A loja Andante da estação de metro da Trindade não escapa ao burburinho provocado pelos novos cartões da Metro do Porto. Desde 16 de janeiro, dezenas de pessoas dirigem-se às lojas Andante ou agentes PAGAQUI para trocar gratuitamente os títulos de transporte – têm seis meses ou um ano para substituir, conforme seja um título ocasional ou uma assinatura mensal, respetivamente. Mas muitos preferem antecipar-se, seja por desconhecerem o prazo alargado ou por recearem prejuízos mais tarde.

A novidade entrou de rompante no quotidiano de muitos utentes, que não perderam a oportunidade ou tempo para substituírem os antigos cartões Andante. José Machado de 93 anos foi uma dessas pessoas. O utente dirigiu-se à loja Andante da Trindade para trocar o antigo passe mensal, de cor dourada, pelo novo cartão com uma cor acinzentada. “Explicaram-me tudo”, disse ao JPN.

Da mesma forma que substituiu a assinatura mensal, os títulos ocasionais que tinha na carteira foram também trocados pelos novos Andante, de um azul mais escuro, contrariamente à coloração mais clara dos antigos. “Utilizo o passe para andar no Porto. Os outros são carregados às vezes, quando vou a Valongo”, afirmou o utente. José Machado reconheceu estar muita gente na loja Andante, mas como tem mobilidade reduzida, teve prioridade no atendimento e conseguiu não demorar muito tempo.

O cartão antigo, à esquerda e o mais recente, à direita. Foto: Patrícia Garcia

Lá dentro, os seguranças explicavam aos utentes mais velhos que não necessitavam de trocar (imediatamente) o antigo passe pelo novo. “Tem até 16 de janeiro de 2018 para trocar. Não precisa de fazer hoje, só faz se quiser”, dizia um dos funcionários do Metro do Porto, enquanto olhava para as dezenas de pessoas dentro da loja. Em poucos minutos, várias senhas eram retiradas: o número no atendimento indicava o 389, porém havia clientes com senhas superiores ao número 500.

Ana Pinto, uma utente à espera do autocarro, afirmou ainda não ter trocado o seu passe mensal, porque tinha noção do prazo que lhe restava. “Tenho seis meses para o cartão azul, não é?”, questionou ao JPN. Já Raquel Monteiro, estudante de 21 anos, não estava suficientemente informada sobre os novos cartões ou os prazos a cumprir. “Tinha ouvido falar de qualquer coisa”, referiu.

Do Grupo de Utentes dos Transportes Públicos do Porto — que no passado dia 11 de janeiro realizou uma ação de protesto para exigir melhores condições nos serviços –, Adérito Machado assume não existirem quaisquer problemas com os novos cartões. “Para já, tem sido uma questão pacífica”.

“As pessoas estão a gostar dos novos cartões”

No Bazar Domus, um agente PAGAQUI na Rua Mártires da Liberdade, várias pessoas têm ido trocar os seus cartões ocasionais pelos mais recentes. “Há semanas que até tenho receio de não ter cartões suficientes”, afirmou Rosa Maria Andrade, gerente da loja, ao JPN.

“Os utentes têm estado recetivos à novidade” – uma ideia também confirmada por outra agente na Rua de Cedofeita, a Manraj. Arti Kumar, dona da loja, afirma que os utentes “até gostam do design”. Nos revendedores PAGAQUI, podem-se trocar os títulos ocasionais, já os passes mensais só podem ser substituídos nas lojas Andante.

A Metro do Porto não avança com o número de cartões novos em circulação, mas aponta para o patamar dos milhões. “Temos um prazo alargado para que dentro de um ano, os antigos cartões já não existam”, justifica Jorge Morgado, assessor da empresa. A extensão no tempo serve igualmente para evitar uma correria às lojas Andante – o que não tem acontecido. “Sim, tem-se registado uma maior afluência a estes serviços”, reconheceu.

A mudança nos cartões, especialmente a mais visível – o design – não é tida como a mais preponderante para a Metro do Porto, embora os utentes pareçam apreciar. As questões de segurança e tecnologia revelaram-se necessárias, após 14 anos sem qualquer mudança no sistema operativo.

“Havia situações de clonagem dos cartões, mas eram residuais. Com o crescimento da rede do metro e o desenvolvimento da tecnologia, tinham de existir alterações”, explicou Jorge Morgado. O aumento da capacidade de memória do sistema era uma das necessidades mais importantes, tendo em conta a expansão da rede intermodal para concelhos como a Trofa, por exemplo.

Os utentes têm até 16 de janeiro de 2018 para trocar os antigos cartões dos passes mensais — o Andante dourado — pelos novos, ou seja, um ano de prazo. Já os cartões ocasionais, o Andante azul, têm seis meses para efetuar a troca – o prazo termina a 16 de julho deste ano.

Após a troca, os cartões de papel tem validade de um ano, enquanto os de plástico duram até cinco anos.

Artigo atualizado a 25 de janeiro de 2017, às 15h, com informação da validade dos cartões