Quem comprou bilhete para o jogo de quarta-feira no Estádio do Dragão talvez pensasse que iria ver um filme diferente daquele que foi passado no King Power Stadium, em setembro. Mas não foi sempre assim. O Porto dominou, como já o tinha feito na segunda jornada, mas a grande diferença esteve na eficácia.
Se até aqui se pediam golos à equipa de Nuno Espírito Santo, neste jogo viram-se golos de vários feitios. Os extremos Corona e Brahimi, sempre uma ameaça para a defesa inglesa, responderam à chamada com golos de belo efeito.
O FC Porto dominou o jogo e oportunidades não faltaram para que o resultado fosse mais dilatado. À já habitual solidez defensiva dos “dragões” juntou-se uma eficácia ofensiva que permitiu à equipa da casa infligir a maior derrota de sempre a uma equipa inglesa na Liga dos Campeões.
O mesmo filme com final diferente
O FC Porto entrou no jogo mais perigoso, a empurrar o Leicester para a sua metade do campo. Os “dragões” iam insistindo no ataque até que a superioridade foi transformada em golos logo ao minuto 6. Corona bate o canto para André Silva que, sem precisar de se elevar, cabeceia para o fundo das redes de Hamer.
Um FC Porto com muita bola ia passeando o seu jogo no relvado. Danilo e um Óliver-pés-de-lã comandavam o jogo no meio-campo, com o médio defensivo a ficar muitas vezes perto dos centrais e o criativo a empurrar a bola para a frente.
O Leicester, já apurado, apareceu no jogo com uma formação secundária, e as diferenças foram bem evidentes. Jogadores como Mahrez, Slimany e Vardy implementam outra velocidade no jogo que Moussa, Okazaki e Gray não conseguem.
Schlupp era o mais inconformado com o resultado, mas os ingleses não criaram perigo, muito por culpa dos jogadores portistas que recuperavam a bola rapidamente. E ao contrário do que aconteceu na primeira volta, o final do primeiro tempo foi bem diferente.
O FC Porto chegou ao segundo golo aos 26 minutos. Alex Telles cruza para Corona, que não deixa a bola cair no chão e remata para o canto superior esquerdo, sem hipótese para o guarda-redes.
O terceiro chega um minuto antes do intervalo: na ala direita, Maxi recebe a bola de Corona e corre até à linha final para cruzar tenso para Brahimi, e o argelino usa o calcanhar para fazer um golo de letra. Um momento de nostalgia para a nação portista, que se terá lembrado de Madjer, lenda argelina do clube.
Sequela de sucesso
O Leicester voltou do balneário com um comportamento diferente e uma mentalidade mais ofensiva. Albrighton e Ulloa, acabados de entrar, eram os que mais contribuíam para criar mais perigo junto da defesa portista.
Mas se este início de segunda parte parecia prometedor para os “foxes”, a equipa da casa tratou de interromper as investidas ofensivas dos ingleses. Marcano e Filipe estiveram quase sempre em controlo, e Maxi fez o melhor jogo da época, ao ser agressivo quando a equipa perdia a bola.
Brahimi esteve à solta durante quase todo o jogo e em constantes trocas posicionais com Diogo Jota, alternando entre a ala esquerda e a zona à entrada da área. O jogador emprestado pelo Atlético de Madrid por pouco não marcou aos 54 minutos.
O rumo do jogo parecia já estar decidido e o destino das duas equipas selado, mas ainda houve tempo para o resultado virar goleada. Pouco tempo depois da hora de jogo, André Silva sofre penálti e converte com autoridade o 4-0. O último golo da noite foi um brilharete de Diogo Jota, que na pequena área recebe um passe de André Silva e faz a bola passar por baixo das pernas de Hamer.
“Orgulhosos por ganhar ao campeão inglês”
O FC Porto venceu o Leicester com relativa facilidade e Nuno Espírito Santo indicou dois fatores que ajudaram os portistas a fazerem “um bom jogo”: serem capazes de manter “a ideia” e “as dinâmicas” da equipa.
