Até aqui, a passagem do Indie Lisboa pela Invicta resumiu-se à exibição de um par de filmes premiados pelo certame da capital. Mas a organização do festival dedicado ao cinema independente decidiu, este ano, fazer uma coisa nova na cidade do Porto, “de raiz”, com o apoio da autarquia.

Foi assim que o Indie Júnior se tornou, também ele, independente: o 1º Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto partilha o nome com a secção que o festival lisboeta dedica aos mais novos, mas instala-se no Porto como um evento autónomo, com programação própria.

A organização é do Indie, numa co-produção com a Câmara do Porto e o apoio de vários parceiros. A escolha da cidade para montar o festival é justificada por Carlos Ramos, um dos diretores, pelo facto da cidade não ter um certame dedicado ao cinema infanto-juvenil e pela disponibilidade que encontraram ao nível da autarquia.

“Em Lisboa, o Indie Junior, fisicamente, não pode crescer porque está dentro de um festival maior e mais generalista, que não é pensado para crianças”, explica ao JPN. “Aqui não, aqui há essa possibilidade de investir neste festival”, remata.

"Kai", de Sung-Gang Lee, integra a competição de longas-metragens.

“Kai” (2016), de Sung-Gang Lee, integra a competição de longas-metragens. Foto: Indie Júnior

O festival vai exibir cerca de 60 filmes, oriundos de 20 países, nos formatos de curta e longa metragem, de animação, documental ou de ficção. A programação foi pensada essencialmente para famílias e escolas, sem deixar de procurar ser uma proposta para o público em geral.

O regresso do Cinema Trindade

A histórica sala de cinema da Baixa do Porto tem finalmente data de reabertura. Este domingo, dia 5, estreia no Porto “Ornamento & Crime” de Rodrigo Areias. A sessão está marcada para as 19h00 e terá uma exibição única. Entre os dias 7 e 12 de fevereiro, o Trindade vai também abrir portas desta vezes para a exibição de várias sessões do programa do Indie Júnior. A exibição regular arranca no dia 16, dia em que deve ser anunciada a programação que vai preencher as duas salas do Trindade com atividade diária. Ao jornal “Público”, Americo Santos, da Nitrato Filmes, responsável pela revitalização da sala com o apoio da CMP, frisou que o Trindade vai “exibir filmes em exclusivo e que de outro modo não chegariam às salas do Porto”.

Vão ser atribuídos quatro prémios: o de melhor longa-metragem e de melhor curta-metragem fica a cargo de um júri formado por profissionais; há ainda um prémio de melhor filme, da responsabilidade de um júri formado por crianças e jovens e um Prémio do público.

De acordo com Carlos Ramos, foram muitos os trabalhos recebidos, mas o maior sinal de boa recetividade do evento veio para já das escolas: “O festival começa no domingo e vamos em ceca de 3500 alunos de escolas, o que é muito bom para uma primeira edição”, declara.

“O Meu Primeiro Filme”

A sessão de abertura está marcada para as 16h30 de domingo, no Teatro Rivoli, com a exibição de “Até o Céu Leva Mais ou Menos 15 Minutos”, da brasileira Camilla Battistetti [entrada gratuita]. As sessões regulares começam na terça-feira.

Ao final da tarde desse dia, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, vai ao Grande Auditório do Rivoli apresentar e falar sobre ”O Meu Tio” de Jacques Tati

A organização convidou o presidente da Câmara do Porto e mais três personalidades da cidade a recordarem, com o público, o primeiro filme que viram numa sala de cinema.

“A ideia foi criar uma secção em que pessoas de diferentes gerações nos permitam ver, através das suas memórias,  um bocadinho a história do cinema e da forma como as coisas foram evoluindo”, explica Carlos Ramos.

A cineasta Regina Guimarães escolheu “West Side Story” [“Amor sem Barreiras”, no título português], de Jerome Robbins e Robert Wise. Rita Castro Neves, fotógrafa, vai apresentar “Uma Noite na Ópera” de Sam Wood  e Gonçalo Amorim, diretor artítico do FITEI, escolheu “Os Goonies”.

“A infância e a adolescência no cinema português”

Outra secção temática, não competitiva, do festival, vai mostrar filmes de realizadores portugueses que trabalharam, cada qual à sua maneira, a temática da infância e da adolescência.

"Kalkitos" de Miguel Gomes (2002) integra a secção "Foco".

“Kalkitos” (2002) de Miguel Gomes integra a secção “Foco”. Foto: Indie Júnior

“Arena” de João Salaviza, “John From” de João Nicolau ou “Kalkitos” de Miguel Gomes estão no programa.

No Indie Júnior também há espaço para “Pequenos Grandes Clássicos”, de que são exemplo “E.T. – O Extraterrestre” e “Gremllns, o Pequeno Monstro”.

Além das sessões de cinema, o festival tem também workshops, a iniciativa “A Hora do Conto” e um debate sobre bullying na infância e na adolescência.

A programação está dividida entre o Teatro Rivoli, a Biblioteca Almeida Garrett e o Cinema Trindade (ver caixa), uma escolha “mais contida” tendo em conta que esta é a primeira edição, já que Carlos Ramos não esconde a vontade de “espalhar o festival pela cidade”. Para ver até 12 de fevereiro.