Com 20 anos de carreira, o “rapper” oriundo de um dos mais antigos grupos de hip hop português – Dealema – abriu o aloquete da “Caixa de Pandora” este sábado, no Hard Club, Porto. Fuse, também conhecido como o Inspector Mórbido, já não lançava um álbum de originais desde “Sintoniza”, há 13 anos. “Caixa de Pandora” é um disco duplo, dos mais aguardados pelo seu público.
A abertura do concerto ficou a cargo do DJ FLIP (que acompanhou todos os artistas da noite) e quatro outros convidados: Relax, Zulu, Malabá e Cálculo.
Relax foi o primeiro a entrar em palco. Com os seus “Devaneios” foi capaz de levar o público ao “Faroeste”. Da mesma banda (Quartel 469), Zulu no “Momento da verdade” mostrou que não é um “Turista cultural”. Vindo da Margem Sul, Malabá encantou todas as “Perigosa(s)” da sala com o “Nosso Som”. Pronto a “Salvar o mundo” chegou Cálculo que mostrou não estar perdido como o “Hugo”.
O artista mais esperado da noite entrou na sala com o mote “Abrir o aloquete para a Caixa de Pandora”. Fuse começou por fazer uma pequena introdução ao álbum no qual trabalhou, em conjunto com toda a equipa, na edição, durante dois anos. Quis também deixar claro o amor pela música. “O que importa aqui é encher corações”, sublinhou.
O Inspector Mórbido apresentou alguns dos seus novos temas. Entre eles, foi possível ouvir: “Excalibur”, “Livra-me do mal”, “Além do mais”, entre outros. “Caixa de Pandora” é um disco introspetivo, vivido na primeira pessoa e reflete maturidade numa vida marcada a cada frase.
Fuse abordou diferentes tópicos da vida humana, situações que o revoltavam e nas quais foi buscar inspiração para os versos. O público teve a oportunidade de ouvir temas sobre a falsidade nas amizades ou o do passar do tempo. “Abraços só se escrevem quando apertam de verdade”, reforçou.
O Inspector Mórbido convidou alguns dos artistas que participam no disco. Gustavo Carvalho foi o produtor de “Caixa de Pandora” e subiu ao palco para acompanhar o rapper na música “Salvador – o Perdão”, com o baixo. Fuse cantou também um dueto, “Gelo”, com o jovem Gonçalo Santos. De Vigo vieram Woyza e o Coro por V-Go Negro Son para se juntarem a Fuse em “Deusa Gaia”.
Fuse olhou o público “Olhos nos olhos” e com tudo menos “Sangue Frio” ofereceu dois discos. O Inspector Mórbido fez, várias vezes ao longo da noite, referência ao seu filho. “O Gaspar fez nascer muita coisa”, sublinhou. Num dos momentos altos, Fuse cantou pela primeira vez em palco o tema que lhe dedicou, “Gaspar”.
Num concerto marcado pela reflexão, houve ainda tempo para abordar o estado do hip hop no panorama nacional. Fuse deixou a pergunta no ar: “O que aconteceu ao rap em Portugal?”
O concerto encerrou com três dos “12 magníficos” a acompanhar Fuse no palco. Houve ainda tempo para os agradecimentos e a sessão de autógrafos, em que o público pôde contactar com o artista da noite.
“Caixa de Pandora” é um disco duplo, os convidados são vários e de universos diferentes. O projeto conta com a participação de Dino D’Santiago, Mafalda Veiga, Allen Halloween, Paula Teixeira (Fada Juju), Woyza e o coro de gospel V-Go Negro Son. Gustavo Carvalho foi o produtor do tão aguardado álbum de Fuse.
Artigo editado por Filipa Silva