Dario Oliveira, diretor do festival de cinema documental Porto/Post/Doc anunciou, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, a programação da edição deste ano do certame. A maior novidade é o programa “Mini” dedicado a crianças e jovens, inserido no projeto educativo do festival, “School Trip”.
“É uma necessidade e é uma obrigação de um festival como o nosso, que se quer rever na cidade, trabalhar também para os públicos mais novos. Procuramos que o nosso público se renove, de todas as formas, e para isso temos que contar também com os mais novos. Portanto, espero que seja uma das secções mais concorridas do festival e espero que esta edição sirva para ampliar ainda mais aquilo que é o nosso trabalho e que não se extingue na exibição de filmes”, afirmou o diretor do festival.
De entre os filmes que serão exibidos no âmbito do programa “Mini”, Dario Oliveira destacou um clássico do cinema, “O Balão Vermelho”, que data de 1956 e inspirou recentemente o filme da Disney “Up! Altamente”.
O evento disponibiliza, também para os mais novos, oficinas gratuitas, restritas a um número limitado de inscrições. Estão também abertas as inscrições a grupos escolares, mediante marcação. Abre-se assim a possibilidade de participação nas seguintes oficinas, a realizar no Teatro Rivoli: a Oficina Áudio Visão para crianças dos 4 aos 10 anos e as Oficinas Dentro e Fora de Nós e Stop Motion, para crianças dos 8 aos 14 anos.
“Cinema Novo” na abertura
Do leque de novidades apresentadas fazem ainda parte: o Foco Eryk Rocha, cineasta brasileiro que apresentará uma esperada estreia nacional, o filme “Cinema Novo” na abertura do festival e o Foco Sensory Ethnography Lab (SEL), que apresenta uma seleção de filmes de cinema sensorial do laboratório da Universidade de Harvard.
“Este cinema sensorial tem várias vertentes, mas é um cinema muito forte do ponto de vista das memórias que ficam e daquilo que faz numa exibição”, comentou Dario Oliveira. Do foco SEL destaca-se o filme “Leviathan”, um filme de terror realizado com recurso a câmaras GoPro.
A competição principal contará com 13 filmes pautados por “uma grande diversidade de temas e de estéticas, desde os conflitos sociais e políticos à beleza das relações humanas, que escasseia em alguns pontos do planeta, desde a hipocrisia desta época que vivemos do fim do capitalismo anunciado a outros temas mais difíceis de tratar noutro género cinematográfico”, como anuncia Dario.
Os filmes em competição foram selecionados de entre 600 propostas submetidas a um júri composto por 16 profissionais do cinema e das artes visuais. Muitos são estreias nacionais e algumas internacionais.
Da programação fazem parte também o “Transmission”, secção já habitual, dedicada a filmes documentais sobre música, que conta com a parceria da produtora Lovers & Lollypops.
A concurso estão ainda, pela primeira vez, filmes de estudantes de escolas artísticas portuguesas, competição inserida no projeto educativo “School Trip”, que volta a incluir uma sessão de filmes da Escola Artística Soares dos Reis.
A secção Cinema Falado abrange filmes recentes em língua portuguesa. “Espero isto possa ser uma secção cada vez maior e com uma implantação continuada, edição após edição”, declara Dario.
Além das secções referidas, há ainda duas secções especiais, o “Doc is The New Black”, secção cujo enfoque é a moda e o “Cinefiesta”, com programação dedicada aos novos documentários espanhóis. Tal como na segunda edição o festival, conta ainda com a secção “Teenage”.
O festival vai encerrar a 4 de dezembro com uma homenagem a David Bowie, falecido este ano, com a exibição do documentário “Bowie, l’homme cent visages ou le fantôme d’hérouville”, da autoria de Goram H. Olsson, Daniel Jadama e Lars Lóven.
Cinema sensorial em debate
Como tem sido habitual, haverá um espaço de debate e reflexão, o Fórum do Real. O tema central em discussão nesta edição é o cinema sensorial, foco principal do evento.
O diretor do festival comenta que “o Fórum do Real é dirigido antes de mais à academia, aos alunos dos vários níveis, principalmente da Universidade do Porto.”
Guilherme Blanc, adjunto do presidente da Câmara do Porto para a área da cultura, afirma que o “Post/Doc é pertinente, faz sentido na cidade, é um projeto singular, propõe um conjunto de propostas que nos permitem visitar paisagens cinematográficas distintas.” Aponta também que “o apoio da Câmara Municipal é um apoio financeiro, anual, que aconteceu também este ano, mas é também um apoio, uma parceria, uma coprodução”. “Temos pensado em soluções programáticas conjuntas. Temos essa expectativa, esse horizonte de colaboração com o Post/Doc para projetos futuros.”
O diretor do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes, considera que o Porto/Post/Doc dá “textura ao projeto do Teatro Municipal do Porto, que propõe desta forma, com estas parcerias, com estes festivais da cidade, uma programação muito eclética e muito aberta a toda a população.”
Na conferência anunciou-se ainda um novo parceiro do festival, os Vinhos Verdes, que não se limita a patrocinar o evento, mas também colabora com documentários sobre a região dos vinhos verdes, da autoria do realizador Pedro Nunes, “que refletem um bocado esta ligação do vinho também ao cinema e de procurarmos ir buscar um bocado daquilo que está na alma da nossa região”, diz Manuel Pinheiro, representante dos Vinhos Verdes. x “A história do Porto está muito ligada aos vinhos e, portanto, parece-nos que é uma ligação muito feliz”, considerou Manuel Pinheiro.
O Grande Prémio, no valor de 3000 euros, será assegurado por este parceiro.
São nove dias de festival, que vão contar com a exibição de 100 filmes e com a participação de “mais de 200 convidados, profissionais da área do cinema, do audiovisual, do pensamento, da crítica”, como afirma Dario Oliveira. O orçamento do evento é de 130 mil euros.
“Que este festival e o ambiente que nós conseguimos criar nas outras duas edições seja repetido este ano e que esta participação ativa e a partilha das emoções de ver um filme numa sala com mais algumas centenas de pessoas ao nosso lado volte a ser uma coisa que fique na memória de todos”, desejou o diretor do festival.
A 2º edição do festival teve 7 mil espectadores. Dario Oliveira aguarda que chegue aos 10 mil nesta que é a terceira edição do Porto/Post/Doc. A programação completa pode ser consultada no site do evento. Os bilhetes para o festival custam 4 euros por sessão, sendo de 2 euros para menores de 18 anos e maiores de 65 anos.
Os eventos do Fórum do Real, happy hours e as festas Transmission têm entrada livre.
Artigo editado por Filipa Silva