Era uma decisão há muito aguardada e todos os que, esta terça-feira, se sentaram na mesa de reuniões do Conselho de Administração da Metro do Porto mostraram-se satisfeitos com o desfecho do processo. 

Jorge Delgado, presidente da empresa, afirmou que as duas novas ligações – de São Bento à Casa da Música e de Santo Ovídio a Vila d’Este – revelam-se “uma solução ótima” por permitirem maior ganho de receita e uma maior taxa de cobertura, de acordo com os estudos efetuados.

A grande novidade do novo projeto metropolitano prende-se, como explicou o administrador, na Linha Rosa, que liga São Bento à Casa da Música via Praça da Galiza. A nova linha, avança Delgado, “prevê 28 mil novos clientes por dia e representa um investimento de cerca de 181 milhões de euros.”

 

Dos nove projetos estudados, apenas dois serão concluídos até 2021 e ficam no papel linhas como a que ligaria o ISMAI à Trofa ou a “linha de S. Mamede”, que faria a união entre a Fonte do Cuco e o Pólo Universitário, junto ao Hospital de São João.

Estudadas soluções para as linhas que ficaram de fora

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, justificou as escolhas do Governo: “Escolher as linhas que têm maior procura significa também escolher as linhas que tiram mais veículos individuais à via publica.”

O ministro avançou que estão a ser estudadas soluções para os projetos que ficaram de fora deste primeiro investimento. “Ficou combinado que três novas linhas terão igual importância num calendário futuro: uma ligação a Gondomar, uma ligação direta do pólo da Asprela à Maia e uma segunda linha para Gaia, a ligar a Casa da Música às Devesas”. Matos Fernandes prometeu ainda uma alternativa para cidades como a Trofa, que ficaram de fora do projeto apresentado esta terça-feira: “Estamos a trabalhar uma solução para colmatar a injustiça feita à Trofa ao ter-lhe sido retirada a ligação ferroviária, mas ainda sem previsão de arrancar.”

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, congratulou o Governo e os restantes autarcas pelo projeto do aumento das linhas metropolitanas do Porto e Gaia por representar “o regresso ao investimento no transporte público na cidade do Porto.” Na onda de investimentos nos transportes públicos, o autarca do Porto adiantou que “na próxima sexta-feira a Câmara do Porto anunciará a proposta vencedora para a construção do terminal intermodal de Campanhã.”

O “triplo efeito” da Linha Rosa

Rui Moreira lamenta que os recursos disponíveis não tenham dado para investir em mais linhas e explica que, na sua opinião, a expansão terá um triplo efeito na área metropolitana: “o descongestionamento no eixo Casa da Música-Trindade, o impacto positivo no trânsito à superfície em locais como a Praça da Galiza e de toda a área envolvente do hospital de Santo António.” Por último, Rui Moreira avançou que “embora o orçamento disponível não tenha permitido investir já num braço para o Campo Alegre, ele abre essa possibilidade futura dessa linha vir a fechar o grande anel do metro do Porto”.

O presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, diz que este foi “um dia histórico para Vila Nova de Gaia, para a região metropolitana do Porto e para o país” e deixa palavras de gratidão ao ministro presente e à sua equipa, por terem demonstrado “um total comprometimento na prossecução de princípios e objetivos de políticas públicas, criando mecanismos de equilíbrio entre as duas áreas metropolitanas”.

Joaquim Couto, vice-presidente do Conselho Metropolitano do Porto, trouxe uma perspetiva coincidente com a dos autarcas do Norte, considerando o projeto esta terça-feira apresentado na Torre das Antas uma “ideia muito feliz.” O também presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso considerou que “o Conselho Metropolitano soube, neste momento, definir o que era prioritário para a Área Metropolitana do Porto”.

Joaquim Couto salienta três aspetos que o Conselho Metropolitano e o Governo abordaram em conjunto na escolha das linhas financiadas: “articular os transportes de superfície”, “verificar poupanças significativas em termos ambientais” e “reorganizar os espaços públicos de tal modo que daí resulte uma maior mobilidade para a população que a área abrange”.

Os projetos de execução de cada uma das linhas ainda têm de ser desenvolvidos e vão se depois sujeitos a estudos de impacto ambiental. Prevê-se que o concurso público para a construção das novas linhas seja lançado entre maio e junho de 2018, para que as obras comecem em 2019. A duração prevista para a construção das duas novas linhas é de três anos.