Pouco mais de 10 minutos de distração boavisteira foram suficientes para o Paços de Ferreira matar o jogo que opôs as duas equipas na noite desta segunda-feira, na Mata Real. O Paços de Ferreira bateu o Boavista por 2-1, alcançando uma vitória no primeiro jogo da equipa depois da saída de Carlos Pinto do comando técnico.

As duas equipas apresentaram alterações nos onzes iniciais. No onze do Paços, Barnes Osei e Mateus deram lugar às entradas de Ivo Rodrigues e ao talentoso Andrézinho, que esteve fora das opções do antigo treinador, Carlos Pinto, quase durante três meses.

Já o Boavista, contou com três alterações relativamente ao onze que jogou no Bessa frente ao Sporting: Iuri Medeiros substituiu Anderson Correia, Samu jogou no lugar de Fábio Espinho e Carlos Santos deu lugar ao experiente central, Lucas.

Antes da partida se iniciar, fez-se um minuto de silêncio em memória das vítimas do acidente de avião da passada terça-feira na Colômbia onde estavam os jogadores da Chapecoense. O avançado pacense Welthon trocou o seu nome por “Chapecoense” na camisola de jogo.

Um Boavista adormecido na primeira parte

O Paços de Ferreira entrou mais esclarecido e determinado. Apesar da derrota na jornada passada frente ao Arouca por 1-0 e da saída do treinador Carlos Pinto há uma semana, a equipa da casa quis impor o seu jogo. Durante a primeira parte os “castores” atacaram com maior clareza em relação ao adversário. Logo nos primeiros três minutos de jogo, houve três cantos favoráveis à equipa da casa. Faltava criar perigo.

Um remate de Iuri Medeiros, extremo boavisteiro emprestado pelo Sporting, cortado pela defesa do Paços e um remate desenquadrado de Carraça fora da área, foram os lances mais perigosos dos visitantes nos primeiros 15 minutos de jogo.

Ao minuto 18, na sequência de um livre batido por Pedrinho, Marco Baixinho aproveita uma saída em falso de Aghayev para colocar a bola no fundo das redes. O Paços de Ferreira só tinha faturado em uma ocasião nos últimos quatro encontros. Estava feito o 1-0.

O Boavista não conseguiu reagir ao golo e a tendência do jogo manteve-se: muita troca de bola e disputas a meio-campo, contudo o Boavista não conseguia instalar-se no meio-campo adversário, muito porque a bola não chegava aos seus extremos criativos: Iuri Medeiros e Renato Santos.

No minuto 23, surgiu a jogada mais bonita do encontro por parte do Paços de Ferreira. Grande desenho ofensivo, com passe de calcanhar de Gleison à entrada da área para Welthon, com o avançado a rematar rasteiro para fora. O resultado podia ter sido dilatado nessa altura. Mas não demorou muito até que o 2-0 aparecesse.

27 minutos corridos e Andrézinho arrancou pela esquerda, olhou e descobriu Welthon que recebeu o cruzamento rasteiro do jovem e rematou colocado à baliza, sem hipótese para o guarda-redes das “panteras”. Em menos de 10 minutos, a vida ficou muito complicada para o Boavista.

A partir da meia-hora de jogo, o Paços de Ferreira, apesar de estar confortável no jogo, baixou as linhas. Altura em que o Boavista reage e consegue cinco cantos seguidos, contudo nenhum com perigo iminente para a baliza de Defendi.

Aos poucos, o Boavista ia aparecendo, começou a ter mais bola e a jogar mais no meio campo ofensivo. Ao minuto 35, Carraça remata à entrada da área mas a bola saiu junto ao poste direito da baliza de Rafael Defendi.

Apesar do Paços ter sido superior na primeira parte e da vantagem se justificar, o Boavista tinha 55% da posse de bola. A maior parte das vezes que o Boavista conseguiu chegar à baliza de Defendi foi por meio de bolas paradas.

A segunda parte começou com um Boavista mais decidido e mais agressivo. Apesar disso, um erro crasso do defesa axadrezado podia ter dado o 3-0 à equipa da casa, depois de ter permitido um roubo de bola perto da área… Valeu Aghayev que defendeu o remate de Welthon.

O momento da viragem

Mas quem não marca arrisca-se a sofrer. Aos 54 minutos, Iuri Medeiros é rasteirado na área e Miguel Vieira, que já tinha visto um amarelo na primeira parte, vê o segundo cartão e é expulso. Renato Santos foi chamado para converter a grande penalidade e não perdoou: bola para um lado, guarda-redes para o outro. Estava reduzida a desvantagem para 2-1 aos 55 minutos. Foi o segundo golo do jogador na presente temporada.

