Desde 2014 no cargo de diretor da maior faculdade da Universidade do Porto, João Falcão e Cunha reconhece a responsabilidade em pertencer à FEUP. Seja pela História dos 180 anos, celebrados na passada sexta-feira, ou pela integração da Universidade do Porto, o futuro da instituição continua a fazer-se de desafios.

Com uma comunidade escolar de cerca de dez mil pessoas, o português deixa de ser a única língua falada nos corredores desta faculdade. Mais de 700 alunos estrangeiros escolheram a FEUP para prosseguirem os seus estudos, fosse à boleia dos programas de mobilidade ou por sua própria iniciativa. A multiculturalidade é uma bandeiras que João Falcão e Cunha pretende ver reforçada na instituição.

JPN: A FEUP é uma das maiores faculdades do país e a maior da Universidade do Porto. Assim sendo, o que é que a instituição representa para a academia e a nível nacional?
João Falcão e Cunha: A FEUP representa uma das grandes escolas de engenharia portuguesas e é reconhecida internacionalmente como uma escola muito prestigiada. Saem desta faculdade, engenheiros preparados para tudo. Aliás, eles estão espalhados pelo mundo. É uma escola com uma capacidade de investigação e de inovação muito significativa, que conta com a colaboração de várias empresas e organizações. É o reconhecimento dos ex-alunos e dos atuais membros da faculdade (docentes, alunos, técnicos e funcionários) que marca a FEUP.

Estamos a falar de um universo de quantos alunos, atualmente?
Neste momento, a FEUP tem cerca de sete mil estudantes nos vários graus de ensino (licenciatura, mestrado e doutoramento). No total, a nossa comunidade — que engloba docentes, investigadores e técnicos – é composta por dez mil pessoas.

É uma instituição académica com uma forte ligação ao tecido empresarial. O que é que torna a FEUP apetecível a este tipo de investimento e apoio?
Eu penso que é a experiência e o conhecimento a diversos níveis, que todos os membros da comunidade escolar têm e que se reflete em ventos de mudança na área da engenharia. Quando chegamos às empresas ou às organizações com quem estabelecemos contacto, deparámo-nos com problemas e somos capazes de os resolver. Acrescentamos valor nas empresas e consequentemente, na economia e na sociedade. Ao interargirmos com o tecido empresarial, também aprendemos muito, obviamente. Quer ao nível da investigação, quer ao nível da inovação, esta ligação é extremamente importante para o nosso desenvolvimento e ensino.

A empregabilidade dos alunos finalistas é um principais trunfos comunicados pela faculdade. Em 2015, segundo dados divulgados na página da instituição, 36% tinham emprego à data de conclusão do curso, 67% tinham trabalho após três meses e 79% começaram a trabalhar depois de seis meses.

No mesmo ano, a FEUP estabeleceu 112 protocolos com empresas e 47, 4% da dissertações de mestrado foram realizadas em ambiente empresarial.

Acredita que um aluno que tenha a FEUP no currículo já entre bem posicionado no mercado de trabalho?
Eu não acredito, eu sei que é assim. Todos os nossos indicadores demonstram esse facto. Mais de metade dos nossos estudantes realizam o projeto de fim de curso, a dissertação de mestrado, em ambiente empresarial. Muitos dos que terminam o curso, já tiveram uma experiência numa empresa, numa unidade de investigação externa ou numa organização. Têm contactos e já lidaram com a economia real.

 

Naturalmente, existem outras faculdades, escolas e cursos de engenharia em Portugal. Quais podem ser os elementos distintivos da FEUP?
O que nos distingue é a nossa História. Somos uma faculdade antiga e respeitamos o percurso dos nossos antecessores. Outro aspeto muito importante é estarmos na Universidade do Porto: é uma instituição onde há diversos saberes e colaborações importantes com outras escolas. Na FEUP, trabalha-se num ambiente multidisciplinar e multicultural. Cerca de 400 estudantes e dezenas de colaboradores (técnicos e docentes) estão em intercâmbio internacional, nomeadamente através do programa Erasmus. Na faculdade, temos mais de 700 estudantes estrangeiros em programa de mobilidade e cerca de 300 para obtenção de um grau académico. Não significa que as outras faculdades não tenham características semelhantes, mas a FEUP tem uma “mistura diferente”.

O que é que pode ser melhorado e quais os próximos desafios da faculdade?
Tudo pode ser melhorado. Eu penso que temos de ser melhores na forma de transmitir os conhecimentos e as experiências. Necessitamos de aumentar a sensibilidade face às questões multiculturais, embora já tenhamos uma comunidade escolar (alunos, professores e técnicos) que não é totalmente portuguesa. No futuro, pretendemos tornar-nos mais internacionais no número de projetos e estudantes. Não podemos esquecer a parte social, não pode ser só técnica. Temos de pensar na cultura e na responsabilidade ambiental. Tudo isso contribuirá para ser o que somos.

180 anos depois, a aposta passa por assegurar a FEUP como uma marca de referência?
Sim, a aposta é que continuemos a ser uma grande escola, aquela que muita gente prefere. O objetivo é considerarem-nos uma marca de referência contínua na economia e na sociedade.