O JPN aproveitou a passagem de Teresa Salgueiro pelo Porto, este domingo, quando foi à Casa da Música para participar no lançamento do novo romance de Valter Hugo Mãe, para uma mini-entrevista a propósito do concerto que vai dar ali mesmo, no próximo sábado.

JPN: Quais são as expectativas para o concerto de dia 8, aqui, na Casa da Música?

TS: Para este e, logo no dia seguinte, no dia 9, no CCB, em Lisboa. As expectativas são sempre grandes.

Este será um concerto com os temas exclusivamente novos ou podemos esperar alguns mais antigos?

TS: O concerto não será exclusivamente com o repertório do disco [novo]. Também terá um repertório comum com o concerto anterior, que é algum repertório do disco “Mistério” e alguns arranjos que eu ao longo do tempo fui fazendo para temas da tradição, temas dos quais eu me sinto próxima e que penso que ajudam tanto aqui [em Portugal] como fora daqui. É localizar-me perante quem me está a ouvir, localizar a música que eu faço.

E que música é essa?

TS: De alguma forma, é trazer ao palco música na qual eu me inspiro, música que é a razão para que eu cante e que faz parte do percurso da minha vida. Portanto, há uma parte do concerto que não é só a minha música.

Difere muito cantar para o público português e para o público estrangeiro?

TS: Uma diferença que é notória é cantar em português e as pessoas perceberem o que estou a dizer. Isso também acontece no Brasil. Se bem que nem sempre se consegue fazer entender tudo o que nós dizemos. Nós percebemos melhor o português do Brasil do que eles percebem o português de Portugal, o que é natural, porque o português deles é muito mais aberto, foneticamente falando, e essa é uma diferença fundamental. A outra é sentir que se está em casa a partilhar um momento. E Portugal, sendo um país muito pequenino, é um país enorme nas suas diferenças. É gigante em termos de influências culturais. De norte a sul do país, encontramos populações muito distintas, formas de ser muito distintas e isso é muito interessante. Depois, nos outros países do mundo, cada país tem uma relação com o fenómeno da música que é distinto. Cada país tem uma forma de ser, tem uma cultura, cada povo, mas felizmente sou saudada com muito entusiasmo à maneira de cada país em todos os países que visito. Talvez haja países com formas mais efusivas de ser

Como por exemplo?

TS: É o caso do México para o qual eu gravei um disco o ano passado e que só está disponível online. O Brasil também é um povo muito efusivo. Mas depois na Europa também as pessoas têm uma forma de ser mais contida, mas também se libertam. A música é uma libertação. Quando as pessoas gostam e estão a fruir ficam felizes, saúdam e entusiasmam-se.

Por falar em Portugal, existe algum sítio em que lhe falta tocar? Ou onde gostaria de tocar?

TS: Já há muitos anos que não toco nem no Coliseu de Lisboa nem no Coliseu de Porto. Nutro um carinho muito especial e gostaria muito de lá voltar, quando for a altura certa. Não tenho pressas, mas gostaria de o fazer.

Artigo revisto por Filipa Silva