O Boavista cresceu na partida e cinco minutos depois do golo, Edu teve uma iniciativa no corredor direito, driblou para o meio e tentou colocar de trivela no poste mais distante mas sem sucesso.

O Paços de Ferreira viu-se obrigado a fazer uma dupla alteração e colocou em campo Barnes Osei e Mateus para o lugar de Gleison (menos agressivo defensivamente) e Andrézinho, que, apesar da sua qualidade indiscutível e de ter sido um dos melhores em campo, estava sem ritmo de jogo.

Havia mais espaço para o Boavista atacar depois de estar a jogar contra 10, mas apesar de rematarem mais, não criavam qualquer perigo. Do lado da equipa da Mata Real, apenas houve dois lances de maior perigo depois da expulsão: um livre de Ivo Rodrigues aos 70 minutos que obrigou Agahyev a estirar-se e a tocar para canto e, já em cima do minuto 90, um remate de Barnes já dentro da área para defesa segura do guarda-redes boavisteiro.

Do lado da equipa visitante, Miguel Leal apostou no jovem avançado Idé Gomes de 2,04m, que se estreou com a camisola do Boavista e tirou o defesa central Philipe Sampaio que já tinha cartão amarelo. O Boavista passou a jogar apenas com três defesas, arriscando tudo pelo empate.

Na última jogada do encontro, grande chance para o Boavista depois de um cruzamento rasteiro já dentro da área mas a bola passou a poucos centímetros da chuteira de Idé, fixando-se o resultado final em 2-1 para o Paços de Ferreira, que iguala o Boavista e Vitória de Setúbal na tabela classificativa. Todos com 13 pontos.

Destaque para os “Inhos”

Marco Baixinho, Pedrinho, lutador incansável quer defensiva quer ofensivamente e Andrézinho foram as figuras de destaque na equipa do Paços de Ferreira. Marco Baixinho fez o primeiro golo com uma bela assistência de Pedrinho, após conversão de um livre e Andrézinho assistiu Welthon para o segundo golo.

 “Tenho que enaltecer o grupo que temos. Até que a voz me doa.”

Foram palavras de contentamento de Vasco Seabra, agora treinador principal do Paços de Ferreira. Não escondeu o orgulho que sente pelos seus atletas e reforçou a qualidade dos seus atletas a todos os níveis, porque são jogadores que nunca desistem. Relembra ainda, que todo este trabalho não é apenas de uma semana de treinos e, por isso, esta vitória deve-se ainda muito ao antigo treinador Carlos Pinto.

“Fizemos tudo para ganhar”

Miguel Leal, o técnico axadrezado, admite as falhas que houve durante a primeira parte, usando o termo “jogo descontrolado”. Na segunda parte, o Boavista cresceu no jogo mas não foi suficiente para conseguir o empate. O treinador referiu ainda que jogadores como Idris e Fábio Espinho são ausências importantes porque são jogadores com muita experiência e que pautam mais o jogo.

Depois dos últimos resultados negativos, Miguel Leal acredita que o Boavista vai conseguir dar uma resposta positiva já na próxima partida no Bessa, frente ao Vitória de Guimarães.

Ficha de Jogo
Competição: 
Liga NOS, 12ª jornada
Estádio: Mata Real, Paços de Ferreira
Golos: Marco Baixinho (18’); Welthon (27’); Renato Santos (55’)

Cartões Amarelos:  Miguel Vieira (8’; 54’); Tengarrinha (37’); P.Sampaio (63’); Carraça (76’); Barnes (78’); Iuri Medeiros (90’); Ivo R. (90+3’)
Cartões Vermelhos: M.Vieira (54’)

Equipa de Arbitragem
Árbitro: 
Artur Soares Dias
Árbitros Assistentes: Rui Licínio e André Dias
Quarto Árbitro: Pedro Vilaça

Paços de Ferreira
Onze inicial:
 Defendi; B.Santos; Ricardo (C); M.Vieira; João Góis; M.Baixinho; Andrézinho; Pedrinho; Welthon; Gleison e Ivo R.
Suplentes utilizados:  Mateus; Barnes e Ricardo Valente
Treinador: Vasco Seabra

Boavista FC
Onze inicial:
  Aghayev; Edu M.; P.Sampaio; Lucas; Talocha; Carraça; Tengarrinha; Samu; Schembri; Iuri Medeiros e Renato Santos
Suplentes utilizados:  A.Correia; Idé Gomes; Emin Makhmudov
Treinador: Miguel Leal