Filipe Pereira e João Carneiro são os impulsionadores e criadores da plataforma que agrupa e permite o acesso a toda a informação referente ao vírus ébola, de forma gratuita.
Em declarações ao JPN, Filipe Pereira explicou que a base de dados tem como objetivo “organizar, explicar e facilitar” o acesso dos cientistas ou especialistas da indústria farmacêutica à informação sobre os “métodos de diagnóstico para detetar o vírus numa amostra de uma pessoa” ou sobre “os fármacos antivirais, que têm como objetivo inibir a multiplicação do vírus no organismo”. Na prática, a ferramenta permite ajudar as pessoas que fazem os métodos, para que o processo se desenvolva o mais rapidamente possível.
CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental
O CIIMAR é uma organização de “investigação e formação avançada organizada pela Universidade do Porto”, segundo o site oficial da instituição.
Tem como objetivo desenvolver pesquisas de qualidade, “promover o desenvolvimento tecnológico” e “apoiar políticas públicas na área de Ciências Marinhas e Ambientais”.
Porquê o vírus ébola?
Quando questionado sobre o porquê de uma ferramenta ligada ao vírus ébola e não outro, Filipe Pereira explicou que a ideia surgiu durante a criação de uma base de dados com características muito idênticas, mas sobre o vírus responsável pela SIDA. Foi nessa altura que surgiu o último surto de ébola, e “tendo em conta a relevância e a gravidade do surto”, os investigadores acharam pertinente fazer o mesmo para este vírus, em paralelo com a plataforma para o HIV que também já está disponível, segundo o investigador.
O grave surto de ébola que vitimou mais de 12 mil pessoas em África, entre 2013 e 2016, já está controlado desde meados do ano passado. No entanto, para o investigador ainda faz sentido lançar a plataforma: “Este vírus foi identificado em 1976 pela primeira vez, e desde lá já tivemos mais de 20 surtos (…) e infelizmente é de esperar que a qualquer momento surja um novo”, disse. Assim, com toda a informação reunida, pode-se “desenhar métodos que aumentem um bocadinho a probabilidade de ter sucesso em futuros surtos, que infelizmente podem acontecer, pois o vírus continua lá”.
“O nosso objetivo é fazer ciência”
A plataforma é de acesso gratuito e está disponível para quem a quiser utilizar, sem restrições. Não ter de se pagar para aceder à informação, prende-se com o facto de o objetivo ser “fazer ciência e ajudar, nem que seja um bocadinho, o combate a estas doenças”. “Não temos uma visão empresarial das coisas”, explica Filipe Pereira.
Para além disso, a investigação é realizada em institutos públicos, que são financiados por agências públicas e que utilizam os impostos das pessoas e, por isso, diz Filipe ao JPN: “Era um bocadinho estranho estar a fazer a investigação dessa forma e depois estar a cobrar dinheiro aos meus colegas cientistas para que eles pudessem aceder à informação” que foi, em várias situações, “retirada de outro sítio, e apenas organizada”.
“EbolaID Database Project” pode ser acedido por todos e sem qualquer custo.
Artigo editado por Rita Neves Costa