Até aqui, a passagem do Indie Lisboa pela Invicta resumiu-se à exibição de um par de filmes premiados pelo certame da capital. Mas a organização do festival dedicado ao cinema independente decidiu, este ano, fazer uma coisa nova na cidade do Porto, “de raiz”, com o apoio da autarquia.
Foi assim que o Indie Júnior se tornou, também ele, independente: o 1º Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto partilha o nome com a secção que o festival lisboeta dedica aos mais novos, mas instala-se no Porto como um evento autónomo, com programação própria.
A organização é do Indie, numa co-produção com a Câmara do Porto e o apoio de vários parceiros. A escolha da cidade para montar o festival é justificada por Carlos Ramos, um dos diretores, pelo facto da cidade não ter um certame dedicado ao cinema infanto-juvenil e pela disponibilidade que encontraram ao nível da autarquia.
“Em Lisboa, o Indie Junior, fisicamente, não pode crescer porque está dentro de um festival maior e mais generalista, que não é pensado para crianças”, explica ao JPN. “Aqui não, aqui há essa possibilidade de investir neste festival”, remata.
O festival vai exibir cerca de 60 filmes, oriundos de 20 países, nos formatos de curta e longa metragem, de animação, documental ou de ficção. A programação foi pensada essencialmente para famílias e escolas, sem deixar de procurar ser uma proposta para o público em geral.
O regresso do Cinema Trindade
A histórica sala de cinema da Baixa do Porto tem finalmente data de reabertura. Este domingo, dia 5, estreia no Porto “Ornamento & Crime” de Rodrigo Areias. A sessão está marcada para as 19h00 e terá uma exibição única. Entre os dias 7 e 12 de fevereiro, o Trindade vai também abrir portas desta vezes para a exibição de várias sessões do programa do Indie Júnior. A exibição regular arranca no dia 16, dia em que deve ser anunciada a programação que vai preencher as duas salas do Trindade com atividade diária. Ao jornal “Público”, Americo Santos, da Nitrato Filmes, responsável pela revitalização da sala com o apoio da CMP, frisou que o Trindade vai “exibir filmes em exclusivo e que de outro modo não chegariam às salas do Porto”.
Vão ser atribuídos quatro prémios: o de melhor longa-metragem e de melhor curta-metragem fica a cargo de um júri formado por profissionais; há ainda um prémio de melhor filme, da responsabilidade de um júri formado por crianças e jovens e um Prémio do público.
De acordo com Carlos Ramos, foram muitos os trabalhos recebidos, mas o maior sinal de boa recetividade do evento veio para já das escolas: “O festival começa no domingo e vamos em ceca de 3500 alunos de escolas, o que é muito bom para uma primeira edição”, declara.
“O Meu Primeiro Filme”
A sessão de abertura está marcada para as 16h30 de domingo, no Teatro Rivoli, com a exibição de “Até o Céu Leva Mais ou Menos 15 Minutos”, da brasileira Camilla Battistetti [entrada gratuita]. As sessões regulares começam na terça-feira.
Ao final da tarde desse dia, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, vai ao Grande Auditório do Rivoli apresentar e falar sobre ”O Meu Tio” de Jacques Tati
A organização convidou o presidente da Câmara do Porto e mais três personalidades da cidade a recordarem, com o público, o primeiro filme que viram numa sala de cinema.
“A ideia foi criar uma secção em que pessoas de diferentes gerações nos permitam ver, através das suas memórias, um bocadinho a história do cinema e da forma como as coisas foram evoluindo”, explica Carlos Ramos.
A cineasta Regina Guimarães escolheu “West Side Story” [“Amor sem Barreiras”, no título português], de Jerome Robbins e Robert Wise. Rita Castro Neves, fotógrafa, vai apresentar “Uma Noite na Ópera” de Sam Wood e Gonçalo Amorim, diretor artítico do FITEI, escolheu “Os Goonies”.
“A infância e a adolescência no cinema português”
Outra secção temática, não competitiva, do festival, vai mostrar filmes de realizadores portugueses que trabalharam, cada qual à sua maneira, a temática da infância e da adolescência.
“Arena” de João Salaviza, “John From” de João Nicolau ou “Kalkitos” de Miguel Gomes estão no programa.
No Indie Júnior também há espaço para “Pequenos Grandes Clássicos”, de que são exemplo “E.T. – O Extraterrestre” e “Gremllns, o Pequeno Monstro”.
Além das sessões de cinema, o festival tem também workshops, a iniciativa “A Hora do Conto” e um debate sobre bullying na infância e na adolescência.
A programação está dividida entre o Teatro Rivoli, a Biblioteca Almeida Garrett e o Cinema Trindade (ver caixa), uma escolha “mais contida” tendo em conta que esta é a primeira edição, já que Carlos Ramos não esconde a vontade de “espalhar o festival pela cidade”. Para ver até 12 de fevereiro.