O projeto “Desafios Porto”, criado pela câmara municipal, prometeu encontrar soluções para os problemas da cidade. Omniflow, PositiveBlue, Healthy Road e siosLIFE foram as quatro empresas vencedoras do concurso com projetos que visam responder a desafios identificados pelos cidadãos. O projeto da siosLIFE, de apoio ao envelhecimento ativo e inclusão social, é o único que já está implementado em pleno.

O “Desafios Porto” foi lançado em setembro de 2015. No mês de dezembro foram selecionados 10 projetos finalistas e em maio do ano seguinte foram anunciadas as empresas vencedoras com a promessa de que até ao final de julho os projetos estariam implementados. Passados seis meses, duas das empresas vencedoras garantem ter tudo concluído, aguardando uma resposta da câmara, outra tem a solução ainda em desenvolvimento.

Confrontada pelo JPN com os atrasos verificados, a autarquia garante estar a trabalhar com os parceiros para que “até ao mês de maio” os quatro projetos estejam finalizados. 

Apesar de admitir a existência de “alguns contratempos”, a câmara do Porto afirma que não está em causa “a conclusão dos projetos”. Acrescenta que desde o início as empresas foram informadas de que as datas de finalização dos projetos poderiam ser ajustadas. Os prazos tiveram de ser atrasados uma vez que “este é um processo exigente, envolvendo recursos de múltiplas áreas da CMP assim como os recursos dos parceiros”, justifica a autarquia numa resposta escrita enviada ao JPN.

A autarquia frisa ainda o caráter “inovador” da iniciativa e realça que o concurso “não se trata simplesmente da atribuição de um prémio monetário mas antes de colocar à disponibilidade das empresas selecionadas os recursos técnicos da CMP assim como os dos parceiros industriais, de modo a implementar a melhor solução”.

Os projetos vencedores

A empresa siosLIFE foi a vencedora na categoria “Saúde e Bem-estar” com o projeto Porto3i. A proposta tem como principal objetivo ajudar a promover um envelhecimento ativo e a inclusão social da população idosa do concelho do Porto.

O Porto3i baseia-se num sistema tecnológico que é usado através do toque no ecrã, movimentos corporais ou comando por voz. O projeto permite a comunicação com familiares dos utentes e ainda exercícios de estímulo psicológico e motor através de, por exemplo, exercícios de matemática ou jogos interativos.

O plano está a ser desenvolvido com cinco instituições de acolhimento de pessoas idosas.

O projeto começou a ser implementado na data prevista (julho de 2016) ainda que com “pequenos atrasos” em algumas instituições que se deveram “maioritariamente ao cumprimento de alguns processos e burucracias legais” e também pelo “ajuste ao calendário de atividades das instituições”, tal como contou Jorge Oliveira, CEO da empresa, ao JPN.

Foram disponibilizados pela Câmara do Porto 50 mil euros à empresa e “o plano de pagamentos está a ser cumprido com regularidade”.

Estacionamento mais fácil na cidade

Na categoria “Mobilidade e Ambiente”, o projeto EyeParking da empresa Healthy Road foi o vencedor e prometeu solucionar os problemas em encontrar lugar de estacionamento na cidade do Porto.

Através de um smartphone e de um sistema de câmaras com detetor de objetos, o sistema consegue informar o utilizador dos locais onde há lugares de estacionamento livres. Desta forma, o cidadão só tem de indicar a zona para onde se vai deslocar e verificar a disponibilidade de estacionamento nos locais mais próximos.

Segundo o que Filipe Oliveira diz ao JPN, o projeto está pronto para avançar desde que foi selecionado como vencedor mas têm havido, por parte da câmara e da empresa CEIIA, “atrasos constantes no protocolo”. A Healthy Road continua à espera de ordens da câmara do Porto para avançar. Relativamente ao financiamento, a Câmara juntamente com a CEIIA deveria assegurar os 50 mil euros para o desenvolvimento do projeto mas a empresa assegura que ainda só recebeu, “com atraso”, um terço do valor acordado.

O balanço que a Healthy Road  faz ao “Desafios Porto” é negativo e aponta o incumprimento de prazos como principal causa do insucesso.

Postes à espera de seguirem para a Asprela

A empresa Omniflow tem pronto a instalar desde julho, no polo da Asprela, o projeto Omniled, com o qual venceu a categoria “Energia”.

O objetivo do projeto é iluminar de forma sustentável e ecológica com um sistema de videovigilância as zonas do metro de um dos polos da Universidade do Porto. A promessa é a de tornar o polo “mais habitável e seguro”.

A empresa afirma não ter “nada a acrescentar à situação” descrita ao JPN em setembro de 2016, altura em que explicou que os aparelhos estavam prontos e que demorariam no máximo dois dias a ser instalados. Até aqui, as datas combinadas não foram cumpridas.

Positive Blue tem plataforma em desenvolvimento

A empresa Positive Blue tem em desenvolvimento uma plataforma que permite aos cidadãos controlar os custos de água, gás e eletricidade. O projeto quer ainda permitir comparar os resultados com rankings de outras famílias com o mesmo agregado familiar e eletrodomésticos do mesmo género. Assim, o objetivo é promover comportamentos sustentáveis.

A empresa adiantou ao JPN que está a trabalhar com a EDP “para definir a arquitetura técnica do protótipo a desenvolver no contexto do Desafios Porto”.

O processo do “Desafios Porto”

Depois de analisados os 313 problemas apontados por cidadãos e as mais de 100 propostas de resolução sugeridas por empresas, foram selecionadas quatro. As propostas respondem a problemáticas de diferentes áreas: “Saúde e Bem-estar”, “Mobilidade e Ambiente”, “Cidade Digital” e “Energia”.

Para colocar as ideias em prática foram disponibilizados pela Câmara do Porto e pelos parceiros (EDP, NOS e CEIIA) 50 mil euros para cada projeto e ainda 12.500 euros para apoio de consultoria (Ernst & Young).

Este ano, a câmara do Porto vai promover um orçamento participativo. Sobre este e sobre uma possível segunda edição do “Desafios Porto”, a autarquia diz que “a seu tempo” anunciará “os projetos neste âmbito”.

A câmara aproveita também para realçar que a ideia “Desafios Porto” está a ser estudada enquanto modelo no projeto SmartImpact. A base do projeto pode servir para iniciativas conjuntas das cidades envolvidas no projeto europeu, que além do Porto, envolve cidades como Eindhoven, Estocolmo, Manchester e Dublin.

Artigo editado por Filipa Silva.