Os votos não foram ainda contabilizados na totalidade, mas com base no “apuramento inicial dos resultados” a candidatura de Miguel Guimarães avançou, na manhã desta sexta-feira, que será ele o próximo bastonário da Ordem dos Médicos (OM).

O atual presidente da Secção Regional do Norte da Ordem, bateu as candidaturas de Álvaro Beleza, João França Gouveia e João Torgal.

Numa nota publicada no site da candidatura, o médico “agradece a confiança” e saúda o “reforço muito significativo da participação eleitoral”. De acordo com o que o JPN pôde apurar junto da OM, ainda há votos por contabilizar mas a vitória de Miguel Guimarães está garantida e por uma margem que se adivinha “muito confortável”.

Relação médico-doente no centro

O urologista do Hospital de São João coloca a ética e a relação médico-doente no topo das suas prioridades. Exige “a defesa intransigente dos pilares da ética médica” e quer até contribuir para a elevação da relação médico-doente a Património Cultural da Humanidade.

Miguel Guimarães rejeita o que considera a tentativa de atribuir aos médicos um papel cada vez mais utilitário e menos humanista, através de pressões oriundas do poder político e económico.

Reduzir o “numerus clausus” em Medicina

A redução de vagas nos cursos de Medicina foi um tema gerador de consenso no debate pré-eleitoral. Três dos quatro candidatos defenderam abertamente a questão. Miguel Guimarães é um deles. No seu manifesto, considera que é preciso adequar o número de vagas às capacidades formativas das oito escolas médicas do país o que implicar cortar, “incluindo a redução substancial do contingente especial de 15% de vagas para licenciados”.

“O país já dispõe de um curso de Medicina exclusivo para candidatos licenciados”, e acrescenta: “Não são precisos mais cursos de Medicina, públicos ou privados, para responder às necessidades do país”.

Mais à frente, Miguel Guimarães volta a mencionar “o excesso de estudantes de Medicina” como fator condicionante de uma formação pré-graduada de qualidade: “não tem permitido o desenvolvimento de um verdadeiro ano profissionalizante nos cursos de Medicina”, escreve.

No manifesto e noutras entrevistas, nomeadamente nas respostas que enviou à Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), o médico defende ainda a manutenção do Ano Comum – cuja extinção está prevista pelo Regime Jurídico do Internato Médico, aprovado em 2015.

“Neste momento, e penso que esse cenário não se vai alterar, o Internato do Ano Comum é imprescindível como elemento complementar à formação de um jovem médico”, declarou nas respostas enviadas à ANEM.

Na sua carta de compromissos, que contempla 114 pontos, o médico defende ainda a extinção da Entidade Reguladora da Saúde – “por ser inconsequente na sua acção desde a sua criação” – e a alteração do Código de Ética das unidades de saúde, que chama de “Lei da Rolha”. Miguel Guimarães defende que é preciso “permitir que os médicos possam denunciar às autoridades competentes e à Ordem dos Médicos situações de grave deficiência ou insuficiência dos serviços de saúde públicos ou privados”.

Miguel Guimarães nasceu em 1962. Entrou em 1980 no curso de Medicina na Faculdade de Medicina do Porto, onde se formou. Foi fundador e vice-prsdiente da Associação Nacional dos Jovens Médicos. É desde 2011 presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos. Assume um mandato de três anos, até 2019, sucedendo a José Manuel Silva.