“Tibete, na sombra do teto do Mundo” é o nome da exposição fotográfica de Carlos Brum Melo patente na Reitoria da Universidade do Porto. A apresentação foi esta segunda-feira e o JPN esteve à conversa com o autor da exposição em que foram discutidos vários temas.

O tema central da exposição é a região do Tibete, visitada por Carlos e pela esposa em 2015. A diferença entre a realidade portuguesa e a realidade tibetana é um dos primeiros fatores em destaque, nomeadamente a inquietação que os visitantes observam devido aos condicionalismos políticos de que a região é alvo por parte da República Popular da China.

Carlos Brum Melo é licenciado em Direito e tem um mestrado em Relações Internacionais, sendo atualmente jurista na Secção Regional dos Açores do Tribunal de Contas. A paixão pela fotografia começou cedo, no entanto só se focou nesta área após ter o percurso académico terminado na área do Direito.

Entre os territórios visitados, destacam-se, além do Nepal, Tibete e Nicarágua, passagens pelo Japão, Tailândia e Finlândia. Carlos Brum Melo foi premiado em 2016 no LabJovem: Concurso de jovens criadores da RAA // LABseleccionado // Fotografia // Tríptico “luz vs.sombra” (Marrocos).

Sem falar em repressão, o fotógrafo destaca as restrições para entrar naquela região e a vigilância realizada pelas autoridades chinesas de todas as formas de expressão e dos movimentos. Dá como exemplos mais concretos o facto de que para entrar no Tibete, “é necessário entrar integrado num grupo com sede na China ou na região do Tibete, caso contrário não é possível entrar” e que “todos os movimentos são controlados”.

Carlos Brum Melo deu dois exemplos: “No trajeto entre Lhasa, Rongbuk e Lhasa, passámos [o fotógrafo e a esposa] por cerca de 60 postos de controlo militares/policiais. Nesses postos verificaram as nossas identidades e destino. Não podíamos sair fora do percurso, nem dos tempos previamente definidos”.

Para o mundo ocidental, Tibete é sinónimo de Dalai Lama. Carlos Melo refere que, embora o líder religioso seja entendido Ocidente como o representante máximo do Tibete no Ocidente, ele é apenas o líder de uma das várias sects (escolas) do budismo tibetano. O fotógrafo avança que é proibido entrar naquele território com imagens ou livros sobre o Dalai Lama.

Além do Tibete, Carlos Melo já passou por diversos territórios, entre os quais o Nicarágua e o Nepal. O trabalho que realizou neste último país foi logo após os terramotos que abalaram o Nepal em 2015. O objetivo deste trabalho foi “demonstrar como o povo nepalês procurou, de forma criativa, superar a dimensão trágica que é assistir a dois terramotos que devastaram por completo aquele país”.

Tibete é uma região da Ásia considerada pela China como sua região autónoma. Porém, a causa da independência do Tibete tem sido muito discutida no seio da comunidade internacional.

A “Administração Central Tibetana” encabeçada por Dalai Lama que se opõe à ocupação chinesa é considerada como um “governo em exílio”, já que o seu líder está também há vários anos exilado na Índia.

O fotógrafo esteve lá para entregar material escolar numa escola nicaraguense e referiu que a ação foi muito “gratificante”. “Ficamos com a perceção de que aqueles lápis, que para nós são muito simples e que nos basta ir ao supermercado, faz uma diferença”, disse ainda o autor da exposição.

Em relação a destinos futuros, Carlos não avança com uma confirmação, afirma apenas que poderá ser um destino asiático. Em conjunto com a sua esposa, Carlos tem também um projeto intitulado o “Viajário Ilustrado“, um blogue que está nomeado na categoria de Melhor Blogue de Fotografia de Viagens nos Blogger Travel Awards 2017 da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).

Artigo editado por Rita Neves Costa