Cerca de 1300 estudantes de vários ciclos de estudo mostram, a partir desta quarta-feira e até sexta, os trabalhos académicos que têm vindo a desenvolver na universidade. As apresentações em posters e apresentações orais fazem parte da agenda marcada pela interdisciplinaridade. O Encontro de Investigação Jovem da Universidade do Porto (IJUP) está na sua décima edição e regista a participação de mais 500 alunos face a 2016.
Está instalado no Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, um autêntico espaço de demonstração e de troca de ideias sobre assuntos de diferentes áreas científicas. Desde o efeito do exercício físico no tratamento da doença de Alzheimer, passando por questões de regulação do acesso e utilização da Internet, até à vivência da sexualidade pelas pessoas encarceradas, o IJUP’17 destina-se a estudantes dos 1º e 2º ciclos.
No entanto, a participação está aberta a toda a comunidade académica da Universidade do Porto, o que inclui investigadores e docentes dos trabalhos submetidos.
Dos licenciados aos doutores, todos podem participar
No hall de entrada da Faculdade de Medicina vão ser expostos 170 posters que sintetizam os trabalhos de investigação que dão a conhecer os novos talentos da Universidade do Porto. O JPN foi conhecer alguns deles e saber o que os seus criadores pensam acerca deste tipo de iniciativa por parte da universidade.
O que motivou Raquel Sousa, estudante da licenciatura em Bioquímica do ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar) a participar neste evento foi apurar a capacidade de comunicar os seus próprios resultados, assim como conhecer os resultados dos seus colegas. No entanto, não esconde o receio de se esquecer de algo durante a apresentação.
Quando questionada acerca deste tipo de iniciativas, a estudante acredita no aproveitamento que pode retirar da experiência do IJUP. “No meu caso, como estou em licenciatura, acho que contactar com outras áreas é muito bom para conhecer as oportunidades e as investigações que existem. Também é bastante útil retermos novas ideias para a nossa própria investigação, acho que ajuda muito”.
Raquel Sousa afirma que não fez esta caminhada sozinha. Foi por parte dos docentes que tomou conhecimento deste evento e sentiu maior apoio para apresentar os resultados. “Senti bastante apoio dos meus professores, é a primeira vez que estou a participar neste evento, muita coisa desconhecia. A ajuda dos docentes foi essencial para a minha presença e prestação”, explica.
Apela aos estudantes da Universidade do Porto a, se tiverem oportunidade, participar deste tipo de eventos. É possível apresentar e debater resultados de várias áreas, ao mesmo tempo, que se combate algumas inseguranças. “Apesar de virmos muito nervosos, acho que é uma mais-valia para aprendermos a comunicar com outras pessoas”.
A multimédia pode ter arte
Ricardo Salazar, viciado em tecnologia, utiliza a programação para fazer arte. Depois de passar pela ESAD (Escola Superior de Artes e Design) e ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo), é atual estudante do mestrado de Design da Imagem da FBAUP (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto).
“Vim explicar a viagem como artista, na qual mistura o movimento corporal com o design e com a tecnologia multimédia. Sempre tive a necessidade de me levantar e de me mexer”, disse ao JPN. Na atual fase da sua carreira, pretende juntar o design com movimento e fazer com que as pessoas consigam pintar com o movimento dos corpos e não só com a caneta. Mesmo sendo um adepto fervoroso da tecnologia, obriga-se a si próprio a esquecer do portátil para desenhar manualmente.
Durante a apresentação exibiu trechos de folhas A5 com ilustrações manuais de boneco para mais tarde passá-los para 3D. Afirma que esse exercício é uma terapia que o ocupa nos tempos livres.
“Animação 3D é muito difícil de dominar, todos os dias enfrento desafios que não consigo resolver”, assume. No entanto, foi capaz de desenvolver dois jogos online, que fizeram crescer a necessidade de aprimorar capacidades ao nível da programação e do cálculo matemático por conta própria.
Hoje em dia, Ricardo continua a investir na formação no ramo artístico e pretende continuar a dar asas à imaginação. O investimento no ensino pode assim abrir horizontes e despertar novos interesses.
Os dez anos do IJUP continuam com a mesma fórmula da primeira edição: os estudantes apresentam publicamente os mais recentes projetos e artigos de investigação, perante uma plateia de colegas e docentes de todas as faculdades da UP, assim como empresas de vários setores.
Texto editado por Rita Neves Costa