Entre os dias 17 e 30 de abril, as cidades do Porto e de Lisboa abrem portas às artes visuais, performativas, cénicas e à música. A Bienal de Artes Contemporâneas (BoCA) fará a ponte entre diferentes áreas da arte e da cultura e com artistas nacionais e estrangeiros.

John Romão, diretor artístico do evento, diz que é esperada uma confluência de diferentes públicos num mesmo espaço, o que permite envolver e criar uma sinergia entre diferentes instituições, atendendo à ideia de cruzamento artístico. Nesta primeira edição da BoCA estão a ser co-produzidos 20 projetos de estreia mundial e 15 projetos de estreia nacional “sobre perspectivas e perante objetos artísticos diferentes, que se referem à criação de novos rituais e religiosidades”.

“Estes temas são apenas alguns elementos que desvendam a malha que começa a tecer-se na Bienal, que por várias interceções, cruzamentos e paradoxos dão corpo ao movimento que sente a essência cultural, social e politica”, afirma John Romão.

Depois de dois anos de preparação, a Bienal de Artes Contemporâneas pretende dar a conhecer novas obras e novos artistas um pouco por todo o território nacional. As cidades com expansão ao longo do ano são Braga, Castelo Branco, Viseu, Montemor-o-Novo, Ílhavo, Évora e Faro, sendo que outras cidades europeias estão em vista pela organização.

Dos quatro artistas residentes, dois são portugueses: Salomé Lamas e Musa Paradisíaca, e dois artistas estrangeiros: François Chaignaud e Tânia Bruguera.

Salomé Lamas, tem desenvolvido um corpo de trabalho destinado a salas de cinema, museus e galerias e procura diluir a fronteira entre o documentário e a ficção, interessada na relação intrínseca entre narrativa, memória e história. Para o BoCa traz a sua primeira criação de palco que estreia no Centro Cultural de Belém a 12 e 13 de abril: «Fata Morgana», uma paródia política.

Musa Paradisíaca, são uma dupla de artistas nacionais: Eduardo Guerra e Miguel Ferrão, que colaboram com o arquiteto Miguel Roxo e apresentam o projeto auto-proposto: Casa Animal, uma estrutura nómada de ferro, desmontável, que pode albergar aquilo que lá se quiser mostrar . Vai estar durante três semanas em Lisboa no Jardim do Palácio Pombal no Bairro Alto e depois nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto.

O terceiro artista residente é francês e chama-se François Chaignaud. Performer , coreógrafo e autor de diversificados trabalhos que evidenciam uma relação entre o campo e a dança.

O quarto e último artista residente é Tânia Bruguera, performer e artista, candidata à presidência de Cuba. Opera na interseção entre arte e vida, explorando o papel que o artista e a arte podem assumir na sociedade de hoje e nas estruturas políticas. As suas obras expõe os efeitos sociais das forças políticas e apresentam questões globais do poder: poder, migração, censura e repressão através de obras participativas que transformam o espectador em cidadão.

Para além da programação regular, estão planeadas outras atividades tais como conversas, debates, conferências e workshops. No primeiro dia da Bienal, Aram Bartholl e Tânia Bruguera vão conduzir uma aula de desenho do corpo humano (PAINT) em que os inscritos são desafiados a desenhar através do rato e do computador, com o intuito de exaltar o conceito que existem coisas que o digital não consegue fielmente representar.

A BoCA não quer responder a projetos que os artistas já têm em mente, mas sim servir de estímulo a novas obras, pensadas a partir do diálogo com eles e com as instituições associadas. A Bienal de Arte Contemporânea arranca dia 17 de março e termina a 30 de abril no Porto e em Lisboa. A programação vai ser expandida ao longo do país e a outras cidades europeias entre 2017 e 2018.

Texto editado por Rita Neves Costa