto. “Hoje é um bom dia para sublinhar os afetos que ligam portugueses e espanhóis, um sentimento que tem as suas origens no passado, mas que agora se projeta num futuro comum que os dois países partilham na Europa.”

“Ao inaugurar hoje ‘Joan Miró: Materialidade e Metamorfose’ também é impossivel não falar em liberdade, liberdade como é o caso destas obras, para repensar e reinterpretar a tradição pictórica espanhola, para compatibilizar a vanguarda mais audaz e as raízes mais genuinamente populares”, disse ainda o responsável espanhol.

Marcelo Rebelo de Sousa concluiu a cerimónia com um curto discurso em que saudou Rui Moreira por ser o presidente da “capital da liberdade e da criatividade cultural que é o Porto. Onde melhor deveria ficar uma coleção de Joan Miró ele próprio exemplo de cultura e de liberdade?”

O Presidente da República aplaudiu “a decisão do governo que soube compreender a situação existente e acolher o que melhor se ajustava ao interesse nacional.”

Por último enalteceu as relações entre Portugal e Espanha, manifestando que “não há amizades simples, todas são exigentes, desafiadoras e quanto mais antigas, mais intensas, mais exigentes são”. “A nossa amizade é antiquíssima”, sublinhou Marcelo.

Houve ainda tempo para o Presidente da República anunciar a visita de “sua majestade o Rei Filipe VI, já em novembro, aqui mesmo na mui nobre e leal cidade do Porto.”

A segunda novidade da noite chegaria após o término da cerimónia, Rui Moreira anunciou a permanência da obra de Miró na Casa de Serralves. Assim, na Península Ibérica passam a existir três grandes exposições inteiramente dedicadas a Miró.

Artigo editado por Filipa Silva