O Terminal Intermodal de Campanhã foi prometido aos portuenses pelo Governo de Durão Barroso, em 2003. Catorze anos volvidos, o projeto vai finalmente ganhar vida. Vai ser anunciado amanhã o vencedor do concurso lançado pela Câmara Municipal do Porto em agosto do ano passado e revelado o conteúdo do projeto.

A conclusão da intermodalidade de Campanhã – que está já dotada de metro, comboio e autocarros – é crucial para a reabilitação desta zona e para a mobilidade da cidade do Porto no geral.

Um processo que durou 14 anos

O Terminal de Campanhã é fruto de um namoro antigo e nem sempre harmonioso entre a Câmara do Porto e o Governo. Em 2003, o Executivo de Durão Barroso assumiu o compromisso de financiar a construção da infraestrutura mas, até agora, não saiu do papel.

Em declarações ao JPN, o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos, lamentou o atraso na implementação do projeto, que se terá devido “à falta de vontade política para se virarem para a zona oriental da cidade”.

Em 2015, o então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho fechou com Rui Moreira o Acordo do Porto que, entre outras soluções importantes para a cidade, abriu as portas à construção do Terminal. Nesse acordo, ficou garantida a transferência de recursos para a autarquia e a cedência dos terrenos, ficando a obra a cargo da Câmara Municipal do Porto.

Apesar de o acordo ter sido selado, os trâmites para a sua concretização prática não ficaram concluídos com o anterior Governo. Já sob a liderança de António Costa, o Executivo homologou a decisão e o concurso público para a conceção do projeto foi aberto em agosto do ano passado. O vencedor, de uma lista com mais de vinte candidatos, vai ser finalmente conhecido esta sexta-feira.

Ernesto Santos sublinha o papel da Câmara Municipal do Porto enquanto impulsionadora do projeto: “Só com a grande boa-vontade do atual executivo da câmara é que uma obra destas pode, de facto, ser levada a cabo.”

“Toda a região Norte vai beneficiar”

A futura plataforma intermodal de Campanhã vai abranger os autocarros, os comboios urbanos e os de longo curso, o metro e os táxis, mas os seus objetivos ultrapassam em larga medida a fronteira dos transportes públicos. A obra vai ser edificada de forma a beneficiar da proximidade da Via de Cintura Interna e das autoestradas A1, A3 e A4 e vai incluir novas vias de acesso e lugares de estacionamento. Este plano vai permitir, por exemplo, atenuar os problemas de trânsito na Rua do Freixo e otimizar a mobilidade urbana portuense de maneira generalizada.

Ernesto Santos afirmou que o projeto vai permitir a requalificação da área e facilitar a movimentação da população local. “Por exemplo, vai possibilitar o alargamento da Rua de Bonjóia. Isso vai naturalmente beneficiar toda a população que, às vezes, tem muitas dificuldades ao passar por lá.”

No entanto, o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã defende que esta infraestrutura “tem um âmbito muito mais alargado” do que apenas a freguesia e que é uma “mais-valia para toda a gente, não só a que lá mora, mas a que lá tem de passar.” Para o responsável, “toda a região Norte vai beneficiar” do Terminal Intermodal de Campanhã.

Quando concluído – a previsão da autarquia aponta para 2019 -, o Terminal vai constituir um dos principais interfaces da rede de transportes da cidade do Porto. Uma futura plataforma no Hospital de S. João – juntamente com o Terminal de Campanhã e a já existente na Casa da Música – concluiria a tríade que fecha o anel de contorno da cidade do Porto.

O custo máximo da obra, incluída na Área de Reabilitação Urbana de Campanhã-Estação, está fixado nos 6,4 milhões de euros, de acordo com informação avançada pelo site oficial da câmara.

O projeto vencedor do Terminal Intermodal de Campanhã é apresentado esta sexta-feira, pelas 10h00, na empresa municipal GOP-Gestão de Obras Públicas.

Artigo editado por Filipa Silva.