“Eu não vejo é pessoas a plantar o resto!” Foi em tom de brincadeira que Rui Moreira incentivou os presentes a plantarem uma árvore, seguindo o gesto do autarca.

A plantação de 800 árvores em três hectares do nó do Regado, no Carvalhido, arrancou esta quarta-feira e vai prolongar-se ao longo da semana. Ao todo, serão 10 mil árvores plantadas, o que corresponde a 17 hectares de área útil. Esta iniciativa tem como objetivo rearborizar vários pontos no Porto e criar “biospots”, locais urbanos aproveitados para a plantação de espécies autóctones. As zonas escolhidas são vários nós da VCI, as “orelhas da autoestrada”, na visão de Rui Moreira. O presidente da câmara falou na construção de um “parque da cidade” em várias zonas que “não são acessíveis, mas são visíveis”.

A iniciativa “está pensada há pelo menos um ano”, afirma Conceição Almeida, do FUTURO – projeto 100.000 árvores, no qual a iniciativa está enquadrada.  Ao longo do processo, foram estabelecidas parcerias entre a Câmara Municipal do Porto (CMP) e a Infraestruturas de Portugal (IP). Através do Viveiro Municipal do Porto, a câmara disponibiliza as árvores. O papel da IP é disponibilizar os terrenos e as equipas que plantam e fazem manutenção. “A câmara dá-nos as árvores e um projeto, e nós fazemos todo o trabalho de plantação”, explica Carlos Fernandes, vice-presidente da IP.

Quanto ao orçamento, Filipe Araújo, vereador do Ambiente, afirma que não há uma estrutura financeira definida. Estão a ser utilizados recursos já existentes e as árvores plantadas vêm do próprio município.

O “biospot” do nó do Regado é considerado a “zona piloto” que vai servir de ensaio às outras. A escolha do local prende-se com a valorização de áreas abandonadas. “Quando a VCI foi construída, a necessidade de criar estas ‘orelhas’ causou um impacto muito negativo e agora estamos a transformá-lo em positivo”, explica Rui Moreira. Para o presidente, esta ação vai auxiliar a Infrastruturas de Portugal na manutenção destes espaços ao reduzir a necessidade de limpeza. No fundo, um “estímulo a uma economia verde”.

Os impactos ambientais

Filipe Araújo, vereador do Ambiente, declara que o Porto é uma cidade muito verde, contudo reconhece que ainda há muito a fazer. “Podemos construir bosques urbanos e temos o grande proveito daquilo que as árvores nos podem dar”, afirma o responsável. O vereador reconhece os aspetos paisagísticos como o de “ver a folha caduca e, portanto, perceber que estão as estações a mudar”. Enaltece ainda os impactos ambientais, como a diminuição das escorrências das águas para as redes pluviais e a redução da poluição através da captação de dióxido de carbono pelas árvores. “Daqui a uns anos vamos ter um bosque aqui, o que é fantástico”, remata o vereador.

Quanto aos impactos negativos, Conceição Almeida reconhece que “nada é perfeito” mas que o desenho procurou limitar esses impactos. Por exemplo, garantiu-se uma distância de segurança para prevenir uma possível queda das árvores para a via. O vice-presidente da Infrastruturas de Portugal concorda que os impactos negativos são reduzidos, visto que as plantações estarão concentradas na zona interior.

O desenho do projeto partiu de uma lista de espécies disponíveis. “Tentou conjugar-se as existentes com o que viria a ser plantado no futuro”, explica João Almeida. O arquiteto paisagista realça a importância da diversidade, tanto de cor, como de formas, “que potencia o aumento da biodiversidade” nestas áreas. No entanto, o “bosque urbano” só será visível daqui a algum tempo. “Daqui a 15 anos. Dez anos, vá lá”, finaliza João Almeida.

O primeiro nó da VCI começou a ser plantado esta quarta-feira. Este projeto está integrado no programa da autarquia Florestas Urbanas Nativas do Porto (FUN Porto), projeto promovido pelo município e enquadrado no FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto.