Esta quinta-feira, o salão nobre da Reitoria da Universidade do Porto celebrou os dez anos da exposição “Depósito- anotações sobre densidade e conhecimento”. A sessão contou com vários artistas e representantes dos museus da academia que participaram no projeto em 2007.

Sob coordenação da arquiteta Inês Moreira, surgiu a ideia de marcar a data com o relançamento do catálogo que reúne o registo fotográfico da exposição. Um projeto que surgiu “com um interesse científico e cultural” e pretendeu “produzir conhecimento, ao mesmo tempo que comunica com um público mais alargado”, explicou ao JPN.

Durante um ano de levantamento e seleção dos espólios dos museus da Universidade do Porto, reuniram-se 570 peças que se juntaram a criações artísticas inéditas e performances únicas, e resultaram naquele que foi “o primeiro grande ato público na Reitoria”, abrindo as portas da academia à cidade.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, felicitou a iniciativa da arquiteta e considerou notável o papel da coleção. “É bom que a cidade recorde e mantenha uma exposição tão viva”, admitiu.

“O professor Paulo era um agregador de pessoas”

Eduardo Oliveira, professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, foi um dos convidados da sessão, que recordou “com muita nostalgia” a sua performance desportiva na exposição de 2007. O docente participou numa prova de esforço físico com o cicloergómetro (bicicleta estática) que permite avaliar a resistência física.

Para Eduardo, esta experiência permitiu conhecer muitas pessoas de diversas áreas, especialmente o curador Paulo Cunha e Silva. “O professor Paulo era um agregador de pessoas”, afirmou. O autarca, Rui Moreira, lembrou o entusiasmo do organizador com a exposição e não deixou de referir: “Esta também era a casa do Paulo, a Universidade do Porto”.

No encontro estiveram presentes alguns dos artistas e museólogos que contribuíram para a depósito. Foi altura de partilharem as suas experiências e reviverem a iniciativa. “Foi uma forma de celebração de um projeto que correu bem e do qual nos orgulhamos, e obviamente que é também uma homenagem ao professor Paulo, com quem trabalhamos na exposição”, destacou Inês Moreira. Paulo Cunha e Silva, curador da exposição, responsável por todo o plano, e vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, faleceu em novembro de 2015.

O salão nobre ouviu as memórias de alguns convidados.

O salão nobre ouviu as memórias de alguns convidados. Foto: Inês de Castro

“Era fantástico voltar a fazer uma coisa com o mesmo espírito”

Marta de Menezes foi a ponte entre a arte e a ciência na exposição. “Foi um dos projetos que mais me marcou”, admitiu a responsável pela simulação de ecossistemas naturais, e defendeu a recriação de projetos semelhantes, que não deixassem cair no esquecimento a visão de Paulo Cunha e Silva. “Acho que aquilo que ele também queria era que esse modelo de pensar conhecimento fosse uma coisa dinâmica, uma coisa que se recria permanentemente em termos de significado”.

Susana Medina, do museu de Engenharia da FEUP, também se mostrou recetiva a um novo desafio do género e considerou ainda que “a exposição do depósito foi uma chamada de atenção para o património em depósito oculto e desconhecido do grande público e ao mesmo tempo uma interpolação à comunidade académica e cidadãos”.

A opinião dos presentes foi unânime na importância deste projeto e na forma como inspirou e continua a influenciar museólogos e investigadores de várias áreas do conhecimento. Foi uma rampa de lançamento para trabalhos de investigação de qualidade sobre as coleções da Universidade do Porto e constituiu um marco no caminho para o diálogo e convergência entre as várias escolas da academia.

Artigo editado por Rita Neves Costa