Ficou conhecido devido ao apoio que deu à Seleção portuguesa durante o Euro 2016. Porém, Robert Sherman, advogado de Boston, que termina o mandato como embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) a 20 de janeiro, não pretende ficar apenas conhecido pelos vídeos de incentivo à equipa das quinas. Para isso e tal como fez durante os três anos de mandato, fez uma visita ao Porto, a última, esta segunda-feira.

Depois de visitar Serralves e a UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto) durante a manhã, o almoço aconteceu no Palácio de Bolsa. Foi lá que Robert Sherman concedeu algumas palavras sobre a ligação entre os Estados Unidos e Portugal. Desde o apoio em situações extremas como os incêndios do último verão na Madeira e no Norte do país à aliança da NATO, o embaixador não deixou ponta solta no discurso.

Antes de sublinhar o apreço entre os dois países, relembrou as personalidades que faleceram este fim-de-semana: Mário Soares, Daniel Serrão e Guilherme Pinto foram homenageados com um momento de silêncio. “Foi um ótimo líder na causa da democracia. Os Estados Unidos nunca esquecerão o trabalho de Mário Soares com o meu antecessor, Frank Carlucci”, notou Robert Sherman, a propósito da morte do antigo Presidente da República.

Os minutos seguintes foram reservados às três ideias-chave, que o embaixador norte-americano acredita terem delineado o seu percurso em Portugal: “compromisso, colaboração e ligação”. A presença dos Estados Unidos na Ilha Terceira, nos Açores, através da Base das Lajes, a solidez de uma aliança como a NATO na segurança dos cidadãos e até as inúmeras possibilidades no mercado de trabalho, tanto para norte-americanos como para portugueses, foram salientadas.

Estados Unidos: “A ideia de insegurança transmitida nos últimos tempos não é verdadeira”

O ambiente político que se vive nos EUA com a eleição de Donald Trump não foi esquecido, nem omitido das palavras do embaixador norte-americano. “Sei que muitos de vós estão apreensivos com as mudanças, mas a ideia de insegurança transmitida nos últimos tempos não é verdadeira”, explicou, perante uma audiência de personalidades do Norte, com políticos, dirigentes e membros da academia do Porto nas mesas do almoço.

No que ao Porto diz respeito, Robert Sherman não esquece a Festa de São João, especialmente uma em que fez parte de um momento simbólico na Ponte Luís I. “No brinde entre os Presidentes das câmaras municipais na ponte, eu caminhei com Eduardo Vítor Rodrigues até ao encontro do Rui Moreira. Confesso que me senti como um prisioneiro, quando há uma troca de celas”, brincou.

Caso permanecesse mais tempo em Portugal, o embaixador norte-americano faria algumas coisas de forma diferente, como visitar “mais sítios no Norte”. Para já ficou uma promessa: “Até breve. Eu vou voltar, mas desta vez como turista”.

“A ligação entre a U.Porto e as universidade norte-americanas está a crescer”

Ao JPN, à margem da cerimónia, Robert Sherman afirmou que a cidade portuense tem “um enorme potencial” para captar a atenção de investidores e investigadores norte-americanos. Quanto ao ensino superior, o embaixador acredita existir um sem número de possibilidades para a embaixada dos Estados Unidos estabelecer relações. “A inovação na Universidade do Porto é comparável à das melhores universidades do mundo”, realçou.

O projeto American Corner apresentado em novembro de 2015 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), cuja inauguração contou com a presença de Robert Sherman, é um dos exemplos. Na altura, em declarações à TVU., o embaixador explicava que o conceito consistia em dedicar um canto da biblioteca da FLUP a publicações norte-americanas. “Além de ser uma parceria formal, [servirá para] mostrar os valores e ideais dos Estados Unidos”, referiu.

Para o embaixador, a manhã na UPTEC revelou-se produtiva e esclarecedora no tipo de trabalho feito pela instituição. “Hoje estive no centro de inovação e o que estão a fazer é fantástico”, disse. Otimista, Sherman antecipa: “Eu tenho um bom historial nas previsões e Portugal está a fazer um ótimo trabalho”.

O embaixador termina o mandato a 20 de janeiro e regressa aos Estados Unidos. No mesmo dia, Donald Trump será investido como Presidente do país.