Foi nas escadarias do átrio principal da Reitoria da Universidade do Porto (UP), onde muitas reuniões de estudantes foram interrompidas pela polícia durante o Estado Novo, que se ouviu o repto a 18 de outubro. Pacheco Pereira, curador da exposição “Movimentos Estudantis da Universidade do Porto 1968-1974”, cuja inauguração começou simbolicamente naquele local, dava conta de que estava em curso um processo na Universidade do Porto tendo em vista homenagear os estudantes perseguidos pelo Antigo Regime.

Na última sexta-feira, o Conselho Geral da instituição aprovou a proposta de colocação de uma placa de homenagem no átrio da Reitoria com a seguinte mensagem: “A Universidade do Porto, por deliberação do seu Conselho Geral, presta homenagem aos estudantes que foram presos, suspensos, multados e perseguidos na sequência dos plenários realizados neste local nos anos de 1968/1974, que contribuíram para o advento do 25 de abril e o derrube da ditadura”.

Além da exposição – que terminou a 31 de outubro – e da placa de homenagem, está também a ser preparada uma base de dados com o objetivo de preservar a memória dos estudantes do Porto e da sua ação no derrube do regime: “A nossa ideia é, não só continuar a recolha da documentação do Movimento Estudantil do Porto, começar a digitalização sistemática, escola a escola, de toda a documentação e começar a construir uma base de dados interativa, que eu penso que durará cerca de um ano a ficar em condições de poder dar depois origem a publicações”, contou Pacheco Pereira, também membro do Conselho Geral da UP, em outubro ao JPN.

A base de dados a construir terá cerca de 50 mil entradas iniciais.

O Conselho Geral é um dos três órgãos máximos de governo da Universidade do Porto, cabendo-lhe definir o desenvolvimento estratégico, bem como a orientação e a supervisão da instituição. Tem 23 membros, entre docentes/investigadores, estudantes, um funcionário e seis membros externos, e cabe-lhe, por exemplo, a eleição do Reitor da U.Porto, bem como a aprovação – sob proposta do Reitor – das linhas gerais de orientação da instituição no plano científico, pedagógico, financeiro e patrimonial.