“O Leicester tem uma boa equipa, e isso faz-nos orgulhosos por ganhar este jogo, ganhar ao campeão inglês”, o Foi assim que Nuno.
Antes de vencer o Leicester e o Braga, para o campeonato, o Porto esteve quatro jogos seguidos sem marcar golos. Receita para a mudança? “Trabalho”, diz o treinador portista, que afirma estar “orgulhoso” por a sua equipa estar entre as “16 melhores da Europa”.
O FC Porto não sofre golos há seis jogos, estatística “importante, e acima de tudo, para manter”, concluiu Nuno Espírito Santo.
“Perder, mas não assim”
Foi um Claudio Ranieri visivelmente dececionado que entrou na sala de conferência de imprensa. O treinador italiano “contava perder, mas não assim”.
“Sabíamos que ia ser um jogo difícil, mas queria dar oportunidade aos nossos jogadores, para mostrarem a sua capacidade, mostrarem que podem jogar na Premier League”, disse Ranieri, que afirmou estar “triste” com os jogadores, que “perderam a oportunidade” de mostrar as suas valências.
Claudio Ranieri justificou as mudanças que fez no onze inicial com o facto de o Leicester jogar com o Manchester City no sábado. “Se tivesse que ganhar ou empatar, teria trazido a equipa principal”, rematou.
“A base de qualquer equipa é defender bem”
Maxi Pereira esteve em destaque com umas das exibições da noite e realça a importância que tem o registo defensivo do Porto. “A base de qualquer equipa é defender bem”, apontou o uruguaio, na zona mista do Dragão.
E será que o lateral direito tem preferência de adversário nos “oitavos”? “Agora é disfrutar do momento e esperar pelo sorteio”, disse.
“Sabíamos da importância do resultado”, afirmou Óliver, jogador que esteve em grande plano no meio-campo, referindo-se às hipóteses que o Copenhaga ainda tinha de passar esta fase.
O jogador espanhol corroborou um ponto de vista já referenciado pelo treinador na conferência de imprensa: “Os golos são fruto do trabalho e mérito da equipa”.
No outro jogo do grupo G, o Copenhaga bateu o Club Brugge por 2-0 e vai disputar a Liga Europa. A equipa belga, que estava no pote 3 do sorteio, não somou qualquer ponto na fase de grupos.
O FC Porto segue para os oitavos de final da Liga dos Campeões a par do Benfica. O Sporting de Jorge Jesus saiu derrotado, também esta quarta-feira, do encontro decisivo que tinha com o Légia de Varsóvia e fica fora das competições europeias. O sorteio para os oitavos decorre a partir das 11h00 da próxima segunda-feira.
Ficha de Jogo
Competição: UEFA Champions League (6ª Jornada da fase de grupos)
Estádio: Estádio do Dragão
Golos: André Silva (6’), Jesús Corona (26’.), Brahimi (44’), André Silva G.P. (64’), Diogo Jota (77’)
Cartões amarelos: Chilwell (38min)
Equipa de arbitragem
Árbitro: Felix Zwayer (Alemanha)
Árbitros assistentes: Thorsten Schiffner, Marco Achmüller, Tobias Stieler, Sacha Stegemann;
Quarto árbitro: Stefan Lupp
FC Porto
Onze inicial: Iker Casillas; Máxi Pereira, Felipe, Iván Marcano, Alex Telles; Danilo Pereira; Jesús Corona, Óliver Torres, Yacine Brahimi; André Silva, Diogo Jota;
Suplentes utilizados: Rúben Neves, Hector Herrera, Rui Pedro
Treinador: Nuno Espírito Santo
Leicester City FC
Onze inicial: Bem Hamer; Luis Hernandez, Marcin Wasilewski, Wes Morgan, Ben Chilwell; Danny Drinkwater, Namplays Mendy, Demarai Gray, Jeffrey Schlupp; Ahmed Musa, Shinji Okazaki
Suplentes utlizados: Leonardo Ulloa, Marc Albrighton, Harvey Barnes
Treinador: Claudio Ranieri
Artigo editado por Filipa Silva